Lá estava ele, sentado ao meu lado. Seus olhos azuis brilhantes e seu sorriso branco me fitavam, a expressão de alegria nunca saía de seu rosto, o entusiasmo nas palavras que saltavam de sua boca, acabava sendo exagerado e estranho.
Eu não compreendia o que Julian queria comigo, não fazia ideia dos seus planos e do porquê de ele querer ter essa semana ao meu lado. Por um momento o imaginei como um personagem de um livro que recebeu um diagnóstico, dizendo que só lhe resta semana de vida. Os pensamentos impossíveis e esquisitos que rodeavam minha mente, sumiram ao perceber que Adam e Julian estavam quase se matando pelos olhares. Julian semicerrava os olhos e olhava de cima para baixo, tentando achar algo errado para falar. Já Adam, com olhos bem abertos, o encarava sem piscar, seu semblante era calmo e calculista, ninguém conseguia ver a raiva que ele sentia ao ver Julian ali, sentado na mesma mesa, mas eu o conhecia muito bem para saber o que ele sentia.
- Segundo passo? – questionou Adam.
Julian se aproximou da minha cadeira e encheu o peito para falar.
- É coisa nossa... Você não entenderia! – falou, com um grande sorriso no rosto.
Virei-me, rapidamente, encarando-o.
- O que foi? Não disse nada de errado! – disse ele, levantando involuntariamente os ombros.
Respirei fundo.
- Fala logo o que você quer aqui! Já estou perdendo a paciência.
- Hum... Os dias da semana passam rápido, então, precisamos aproveitá-los, não é? – falou ele. – O que acha de passearmos?
- Passear? – não controlei o riso. – Eu realmente prefiro pagar o que lhe devo.
- Eu concordo! – disse Adam, me ajudando. – Quanto ela te deve pelos remédios? Posso pagar...
Julian colocou o dedo indicador nos lábios, pedindo silêncio.
- Fica quietinho, Nerd. – disse ele, enquanto voltava o olhar para mim. – Se você não gostar do passeio, eu prometo lhe deixar em paz. O.K.?
Revirei os olhos e o xinguei mentalmente.
- Tudo bem. – aceitei.
Ele se levantou as pressas da cadeira em que estava sentado. Segurou em minha mão e me puxou.
- Giselle! – Adam me chamou, questionando a minha atitude.
- Desculpe... Eu te ligo mais tarde. – falei, enquanto saía do Mama, as pressas.
O céu brilhava forte, trazendo toda a luz do sol para a terra, e esquecendo minha pele. Julian olhou para mim, mas não falou nada. Apenas me observava.
- Para onde vamos? – perguntei, impaciente.
- É surpresa! – falou, sorrindo.
- Então, vamos. – segui em direção a esquina, onde ficava o ponto de ônibus do bairro.
- Espera... Onde você vai? – ele caminhou em minha direção.
- Para o ponto de ônibus. – falei. – Eu não tenho carro, e pelo visto, você também não tem.
- Ah... – ele parou por um momento. – Tem razão... Mas você não sabe para onde vamos, como pode ir para aquele ponto de ônibus?
- Você nunca ouviu falar na lenda do ônibus mágico? – falei, com um pouco de entusiasmo.
Ele negou com a cabeça.
- Dizem que em toda cidade do mundo, existe um ônibus mágico, que faz com que seus passageiros cheguem ao ponto correto, sem precisar olhar para onde o ônibus vai. Você só precisa desejar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Diário de Giselle
Romantik"O Diário de Giselle" é uma releitura moderna do balé "Giselle", do autor Théophile Gautier. A história de uma jovem que encontrou um grande amor, mas recebeu a morte como presente, será contada de uma forma que você nunca imaginou antes. Prepare-se...