Vernon (Seventeen)

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Meus olhos ardem devido às lágrimas que já deixei cair hoje. É bem provável que eu esteja parecendo um filhote de panda pelo rímel borrado em meu rosto. Eu devia jogar fora essa porcaria. Ou talvez comprar um á prova d'água.

O fato é que não aguento mais morar com meu padrasto. Depois que minha mãe morreu as coisas têm piorado a cada dia. Nunca pensei que Lee Jung Han fosse o tipo de homem falso, agressivo e sujo. Sua máscara caiu quando o caixão de Sandara foi fechado e depois disso seu ódio caiu sobre mim. Eu só via esse tipo de coisa acontecer na televisão, em filmes, mas nunca imaginei que poderia passar por algo igual.

Hoje eu, mais uma vez, tive que aguenta-lo bêbado e descontrolado, fazendo de tudo para ignorar os gritos e as inúmeras palavras de ódio direcionadas á mim. E agora estou aqui... deitada em minha cama, observando o teto branco meio borrado pelas lágrimas que ainda se acumulam em meus olhos. Não escuto mais seus gritos.

A chuva não parar de cair. Muito pelo contrário, ela só aumenta a cada minuto e o frio que está fazendo lá fora é inexplicável. Só fica assim quando neva mas parece que o clima resolveu se vingar dos loucos que reclamam demais.

E falando em loucos.....

Ouço alguém bater em minha janela e logo encontro um Hansol todo encharcado e com um sorriso engraçado no rosto.

O que ele está fazendo fora de casa com essa chuva horrível eu não sei.

- Você por acaso é maluco? Quer morrer de pneumonia?- corri para abrir a janela e o puxei para dentro do quarto.- O que tá fazendo aqui?

Seu moletom verde não impedia em nada que as gotas grossas de chuva o atingissem. O cabelo preto agora se encontrava molhado e um pouco de tinta escorria do mesmo, indicando que havia o pintado a pouco tempo.

- Eu vim te ver.- ele respondeu, simples e calmo.

- Não podia ter esperado essa chuva passar? Vai ser um milagre se você não pegar uma gripe agora.- o repreendi, procurando uma toalha nas gavetas para que se secasse logo.

- Eu não ligo. Você está bem?

- Claro que sim, por que a pergunta?- questionei, lhe entregando a toalha, vendo o garoto se secar logo.

Não sei como aguenta essa frio todo.

- Eu liguei pra cá um pouco mais cedo e alguém atendeu mas não disse nada. Eu continuei na linha e acabei ouvindo a discussão. Sinto muito.- ele confessou e eu tive que abaixar a cabeça. Não conseguia manter contato visual depois disso.- Hey, olha aqui. Você não tem culpa de nada. Ele.... ele é só um bêbado idiota que.... não sabe como reagir á dor da perda.

- Eu sei.- suspirei, finalmente voltando á encará-lo.- Mas eu não tenho coragem de denunciar. O que pode acontecer comigo se não acreditarem na minha história? Ele me mata. E eu nem posso fugir. Não tenho pra onde ir.

- É por isso que eu estou aqui.- Hansol levou uma de suas mãos até meu queixo, erguendo meu rosto na altura do seu. Seus olhos pareciam desenhar cada pequeno detalhe do mesmo, me deixando envergonhada.- Vem comigo. Vamos sair daqui, viver em um lugar longe de tudo isso. Uma vida boa, finalmente. Só eu e você.

- Qualquer lugar com você pode ser considerado bom. Agora. Este quarto... se tornou o melhor lugar do mundo desde o momento em que colocou os pés aqui. Mas... as coisas não são assim. Não é só.... fugir pra longe daqui. Nossa vida não é como um filme.- recuei, tentando me afastar, mas Hansol foi mais rápido e tomou minha mão, me colocando contra a parede. Seu rosto ficou á centímetros do meu então tive que me desviar um tanto para o lado.

- Não faz assim. Você sabe que eu sou louco por você. Sabe que eu daria a minha vida pela sua. Vamos..... nós faremos isso dar certo. Não acredita?

- É claro que acredito. Mas...

- Sem "mas".- me cortou.- Você pertence a mim, eu pertenço a você. Só Deus sabe...

- Vernon.....- sussurrei ao que o garoto teimava em quebrar ainda mais a distância entre nós dois.

- Vem comigo....- então os centímetros se tornaram milímetros, até que nada mais nos distanciava, e seus lábios finalmente tocaram os meus, lentamente e intensamente. Foi impossível controlar a emoção naquele momento. Era isso que ele fazia comigo, o que causava em mim. Aquela corrente elétrica percorreu meu corpo da cabeça aos pés pelo mais simples toque. E ao sentir o oxigênio indo embora, me afastei rapidamente, o abraçando logo em seguida.

- Me leve para longe daqui.

~ Imagines Kpop ~Onde histórias criam vida. Descubra agora