Eu nasci há 19 anos atrás em 30 de julho de 1997, em Frankfurt, na Alemanha.
Registrada como Eileen Kraide, filha de Crystal e Joachim Kraide.Há 19 anos, eu era a "sem futuro" da família. Sempre dispersa, no meu canto, encantada com as artes dispostas pelos cantos da vida. Observadora e reservada, anotando tudo milimetricamente em minha cabeça, para vomitar tudo em arte no meu quarto.
Há anos os artistas são tratados como vagabundos, e na minha família, de avô militar e pai criado na linha, não era diferente.
Quando eu tinha dez anos, meus pais chegaram a achar que eu tivesse algum tipo de atraso, pois eu mal falava. Gostava de desenhar trancada no quarto, e não brincava com nenhuma criança.
Meu pai queria que eu fizesse medicina ou direito. Eu havia acabado o colegial há um ano, e estava "parada" desde então. Entre aspas porque sempre estudei o que é de meu interesse. Mas meu pai não entendia isso, a não ser que eu estivesse em uma faculdade. Acabou me colocando em um curso de inglês no início do ano passado, disse que era importante que um médico soubesse inglês, para ter mais oportunidades. Aceitei pois tinha interesse em conhecer a América, me mudar pra lá se fosse possível.
Como artista, as dores da Alemanha me preenchiam sempre que andava pelas ruas de Berlim, onde morava atualmente. As histórias que meu avô contava sobre a guerra me arrepiava até os pentelhos, e eu me sentia andando em ruas sombrias e cheias de morte naquele país. Não me leve a mal, eu amo a Alemanha, mas precisava respirar ares novos, longe das correntes da minha família, e do passado sombrio que cercava esse país e escurecia minha imaginação.No dia 22 de junho do ano passado, a minha escola de línguas abriu um sorteio para intercâmbio em Vancouver, no Canadá. Cinco alunos seriam sorteados e passariam seis meses lá, estudando com professores nativos e morando juntos em uma casa.
Eu me inscrevi quase que de maneira esportiva. Como a minha vida foi sempre cagada, eu tinha certeza que não conseguiria. Mas eu fiz a inscrição por via das dúvidas.Passado o tempo, eu cheguei a esquecer desse sorteio, e seguir a vida tediosa e sombria em Berlim.
Mas no dia 16 de novembro, o sorteio foi revelado, e para minha total surpresa, lá estava eu, Eileen Kraide, a quinta sorteada.
O sorteio foi feito no auditório, e senti meu rosto queimar e minhas penas ficarem moles quando todos viraram para mim. Sai da minha cadeira e desci as escadas até o palco, onde o diretor me entregou uma pilha de papéis, e posou sorrindo ao meu lado para uma foto.Naquele dia eu voltei pra casa a pé, pensando no que aconteceria agora. Lia com atenção os papéis, revisando os documentos necessários para o visto e passaporte.
Quando cheguei em casa, meia hora mais tarde que de costume, encontrei minha mãe terminando de colocar a mesa para o jantar, e meu pai ja sentado, falando sobre algo do trabalho.
Deixei a mochila no sofá, e me sentei à mesa, com os papéis em mãos.
"Chegou tarde, filha." minha mãe disse enquanto aumentava a temperatura do termostato.
Fazia um frio de 3 graus celsius.
"Vim a pé hoje." respondi colocando os papéis na mesa e tirando o casaco mais grosso de cima de mim.
"O que é isso?" meu pai perguntou pegando os papéis, e minha mãe sentou ao seu lado, terminando de colocar os talheres na mesa.
"É uma lista de documentos necessários pra se fazer um intercâmbio."
"E pra quê você precisa disso?" ele arqueou uma sobrancelha, me olhando por cima dos óculos, com seus enormes olhos azuis.
"Porque eu ganhei um do colégio." disse olhando pra baixo.Ele desviou o olhar direto para os papéis, lendo o que estava escrito.
"A inscrição foi dia 22 de junho, e você só vem nos contar agora, quando a viagem está prestes à acontecer?" ele colocou com força os papéis na mesa.
"Quando eu fiz a inscrição, estava descrente de que pudesse ser sorteada, cheguei até a esquecer!" falei, já sentindo a tristeza invadir meu corpo. Eu sabia que meu pai reagiria de forma severa.
"Aqui diz que a viagem é pro dia 3 de janeiro. Está muito em cima da hora. Você não vai." ele pegou seu prato e começou a colocar sopa.
"Pai! Isso não é justo! Se o tempo para fazer o passaporte é de hoje até a viagem, de qualquer forma, o que mudaria ter te falado antes?" "Eu poderia ter pensado sobre o assunto. Você precisa aprender a ser responsável, e é por isso que você não vai."
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Vancouver New Life 🌦 ~Cole Sprouse
Hayran KurguEileen ganha uma viagem de intercâmbio para Vancouver, e acaba conhecendo um garoto incrível, que ela nem imaginava quem era...