Capítulo 15 - Conrad, Jordan & Noah

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–Noah, seu pai é o Jordan. – a mulher disparou aquelas palavras em minha direção

Meu coração acelerou naquele instante, meu pai e o meu tio pareciam tão surpresos quanto eu.

–O tio Jordan? – a indaguei ainda um pouco desnorteado –E por que isso agora? Você não tem consideração nenhuma por mim, não é? – eu me alterei

–É que você vai fazer dezessete e eu quero que saiba tudo. – ela respondeu com calma

-Então tá, pode contar porque essa eu quero saber. –me sentei em uma das poltronas 

–Eu nunca fui uma pessoa fácil de lidar, eu sempre quis afrontar meus pais e a todos, no começo quando eu fiquei grávida da Olívia... – minha irmã a interrompeu.

–Liv! – ela disse diretamente.

–Okay. Eu não sabia o que fazer, então quando ela nasceu eu deixei com o pai dela, e continuamos nos relacionando. Eu descobri que o Conrad é gay, eu disse que ele tinha que ser quem ele realmente era. Então eu tive um caso com o Jordan, mas eu nunca achei que você iria aparecer. Pelo que sabemos Jordan é estéril, e até seus cinco anos de idade eu tinha certeza que você era filho do Conrad. Só que depois disso eu não tive mais, todos os seus jeitos, o modo de andar, era o Jordan quando novo. Então resolvi fazer o teste de DNA.. – ela contou. Eu a fitava, escutando tudo atentamente.

–Você escondeu isso por doze anos. Eu que nunca achei que fosse ter um filho, eu tinha e ele estava comigo o tempo todo, eu o via todos os dias, eu ajudei com os problemas de sexualidade, buscava na escola, levei ele pro baseball todos os sábado. Eu vibrava com cada jogo, cada nota alta. E sempre fiquei pensando que se eu tivesse um filho seria assim que eu o trataria. – Jordan falou, ele não conteve o choro

–Eu também fui pego de surpresa. Dói muito saber que o garoto que você ensinou a andar de bicicleta, cuidou quando ele ficou doente, passou noites em claro preocupado. Assistiu os jogos de baseball, estava aqui na primeira desilusão amorosa. – meu pai também começou a chorar, Liv abraçou nosso pai.

–Eu não sei o porquê de você ter escondido isso tanto tempo, para resolver voltar e falar tudo agora. Quer dizer? O que eu faço com isso? O que nós três fazemos? – a questionei

–Eu quero fazer direito, isso é uma maneira de eu concertar tudo. – ela respondeu

–Você quer consertar? Não tinha nada a ser consertado. – Liv se levantou

–E o que te fez achar que deveria fazer isso? O que tá acontecendo? – perguntei

–Nada de mais. – ela respondeu –Agora se resolvam eu já fiz a minha parte.

–E você vai aonde? – perguntei

–Voltar para casa!? – ela respondeu, como se fosse óbvio

–Então você faz isso... Mas uma pergunta, porque me deixou depois de cinco anos? –

–Eu não sou boa mãe, eu não conseguia conciliar trabalho com cuidar de vocês. E eu sabia que você seria bem cuidado pelos dois. – ela respondeu

–É o suficiente. – meu pai, Conrad, a dispersou

–Tchau, e eu espero que me perdoem algum dia. – ela disse enquanto andava até a porta

Eu e Liv ficamos a encarando sair, olhei receoso para a minha irmã.

–É irmãozinho, Crystal Calvert abala nossas vidas mesmo depois de anos. – Jordan disse

–Pois é! – Conrad sorriu –Bom e você filho?

–Só é muita coisa pra assimilar. – respondi

–É ... eu sei que pode parecer rápido, mas você não quer passar uns dias lá em casa? – Jordan me perguntou

–Eu quero. – respondi e olhou para o Conrad

–Vocês merecem passar um tempo juntos, eu não vou ficar chateado. – meu pai disse, ele estava chorando

–Ah pai... Não chora! – eu o abracei

–É de alegria... Vocês estão crescendo, e agora só tenho uma faculdade pra pagar. – ele me abraçou de novo

–É, Jordan, de Tio a Pai, em poucos minutos. – brinquei, ele não se aguentou

–Filho! – ele me abraçou, e começou a chorar

Liv nós olhava pensativa.

–Ei, irmãzinha. – a abracei

–Somos o que hein? Primos e irmãos? – ela me olhava confusa

–Deve ter um nome pra isso. – falei

–Eu vou sentir falta da sua carona toda manhã. – Liv disse.

–Idiota. – sorri

Cheguei na casa do meu Tio, agora pai.

–Então você pode ficar no quarto que já fica sempre. – ele disse, Jordan tinha um brilho no olhar 

–Tio Jordan preciso de coisas para redecorar todo aquele quarto. — falei enquanto subia as escadas

–Primeiro: me chama de pai. Segundo:quer o cartão agora ou depois? – ele disse, eu sorri

–Não, ti... Pai, eu vou sair com o Tanner ele vai me mostrar os lugares legais daqui. – respondi

–O T.J? Vocês nunca se desgrudam, não é mesmo? Desde pequenos. – ele disse com um sorriso

–Pois é. — sorri ao me lembrar. –É .. eu já vou então.

-Ok, só não chega tarde, filho. – quando ele me chamou de "filho" pude ver seus olhos brilharem, e quando o chamei de pai ele abriu um largo sorriso.

P.o.v – Jordan. –
Estava em um bar com o meu irmão.

–É irmãozinho, parecemos Damon e Stefan. – Corad comentou

–Eu me surpreendo que o Noah não percebeu que você é gay. – bebi um gole da minha cerveja

–Ele sempre soube. – Conrad retrucou, eu sorri.

–Mas você tá certo. A Crystal sempre volta e traz um filho, uma notícia louca e vai embora. – falei

–Dessa vez quem ganhou o filho foi você. – Conrad disse

–Dezesseis anos mais velho. – falei

–Eu nunca tinha pensando que poderia ser seu. Eu sempre notei a semelhança, mas porra você é o tio. – Conrad confessou

–Pois é, até a marca de nascença que eu tenho nas costas. – falei

–A verdade é que vocês sempre tiveram uma ligação maior que a que ele tem comigo. – Conrad falou. –E não é pra me levar a mal, eu sempre achei fofo.

–Eu tô feliz de saber que eu tenho um filho, mesmo que seja agora. Eu participei da infância dele. – falei com um sorriso

–Olha só a Júlia não gosta dele, se ela maltratar nosso filho eu processo ela. – Conrad se enrolou ao falar.

–Eu não vou deixar. – o assegurei. –E a Liv? Ela pareceu apática.

–Sim, ela ficou tão chocada quanto nós. E querendo ou não eles são apegados um ao outro, mas ela é forte e ela tem o Marco, que é um garoto que tá sempre ali pra ela. – Conrad falou

–Que bom que ela achou ele. – falei. –E o Noah hein?

–Eu tenho vontade de empurrar ele pra cima do T.J! – Conrad falou

–Desde pequenos, eu ainda tenho a foto do aniversário de três anos do Noah. – contei

–Eu me lembro que eles andava de mãos dadas o tempo todo. – Conrad disse

–Muito fofinhos. – falei.

Ficamos ali conversando sobre o Noah por um tempo, até ficarmos bebados a ponto de ir de aplicativo pra casa.

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