TOP (Big Bang)

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O vento não é mais tão forte quanto á meia hora atrás, mas mesmo assim, ainda preciso usar o colarinho do sobretudo para proteger meu rosto do frio. Há uma camada de neblina espessa que dificulta a minha visão e felizmente não é algo que me preocupe tanto.

Assim que avisto aquela pequena casa no fim da rua, meu relógio marca a meia noite. Eu sei, já é tarde para procurar alguém, mas talvez seja a minha última chance de vê-la.

Há alguns meses recebi a primeira chamada para a listagem do exército. Eu devo partir amanhã bem cedo e a essa hora já deveria estar dormindo. Dois anos. Dois longos anos servindo o exército até poder voltar para casa com a certeza de dever cumprido. E não importa o motivo, eu seria uma vergonha para minha família se não estivesse ao lado do meu país.

Ao que me aproximo, paro cuidadosamente ao lado da grande árvore que, por causa do extremo frio do inverno, acabou congelada. Analiso um pouco o movimento. Nenhum barulho, ninguém acordado. Meu alvo é segunda janela da direita, totalmente fechada, porém com uma leve iluminação vindo de dentro do quarto.

Junto algumas pequenas pedras espalhadas pela grama molhada e atiro com cuidado no vidro. Poucos segundos depois a luz é acesa e ela aparece sonolenta, apertando as mãos nos olhos.

- Você me assustou.- ela disse, sua voz entregando a curiosidade e estranhamento.- O que faz aqui á essa hora?

- Eu precisava te ver.- confessei então fiz um jeito com a cabeça para que ela descesse.

Foram longos três minutos até ela abrir a porta da frente e me encontrar ali debaixo daquela árvore. Notei a marca levemente roxa em sua perna esquerda, onde a malha do short terminava. Ela não estava agasalhada, esfregava as mãos nos braços com a intenção de se aquecer mas não era o suficiente.

Tirei o sobretudo e o coloquei sobre seus ombros. Eu ainda tinha uma blusa de frio por baixo, o suficiente para não congelar aqui fora.

- O que é isso?- perguntei, me referindo ao hematoma em sua perna.

- Bati no sofá quando estava descendo. É difícil enxergar durante a noite. Ainda mais sem meus óculos.- contou. Eu havia me esquecido desse pequeno detalhe.- Mas o que está fazendo aqui?

- Já falei. Eu vim te ver.

- Já passa da meia noite. Não podia esperar até amanhã?

- Estou indo amanhã, então não tenho mais tempo. Esqueceu?- a relembrei, me arrependendo do mesmo quando seus olhos começaram a marejar.

- Na verdade, não esqueci. Só gosto de pensar que sim.

- São só dois anos. E além do mais, você é muito nova, nós..... nós não podemos ficar juntos ainda.

- Você realmente pensa assim? Só.... dois anos? Olha, eu não sei você mas pra mim isso é uma eternidade.- ela resmungou, virando o rosto.

- É tempo o suficiente para que você possa completar os dezenove anos. Eu só preciso que você espere um pouco, por favor.- toquei seu rosto, o inclinando para que eu pudesse vê-la melhor.- Consegue esperar por mim? Por nós?

A resposta demorou a vir. Seus olhos, mesmo resistentes, me analisaram um pouco antes de falar qualquer coisa.

- Eu consigo. Mas como eu vou ter certeza de que você não vai me esquecer daqui a alguns meses?- ela disse, me fazendo rir, sem acreditar no que estava ouvindo.

- Você acha mesmo que eu sou capaz de te esquecer?- sorri, irônico.- Isso é brincadeira, não?

- Não.- ela murmurou então cruzou os braços e virou a cabeça, dessa vez para que eu não visse as lágrimas que corriam de seus olhos.

Seguro seu rosto com as duas mãos e limpo suas lágrimas. Ela não quer abrir os olhos, não quer me encarar de volta e eu só queria amenizar as coisas, voltar ao que era quando começamos.

Era tão difícil assim acreditar em um homem apaixonado?

Respiro fundo, sentido um certo medo tomar meu corpo ao que aproximo meu rosto do dela, ainda com certo receio.

Posso parecer um garotinho que nunca beijou ninguém, mas em parte é verdade. Por mais tempo que tivéssemos passado juntos, nunca tivemos esse tipo de contato. Coisas assim são muito íntimas. Pelo menos para mim.

Sinto sua mão apertar minha blusa quando fecha os olhos. Foi o que me fez acordar pra vida e então beijá-la. Um simples e puro toque de lábios que não foi além de seis ou sete segundos.

- Como eu poderia me esquecer da única coisa que ocupa a minha mente dia e noite?- sussurro contra seus lábios, vendo a menor se afastar logo em seguida apenas para me apertar em um abraço.

E foi aí que ela não se segurou mais, molhando minha camisa em pouco tempo. As lágrimas quentes escorriam por seu rosto sem dó.

Me inclinei para pegar a caixinha preta dentro do bolso de meu sobretudo. O pequeno anel de ouro, herança de família, era a única coisa que brilhava mais que as estrelas naquela noite.

- Quero que fique com ele. Eu vou voltar o mais rápido possível, e se ainda estiver usando, vou ter certeza de que não se apaixonou por outro.- brinquei, recebendo um leve soco no ombro. Okay, não tão leve.

- Vou sentir sua falta.

- Eu sei. Também vou sentir a sua. Prometo escrever todos os dias. Ou tentar. Mesmo não estando aqui, não vou te deixar sozinha.

- Promete?

- Eu prometo.





Nina_Almeida_ desculpa a demora, mas tá aí, espero que tenha gostado.

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