Richard

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   - Hey, senti a sua falta do meu lado hoje - Ally comentou, enquanto saíamos da sala após a aula do Sr. Donovan terminar.

   - Também senti a sua, Ally. Mas, de qualquer forma, não é como se você não tivesse passado três meses sem me ter ao seu lado - disse, tomando o corredor e andando até os armários, as paredes cor de creme e os inúmeros alunos nos rodeando.  

   - Mesmo assim. Agora que voltou devíamos ficar juntas. Você não sabe o quanto foi difícil aturar Verônica sem você. Durante vários momentos, pensei em assassiná-la brutalmente, mas achei que ficaria chateada quando voltasse e descobrisse que aquela peste estava morta  - contou, arrancando-me uma risada. Eu sabia o quão irritante Vero conseguia ser quando queria. - Se bem que eu poderia acabar sendo presa por isso, e isso não seria nada legal - Ally pareceu refletir à medida em que eu parava em frente ao meu armário e me ocupava em inserir a senha na tranca repleta de números (N/A sempre quis ter um desses, mas só recebi um armário no 2º E.M. e ele não tinha nem cadeado :/  ).

   - Pense pelo lado bom, Ally. Você poderia acabar caindo em uma cadeia junto com alguma Alex Vause da vida.

   - Oh, claro - soou irônica. - Isso seria mesmo maravilhoso se não fosse o pequeno, porém importantíssimo detalhe, de eu ser hétero, não é mesmo? - Arqueou a sobrancelha, me fazendo rir outra vez.

   - A culpa não é minha se você não sabe o que é bom, pequena - Tranquei o armário. - Nos vemos depois - despedi-me antes de seguir caminho. Agora, eu só teria aula com Allyson novamente no sexto período.


   - Bom, pelo menos, ela é gostosa - Vero tentou me animar para as aulas que teria com Cabello. Eu havia contado tudo para as meninas durante o intervalo. No momento, estávamos as três saindo da escola após termos tidos a aula de matemática juntas. - Quem sabe você não consegue dar uns "pega" nela?

   - Essa é a ideia, querida - Pisquei para ela, já avistando de longe Camila sentada em um dos bancos de madeira ao arredor do estacionamento.

   - Você nem sabe se ela gosta dessas coisas, Laur - Ally falou. - E mesmo se gostar, cuidado para não machucá-la. Apesar de nunca ter falado com ela, Camila parece alguém muito legal para ter o coração quebrado.

   - Céus, Ally. Você fala como se eu fosse tirar a virgindade dela, pedi-la em casamento e depois largá-la no altar milagrosamente grávida de oito meses de um filho meu. Eu só vou estudar com ela, e se rolar algo como um beijo, rolou. E, se isso te acalma, Camila tem a maior cara de hétero possível, acho que nem se eu fosse a Angelina Jolie ela me pegaria - Fui sincera.

   - Bom, você pode não ser a Angelina Jolie, mas o Brad Pitt ali está te olhando - Vero disse, discretamente apontando para Camila, que me encarava sem desviar o olhar.

   - Vou levá-la para casa comigo - expliquei com um sorriso cafajeste.

   - Nossa, Laur - Verônica colocou a mão no peito, fingindo estar chocada. - Nem um encontro antes? - perguntou, fazendo-me gargalhar.

   - Deus, vocês são impossíveis - Allyson rolou os olhos. - Às vezes, me pergunto por que somos amigas.

    Ainda rindo, puxei Ally para perto e a abracei de lado.

   - Também te amo, AllyCat - Dei uma piscadela para ela. - Nos falamos mais tarde, tenho que ir.

   - Até mais, Laur - elas responderam em únissono, enquanto eu caminhava até Camila.

   - E aí? Pronta para irmos?

   Dando-me um pequeno sorriso, Cabello anuiu, levantando-se do banco.
 
   - Já liguei para os meus pais avisando que vou almoçar na sua casa - contou, sendo guiada por mim até o carro. - Eles agradeceram por sua gentileza.

   - Não foi nada de mais - Tentei ser educada como mamãe ensinou.

   Durante todo o trajeto até minha casa, Camila e eu trocamos algumas palavras. Eu perguntava sobre o que ela tinha achado da escola, se sua família estava bem, essas coisas típicas de quem não sabe puxar assunto.

   - Chegamos - Praticamente saltei do carro, estava morrendo de fome. - Clara!!! - Abri a porta já gritando, arremessando a minha mochila no sofá.

   - Já falei para você não ficar gritando que nem uma vendedora de melancia, Laur... - minha mãe veio brigando da cozinha, uma expressão de bunda enfeitando-lhe o rosto. - Camila! - Ela desfez a carranca e sorriu vendo a garota parada ao meu lado. - Que bom te ver de novo!

   - Camila vai almoçar aqui - informei.

   - Oh, tudo bem. Eu não fiz nada demais para o almoço, mas espero que goste.

   - Tudo bem, senhora Jauregui - Camila sorriu gentil. Como ela conseguia ser gentil com aquela bruxa??? - Não precisa ser nada demais, tenho certeza que vou amar qualquer coisa.

   - E eu também, mamãe. Obrigada, por perguntar - falei em tom debochado, antes de virar-me para Camila. - Vou subir e trocar de roupa, já volto para comermos, sinta-se a vontade.

   - Okay, obrigada - agradeceu-me sorrindo, ajeitando os óculos de maneira adorável.

   Devolvendo-lhe o sorriso quase sem perceber, subi as escadas até o meu quarto, onde tratei de vestir um short jeans e uma regata larga confortável. Estava quase saindo do quarto quando vi meu celular tocando; o nome piscando na tela fez meu coração gelar instantaneamente. Richard.

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