Medo

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Olá, pessoas, tudo bem? Estou de volta com mais um capítulo, porém antes de ir à leitura tenho que esclarecer algumas coisas.

Essa foi a minha atualização mais demorada até agora e, infelizmente, não sei se será a única.

Nessa semana passada, como todos sabem, tivemos o SISU, e eu, como concorrente a uma das vagas, simplesmente tive um ataque de ansiedade que aniquilou toda a minha criatividade e vontade de escrever, o que resultou nessa demora.

Graças ao bom Senhor, eu consegui passar na faculdade que queria, e agora tenho que resolver questões sobre minha matricula e ajeitar tudo para a mudança de estado. Devido a tudo isso, não garanto quando a próxima atualização irá sair, pode ser amanhã, semana que vem ou mês que vem, espero que compreendam.

Dito isso, vamos à leitura.



Camila

  
   Com os olhos fechados e totalmente entregue, apreciei o sabor da boca de Lauren sobre a minha. Nossos lábios dançavam de forma lenta e calma, nós não tínhamos pressa, apenas queríamos aproveitar cada toque, cada sensação, cada gosto.

   Eu não sabia se o fato de estar gostando de ser beijada pela garota que me tocava com tamanha delicadeza e cuidado me tornava lésbica, bissexual ou laurensexual. O que eu sabia, é que não existia no mundo mais nada que eu gostaria de estar fazendo nesse momento e, por ora, isso era mais do que o suficiente para mim.

   Sentindo a língua hesitante de Lauren pedir passagem ao mesmo tempo em que ela trazia uma de suas mãos a minha nuca, resolvi não me fazer de rogada e cedi, permitindo que sua língua fosse de encontro a minha, no que eu poderia considerar como sendo o beijo mais intenso da minha vida.

   Não importa se soa clichê, mas o encaixe de nossas bocas era realmente perfeito. O leve relar das pontas de seus dedos em minha bochecha fazia eu me arrepiar por completa e questionar se, afinal de contas, era para isso que eles haviam sido criados: para me dar prazer.

   Com o ar começando a faltar, eu me separei de Lauren aos poucos, ajeitando meus óculos e encostando nossas testas de maneira carinhosa.

   - Lauren... - comecei, sem saber muito bem o que dizer.

   - Sim?

   - Prometa-me que tudo ficará bem e nada de ruim vai acontecer com você - pedi, abrindo meus olhos e dando de cara com seus orbes verdes. Aquele era o olhar mais lindo que eu já havia visto. Levando minha mão até o seu rosto, eu o acariciei. - Por favor - praticamente implorei. Eu provavelmente não sei explicar quando e nem o porquê dessa preocupação toda com Lauren ter nascido em mim, só sei que a simples ideia de vê-la ferida, de tê-la tirada de mim, doía mais do que qualquer agressão física.

   Erguendo um dos cantos da boca em um meio sorriso, Lauren fechou os olhos e esfregou o nariz no meu em um beijo de esquimó.

   Sorrindo abobalhada com o ato um tanto quanto infantil, porém nojentamente fofo, a observei abrir os olhos e me encarar com... Pesar?

   - Sinto muito, Camz. Mas eu não posso prometer isso.

   Com a garganta apertando e uma súbita vontade chorar, escondi meu rosto em seu pescoço e a apertei contra mim.

   - Você é uma idiota, sabia? Tinha a vida perfeita e só porque algumas coisas começaram a darem erradas resolveu destruí-la de uma vez. Sabe o quão ridículo isso parece? - perguntei, sem me descolar dela.

   - Provavelmente muito ridículo - Lauren respondeu, afagando minhas costas e me puxando para mais perto. - Eu disse para você que eu sou um monstro, Camz. Eu matei Steven, destruí minha vida, magoei e decepcionei meus pais e agora você. Eu sou tóxica - ela cuspia cada palavra como se sentisse nojo de si mesma. -, sou como uma doença, eu enveneno todos os que se aproximam de mim.

   - Não é assim - tentei argumentar.

   - É sim! - Foi irredutível. - Eu me pergunto quem será a próxima pessoa que eu irei infectar. Será Ally? Vero? Quanto tempo elas têm até os primeiros sintomas começarem a aparecer?!

   Cada palavra proferida por Lauren carregava uma dor e um desespero tão profundos que dilaceravam meu coração.

   - Não diga isso, Lauren. Você errou, mas vai ficar tudo bem. Eu sei que vai - disse, me afastando para olhá-la nos olhos. Sua face estava manchada por lágrimas e suas esmeraldas mais claras por causa do choro.

   - E se não ficar, Camila? - indagou, enxugando o rosto com as costas das mãos e tentando se recompor. - Você deveria se afastar de mim antes que eu te afete mais. É isso que você deveria fazer ao invés de tentar me consolar.

   Ignorando a tentativa de Lauren de me expulsar da sua vida, eu busquei uma de suas mãos e a envolvi entre as minhas.

   - Talvez eu seja imune a você.

   Diante dessas palavras, Lauren me fitou pelo que pareceu uma eternidade antes de recolher sua mão e assumir uma postura fria que eu nunca tinha visto.

   - Talvez não aja imunidade contra mim, Camila - E dizendo isso se pôs de pé, me olhando com superioridade. - Eu vou tomar um banho agora e tentar descansar um pouco. Você já sabe o caminho até a saída - falou se retirando do quarto sem me dar a oportunidade de falar nada.

   Fechando os olhos, permiti que as primeiras lágrimas caíssem.

   Medo. Era isso o que ela sentia. Lauren tinha medo de me machucar. E eu? Eu tinha medo de perdê-la.



Espero que tenham gostado do capítulo, apesar de ter sido curto. Tentarei voltar o mais rápido possível, porém não garanto nada.

Beijos e até mais.


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