CAPÍTULO 10 - GISELLE

70 11 4
                                    


Clínicas psiquiátricas eram, de longe, os lugares que eu mais odiava estar. Todo aquele clima, aquelas pessoas, aquela arquitetura, tudo me dava agonia. A tortura já começava na hora de marcar o horário com a atendente, era tudo um martírio. Paul sempre fez questão de eu me tratar na melhor clínica da cidade, a Aguitoni psychiatric clinic. O Dr. Aguitoni cuida da minha saúde mental desde que me mudei para cá. Embora já seja velho e tenha dificuldade de ver claramente, é um ótimo profissional e me entende muito bem. Ele era amigo da minha mãe antes mesmo de eu nascer, então, já o conhecia muito bem, e tinha muita confiança para contar-lhe tudo o que me atormentava.


A fila interminável de entrada para o consultório diminuía rapidamente. O que me estranhava, pois o Dr. Aguitoni demorava muito tempo para terminar uma sessão. A cadeira de couro marrom da fila de esperava fazia-me lembrar da minha avó. Sem perceber, pus um sorriso no rosto. Meu coração doeu ao lembrar que ela está quase sozinha no interior, e eu me culpava muito mais por ter pensado em fazer uma besteira. Eu precisava estar sã por ela.

- Número oito, já pode entrar. – ouvi a voz da assistente do Dr.

Olhei para o número em que eu segurava. Era a minha vez de entrar.

Caminhei em direção da sala. Fechei a porta, como de costume.

Sentei-me na poltrona esverdeada, ao lado da cadeira menor que ficava acoplada a uma pequena mesinha que suportava papéis, canetas, pranchetas e bloquinhos de nota.

Ouvi o som da torneira do pequeno banheiro ligada.

A porta do banheiro se abriu.


A parte superior do meu corpo levantou-se da poltrona, meus olhos se abriram e foram em direção ao homem que saía do pequeno corredor que separava o consultório do banheiro.


Ele usava um jaleco branco, seus óculos eram redondos, seu cabelo era extremamente liso e curto, alguns fios rebeldes estavam espetados em sua cabeça. Sua pele era morena, seu nariz era longo e seus olhos eram escuros. Ao levantar o seu olhar, e perceber que lá estava eu, ele sorriu, deixando seus dentes brancos e brilhantes à mostra.


- Onde está o Dr. Aguinoti? – perguntei, um pouco assustada, ao ver alguém estranho ali.


- Ele está de licença – disse ele, sorrindo – vou substituí-lo por enquanto. – ele se sentou na cadeira ao lado da minha. O aroma doce do seu perfume dançou em direção as minhas narinas, fazendo-me querer perguntar qual fragrância ele usava. – Sou o Edwin , seu novo psicólogo temporário.

Assenti.


- Então, você é uma paciente ativa? – perguntou-me. – Há quanto tempo você se trata com o Dr. Aguinoti?


- C-cerc... Cerca de quase três anos. – falei, gaguejando.


Ele sorriu.


- Pode ficar tranquila! Não precisa ter medo de falar. – Edwin começou a anotar coisas em sua prancheta. – Vamos ver... Você deve ser a... Giselle! Não é?

Assenti.


- Então, Giselle, pelo o que vejo aqui na sua ficha, você sofre de crises de pânico e depressão, não é?

O Diário de GiselleOnde histórias criam vida. Descubra agora