Twin Heart - Coracão Gêmeo

Capítulo 1 - Especial

- Filha, café pronto, você já vem?

Apesar de estar acordada há mais ou menos 1 hora e meia, eu costumava ficar em silêncio, desenhando coisas aleatórias e blogando. Escrevendo no meu diário. Sentindo... sensações esquisitas. Na verdade, além de tudo isso... Eu calmamente escolhia a roupa do dia, arrumava o material do colégio, e escolhia o que fazer com meu, bem... cabelo.

Azul.

É.

Azul. Azul turquesa. Meio cor do céu... Brilhante. Mais chamativo impossível... Tirando o estilo do cabelo que é... Normal. Ondulado nas pontas, e liso em cima. Com uma franja que decidi fazer... Por ser algo que uma garota faz quando quer.

Até mesmo uma de cabelo azul.

- Estou indo, mamãe. 

Ah claro... Você está se perguntando: "Seu cabelo é azul.. dane-se. Pintando, qualquer um tem"

Realmente, qualquer um tem. Mas não vi um que tenha a mesma tonalidade do meu. E não vi um que tivesse sem ser tingido.

Porque, não. O meu não é. 

 ... "Impossível", você pensa. É, eu ainda penso que sim. Mas, não é. Eu não nasci com eles assim... Simplesmente passou de preto pra um escuro com mechas, e de tom em tom, ele chegou em azul aos 10 anos. E tenho ele assim até hoje. Eu e meus pais acreditamos que não irão mudar... Mas, nunca se sabe. 

E, não, nenhum dos meus pais tem cabelo azul, ou verde, rosa, nem nada anormal. Mamãe só é ruiva naturalmente, e meu pai tem cabelos castanhos escuro. Então, desde nova, isso foi considerado um erro genético. Apenas.

 As poucas pessoas que sabem do meu cabelo, não acreditaram de primeira, mas como sempre eu tinha minhas provas. Para o resto.. deve ser mais do que óbvio que eles são tingidos... Apesar de nunca terem nenhuma falha... XD

- Querida, seu pai saiu cedo pra viagem, deixou sua mesada na mesa e pediu desculpas por não se despedir hoje. Ainda bem que fizeram isso ontem. - E realmente fizemos. Eu sabia que essa viagem era importante, pois meu pai provavelmente fecharia com uma empresa Holandesa, e seria um grande negócio. Então jantamos fora ontem, e combinamos que ele faria o máximo pra voltar em menos de uma semana pra ocasiões especiais.

- Tudo bem, mãe. - disse, pegando minha mesada, na mesa da sala. - Você tem que ir pra loja hoje?

- Tenho sim... - disse olhando as horas - E, Minha Nossa!, tenho que ir agora! Sinto muito, filha, pode tomar café da manhã sem mim?

-Claro mãe. 16 anos... Não 6. - ela sorriu, beijou minha bochecha e se despediu. Mamãe é decoradora. Ela trabalha num escritório que faz paisagens e ambientes de diversas lojas e locais. Modéstia à parte, sei que ela é importante lá. Por isso está sempre dentro de seus horários,e entrega tudo no prazo. Responsabilidade é seu segundo nome.

Abri a geladeira e tirei a jarra de suco de manga de lá. Antes de fechá-la peguei também uma pera, porque gente, eu AMO fruta de manhã. Os biscoitos que fizemos na tarde de ontem estavam numa vasilha à mesa. Peguei uns 4 e comi sentada no balcão. Só pensando e repensando na vida...

"Vida bem chata por sinal..." É. Eu sei que parece. Tirando meu cabelo, não tem nada de anormal ou diferente nela... Pais seguindo bem a carreira, uma boa escola, amigos, atividades normais e cotidianas. Nada a ser declarado que pareça incrível. Tirando o fato que... Desde o ano retrasado principalmente, eu tenho estado com a mania de sempre sentir diversas sensações... Do nada.

Às vezes são felizes, calorosas. Mas... Houve um período em questão em que elas eram agoniantes, fortes, sufocantes e muito preocupantes. De uma forma... Perigosa.