~ Imagines Kpop ~

The8 (Seventeen)

Hoje as estrelas estão bem visíveis no céu de Seul. Até ontem a neblina era a única coisa que se via nas ruas. As nuvens escondiam o sol pelo dia e os astros pela noite. Tudo isso por causa do frio. Aliás, muito frio. 

Agora, deitada na pequena cama improvisada no chão, a vidraça do sótão me proporciona uma bela visão das constelações. Tal paixão vem da infância, mas não me recordo de muitas coisas. A breve lembrança de uma estrela cadente correndo pelo céu me vem a mente, libertando o primeiro sorriso do dia. 

Eu costumava ter uma vida até razoável. Minha família sempre viveu em paz, sem brigas. Fui uma criança saudável na maior parte do tempo, mal ficava doente. Não faltava comida em casa. E eu tenho um amigo. Minghao, um garoto chinês que passou boa parte da infância aqui na Coreia. 

Basicamente, crescemos juntos por conta dos nossos pais que sempre foram muito amigos. Com o tempo, ao que fomos adquirindo idade, as coisas mudaram. O clima entre nós dois não era mais o mesmo, por mais que tentássemos. Um pouquinho depois eu fui entender o que havia desaparecido. 

A tal da inocência. 

E o que não devia ter acontecido, aconteceu mais rápido do que eu planejava. Em pouco tempo eu me vi gostando de Minghao. O mais incrível é a capacidade humana de criar afeto tão rapidamente. E de forma tão intensa. Eu quis contar. Juro que tentei. Mas Minghao foi embora. Sua família o levou de volta para a China com o objetivo de terminar os estudos. Eles diziam que o filho não conseguia se focar tanto quanto antes. 

E bom, aqui estamos hoje. Sobrevivendo de ligações, chamadas de vídeo, até mesmo de correspondências. 

Ao que o silêncio engole totalmente o espaço, meu celular começa a vibrar ao lado dos travesseiros. O susto é inevitável. 

MingHao

11:11 

Faça um pedido. 

E antes que eu pudesse digitar algo de volta, ele me liga. Atendo no terceiro toque devido á confusão com o cobertor.

- Ligações como essas não são meio caras? Estão ficando frequentes.- digo, ouvindo sua risada logo em seguida.

"Não se preocupe com isso. E se estão frequentes é porque sinto a sua falta." ele diz, então sinto meu coração se apertar. 

- Você podia usar o Skype. É de graça. 

"A qualidade da ligação não é boa. E estando longe agora, a única forma de me sentir mais próximo de você é ouvindo sua voz." se ele estivesse aqui eu jogaria o telefone em sua cara pra aprender a não acelerar o meu coração. 

- Aish, sinceramente... não diga essas coisas, seu bastardo. 

"Por que não?" ele ri. 

Que dissimulado. 

- Porque você nem ao menos está aqui. Isso me faz querer te ver mais ainda. Idiota. 

"Aish! É assim que se fala com alguém que não vê a muito tempo?"

- Sim. E além do mais, não estamos nos vendo ainda. Só posso escutar sua voz.- abraço minhas pernas em uma tentativa falha de não me sentir sozinha. 

"Quer saber? Não vamos discutir sobre isso. Me conte, como estão as coisas aí em Seul?" 

- O mesmo de sempre. Tudo parado. Pensei que quando voltasse a estudar poderia ter uma emoção a mais. Eu estava errado. Preferia voltar ao tédio das férias.- suspirei, aquilo era realmente uma droga.