Capítulo 8 - Família

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Sim, era ele.

Aoba.

- Oba-chan... - e então ele me viu. -  Anata wa.

"É você."

Pisquei com a tradução do que ele havia dito. Veio instantânea. Mas como eu sabia disso?

Me ergui da poltrona. Os olhos arregalados. Eu era a pura emoção, seja lá em que forma. Acabara de receber as notícias mais diversas da minha vida e agora estava frente a frente com a pessoa que se tornara a minha dúvida mais recente.

Tão parecidos. Parecidos... Demais.

- Aoba. - a voz de dona Tae era séria, assim como seu rosto. Mas ao mesmo tempo, ela também tinha emoção no olhar. Deslocou seu olhar entre eu e ele algumas vezes. - Você realmente precisa aprender a bater antes de entrar. 

- ... Goumen. 

"Desculpe". Balancei a cabeça. O quê...

- Sente-se, Aoba. - disse dona Tae, sentando-se novamente na minha frente, na outra poltrona. Aoba se direcionou até o sofá que ficava entre as poltronas, mais ao fundo do local. Senti minhas mãos vibrarem quando ele passou vagaroso. Olhei para ele, que ao mesmo tempo virou seu olhar até mim, e juntou suas mãos nas laterais de seu corpo.
  Elas também tremeram.

Tae olhava para a mesinha de centro. Ao mesmo tempo que um pouco nervosa, ela parecia resignada com a situação. Ela tinha controle.

- Liz. Existem mais algumas explicações que devo lhe dar. Explicações que deveram ser ditas a você também, Aoba. Elas surgiram de suspeitas minhas após o nosso encontro naquela feira... Aparentemente, não se tratam apenas de suspeitas. Vamos começar com as apresentações.

Eu que a olhava atentamente, fui completamente atraída a encará-lo. Ele também a mim. 

- Aoba, essa é Liz, que você tanto questionou minha surpresa naquele dia. Liz, este é Aoba. Meu neto.

Meu neto.


" ... " Nem mesmo meus pensamentos possuíam reação.

- Eu lhe contei das provas vivas daqueles testes, certo? - concordei. -  ... Aoba é a minha maior prova. - O encarei. Ele parecia entender do que ela dizia. -  Um dos corpos que encontrei eram dele. Mergulhados na fórmula de DNA modificado. Ele e seu irmão. Enquanto o outro estava vivo... Ele nem respirava mais.

Minha respiração estava pesada. Sem respirar? Essa era a sensação..? Aoba parecia ciente de tudo aquilo e um tanto quanto desconfortável. Talvez... Triste?

- Eu não sei muito do nascimento. Creio que tenham sido criados completamente fora de um ambiente normal, como uma mãe, e sim em uma "placenta externa" ou algo do tipo. Com material reprodutor feminino e masculino doado para pesquisas e completamente modificado com aquela fórmula.

Só que aparentemente, pelas datas e horários que encontrei... Ele nasceu semi-morto. Nem 3 dias depois, ele já não aguentou mais. Seu pequeno corpinho não se mexia como o do irmão. Estava apenas ali, coberto por seus cabelos azuis. O choque e a raiva me fizeram agir como achei que devia... Eu tinha a fórmula que levava o tratamento de sua mãe em minha mente, um bebê nas mãos. Juntei tudo que me pertencia e fosse de real valor e deixei o resto para trás com minhas pesquisas.

Fora daquele lugar, eu levei o pequeno Aoba "adormecido" escondido, na intenção de dá-lo um digno funeral. De tirá-lo de um local onde ele provavelmente seria submetido a mais testes sem nem mesmo possuir sua vida.

Mas... Foi então que no meio do caminho, em frente do mar da ilha... A pequena criança se mexeu. Tremendo voltou a respirar, e logo... Estava vivo. - olhei emocionada para Aoba e dona Tae. Os dois numa troca de olhares linda e entregando um leve sorriso um ao outro. 

Twin Heart  - Coracão GêmeoOnde histórias criam vida. Descubra agora