Capítulo 3

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Era chato falar dela. Eu a queria aqui, e infelizmente não a tenho.

Todo dia quando eu acordo , eu vou a o seu antigo quarto e me deito em sua cama. Ela ainda tem seu cheiro. Sei que isso não me faz bem, pois toda vez eu sinto um aperto no peito.

Tenho que trazer-la de volta. Só assim terei paz.

Faço um Beck e fico ali na brisa só observando o movimento. Vejo várias pessoas entrando e saindo. Homens e adolescentes entrando e saindo. Comprando drogas e as consumindo.

Quando vejo, já estou pensando em suas famílias, filhos e mulheres.

Dou uma sacudida de cabeça e saio de lá fazendo toque com os manos. Rumo direto pra casa.

Kemyly narrando:

Eu e Amanda saímos pelas ruas da Maré olhando o movimento e fomos para uma sorveteria.

Chegando lá, eu pedi um açaí e ela um sorvete qualquer. Nossos pedidos logo chegaram, e começamos a conversar.

Kemyly: Estou pensando em ir embora.

Amanda: ir embora pra onde?

Kemyly: Sou de Brasília. Tenho dinheiro em banco, só preciso voltar pra lá.

Amanda: Você vai cria-lo sozinha?

Kemyly: Sim. Já que o pai não quer nem saber dele, eu preciso ir. Será melhor, vida nova...

Amanda: As vezes eu também queria sair da qui ganhar esse Mundo enorme!

Kemyly: E porque não vai?

Amanda: Por quê sou mulher de traficante!

Kemyly: Bem, de certa forma eu também era...

Amanda: Mas eu sou a Patroa dele, e pra mim ir, ele tem que deixar.

Kemyly: Mas você não disse que não o ama mais?

Amanda: Talvez eu ame ainda... Mas, patroa só deixa o trono ou quando morre, ou quando ele não a quer mais.

Kemyly: Bem, eu não morri...

Amanda: Mas eu não posso fugir!

Kemyly: Ue, porque não?

Amanda: Porque se ele me achar, ele me mata!

Kemyly: Tem isso também...

Ficamos ali mais um pedaço conversando e quando termino de comer pagamos e voltamos pra casa.

Fomos pra cozinha e começamos a preparar o almoço. Hoje faríamos macarrão com almôndegas (eu estava com desejo).

Kemyly: Eu gostei muito da qui. Onde eu morava era muito diferente.

Amanda: Eu nasci e me criei na favela, nunca tive vontade de ir morar em outro canto.

Kemyly: Eu estava pensando em me mudar...

Amanda: Mudar pra onde?

Kemyly: Olha, eu gosto muito de vocês, fui bem acolhida aqui... Mas eu quero ser independente, não quero mais incomodar vocês.

Amanda: Você não incomoda, é um prazer te ter aqui.

Kemyly: Eu sei, mas eu quero ir.

Amanda: Quando você pretende fazer isso?

Kemyly: Antes de meu filho nascer...- Fui interrompida por uma voz grossa .

Olhei pra trás e vi DR encostado na parede.

DR: Você não vai a lugar nenhum.

Kemyly: DR, eu gosto muito da qui, mas eu tenho meu filho, eu quero cria-lo longe disso tudo.

DR: O morena, tu têm que entender que tu nunca terá mais paz, não com ele.- falou apontando pra minha barriga.

Eu sabia que ele tinha razão, mas eu iria pra longe, talvez pra Brasília, ou pra fora do país.

DR: Tu tem um filho da quele desgraçado do BH em tua barriga, tem muitas pessoas querendo isso só para arrancar a cabeça fora!

Eu começo a chorar com isso, não consigo evitar que lágrimas caiam de meus olhos.

Amanda: É só ela ir morar fora do país. - Amanda se cala logo que DR a olha.

Eu tenho uma leve impressão que ele a fuzila com os olhos.

Kemyly: Eu vou dá um jeito...

DR: Tá pensando em ir embora quando?

Kemyly: Ainda não sei. Por enquanto é só um idéia. Ainda não pensei em nada concreto.

Ele assente e sobe para o quarto.

                                 ***

Darlysson narrando:

💭Era só o que me faltava ! Agora essa puta quer vazar da qui?💭

Não posso deixar ela sair da qui. Nunca foi a minha intenção protege-la dele, mas sim mata-la e tomar a criança.

Não gosto de crianças, por isso que nunca as tive. Tou louco pra essa cobrinha nascer logo. Vou adorar ter o primeiro filho dele em minhas mãos.

Pego o meu celular e ligo pro mesmo. No terceiro to que ele atende.

Ligação On:

BH: Fala...

DR: O que foi? Parece que está de TPM!

BH: Fala logo viado , que porra tu quer? Tou ocupado!

DR: Viado? Tu não sabe como a morena tá gostosa... Tá com uns peitos enormes... Tou louco pra mamar neles.- figo debochando e percebo que ele já está bufando de raiva.

BH: Encosta nela e eu te mato porra!- ele grita quase estourando os meus tímpanos.

Rio da reação dele e vejo que agora eu tenho um novo brinquedinho...

DR: Não se preocupa não cara, eu vou cuidar bem dela. Imagina aí quando ela tiver gemendo o meu nome!

Esculto o barulho de algo quebrando e com isso eu ganho o meu dia.

BH: Eu vou te matar Darlysson! Escreve o que eu estou te falando!

DR: Que é isso Bruno Henrique? Tá com raivinha?

BH: Tu me paga! Vou matar todos que tu gosta!

DR: Ameace menos e faça mais!

Ligação Off.

Desligo o celular e desço para almoçar.

Selva De PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora