CAPÍTULO 8 - GISELLE

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        Lá estava ele, sentado ao meu lado. Seus olhos azuis brilhantes e seu sorriso branco me fitavam, a expressão de alegria nunca saía de seu rosto, o entusiasmo nas palavras que saltavam de sua boca, acabava sendo exagerado e estranho.

         Eu não compreendia o que Julian queria comigo, não fazia ideia dos seus planos e do porquê de ele querer ter essa semana ao meu lado. Por um momento o imaginei como um personagem de um livro que recebeu um diagnóstico, dizendo que só lhe resta semana de vida. Os pensamentos impossíveis e esquisitos que rodeavam minha mente, sumiram ao perceber que Adam e Julian estavam quase se matando pelos olhares. Julian semicerrava os olhos e olhava de cima para baixo, tentando achar algo errado para falar. Já Adam, com olhos bem abertos, o encarava sem piscar, seu semblante era calmo e calculista, ninguém conseguia ver a raiva que ele sentia ao ver Julian ali, sentado na mesma mesa, mas eu o conhecia muito bem para saber o que ele sentia.

- Segundo passo? – questionou Adam.

Julian se aproximou da minha cadeira e encheu o peito para falar.

- É coisa nossa... Você não entenderia! – falou, com um grande sorriso no rosto.

Virei-me, rapidamente, encarando-o.

- O que foi? Não disse nada de errado! – disse ele, levantando involuntariamente os ombros.

Respirei fundo.

- Fala logo o que você quer aqui! Já estou perdendo a paciência.

- Hum... Os dias da semana passam rápido, então, precisamos aproveitá-los, não é? – falou ele. – O que acha de passearmos?

- Passear? – não controlei o riso. – Eu realmente prefiro pagar o que lhe devo.

- Eu concordo! – disse Adam, me ajudando. – Quanto ela te deve pelos remédios? Posso pagar...

Julian colocou o dedo indicador nos lábios, pedindo silêncio.

- Fica quietinho, Nerd. – disse ele, enquanto voltava o olhar para mim. – Se você não gostar do passeio, eu prometo lhe deixar em paz. O.K.?

Revirei os olhos e o xinguei mentalmente.

- Tudo bem. – aceitei.

Ele se levantou as pressas da cadeira em que estava sentado. Segurou em minha mão e me puxou.

- Giselle! – Adam me chamou, questionando a minha atitude.

- Desculpe... Eu te ligo mais tarde. – falei, enquanto saía do Mama, as pressas.

O céu brilhava forte, trazendo toda a luz do sol para a terra, e esquecendo minha pele. Julian olhou para mim, mas não falou nada. Apenas me observava.

- Para onde vamos? – perguntei, impaciente.

- É surpresa! – falou, sorrindo.

- Então, vamos. – segui em direção a esquina, onde ficava o ponto de ônibus do bairro.

- Espera... Onde você vai? – ele caminhou em minha direção.

- Para o ponto de ônibus. – falei. – Eu não tenho carro, e pelo visto, você também não tem.

- Ah... – ele parou por um momento. – Tem razão... Mas você não sabe para onde vamos, como pode ir para aquele ponto de ônibus?

- Você nunca ouviu falar na lenda do ônibus mágico? – falei, com um pouco de entusiasmo.

Ele negou com a cabeça.

- Dizem que em toda cidade do mundo, existe um ônibus mágico, que faz com que seus passageiros cheguem ao ponto correto, sem precisar olhar para onde o ônibus vai. Você só precisa desejar.

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