Capítulo 12

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Fico jogado no sofá com uma garrafa de Whisky do lado, seu líquido já não está mais completo, minha garganta queima e meus olhos ardem.

Uma explosão de sentimentos tomam conta de mim, sinto como se o mundo estivesse desmoronado em cima de mim, muita coisa dói, principalmente o meu coração. Sei que fiz um promessa a ela, mesmo sem pensar na hora no que exatamente eu estava prometendo, eu não sei se vou conseguir.

Ser pai era a última coisa que eu pensava ser no mundo. A vida me forçou a ser uma pessoa má, sofri pra caralho e eu nunca quis passar meu nome adiante. Que futuro terá essa criança com um pai de merda  como eu? Mal nasceu e já tem uma pá de inimigos!

Irritado por ter fudido com a vida de mais um inocente, joguei a garrafa de Whisky na parede e ela se estilhaçou, acertando alguns pedaços de vidro em Menor que estava entrando na casa.

Menor: Que porra é essa BH?! Tá ficando louco?

BH: Cala a boca Menor! Vai se fuder que é o melhor que tu faz!

Menor: Tu devia era criar vergonha na cara! Em vez de tá enchendo a cara de bebida, devia era ter ido no postinho ver como a morena está!

BH: Eu sei como ela está! Eu estava com ela!

Menor: Que porra BH! Ela não tá morta não!

💭Não? Então ela está bem?💭

Como se Menor lê-se  minha mente ele me encarou e continuou:

Menor: Ela ainda não está tão bem, está sedada. Perdeu muito sangue e parece que pegou uma bactéria, alguma coisa do tipo. Preciso dos documentos dela, ela vai ser transferida.

BH: Transferida? Não! Ela não vai!

Menor: Ela precisa! O postinho não tem condições de mante-la , ela precisa ir. E mesmo que você não tenha perguntado, sua filha está bem, na medida do possível.

Deixei Menor lá em baixo e fui no meu quarto pegar os documentos dela. Os deixei em cima da cama , tomei um banho coloquei um short lavagem clara e uma camisa preta e desci com os documentos dela em mãos.

Menor: Parece uma tartaruga pra se arrumar...

BH: Vai se lascar Menor!

Menor: A princesa já pegou tudo?

BH: Vamos logo porra!

Peguei as chaves do meu Santa fé e saímos em direção ao postinho. Em 10 minutos já estávamos lá.

Ao adentrar o postinho, uma enfermeira bonita pra caralho veio nos atender.

Xxxx: Bom dia BH, Menor! Sou a enfermeira Kátia. Em que posso ajudar?

BH: Me dizendo em que quarto está Kemyly Trevalyn.

Kátia: Ah... —com uma cara de desapontamento, ela começou a olhar em uns papeis —Ela está na sala sete. Me acompanhem.

Seguimos a moça por um pequeno corredor, não demorou muito e logo estávamos de frente a uma sala com a numeração 7.

A enfermeira entrou e nós entramos atrás. Quando entrei, pude ter a visão da morena deitada em uma cama , ela estava pálida, toquei em seu rosto macio e lembrei de tudo que tinha acontecido recentemente e me segurei para não chorar.

Menor também se aproximou e sentou-se próximo a mim, ele pegou na mão dela e apertou , depois a aproximou de minha mão que estava em cima da cama e a soltou por cima dela.

Menor: O que foi que aconteceu? —Ele estava se referindo ao ocorrido.

BH: Depois que entrei, fui em direção a casa de DR, tinhas muitos vapores lá perto, perdi parte do grupo, encontrei ela antes de chegar na casa dele, ela estava com a mulher dele, tive que sair de lá com as duas porque ela não quis se separar da garota, então seguimos nos quatro: Eu, Kemyly, a mulher de DR e MM, no caminho Amanda levou um tiro, foi o merda do Lucas, matei ele com um tiro na cabeça, mas a garota tinha levado um tiro no peito e logo morreu. Quando consegui tirar a Kemyly de lá, nos deparamos com um grupo de inimigos, o MM foi distraí eles e eu peguei outra rota com ela, tive que leva-la pro galpão... — nesse momento minha visão embaçou, e eu tive a certeza que meus olhos estavam cheios de lágrimas, ou melhor, transbordando — mas antes de chegar lá, ela entrou em trabalho de parto.

Menor: Entendo... Foi.. você que..

BH: Sim. Foi eu quem fiz o parto dela.- Falei o interrompendo.

Ficamos um bom tempo ali, conversando conversas paralelas, um médico entrou na sala e pediu os documentos dela, eu entreguei e ele fez uma fixa de transferência, após alguns minutos a mesma enfermeira adentrou o quarto.

Kátia: A criança está no berçário, vocês querem vê-la antes que seja transferida?

BH: A criança também vai ser transferida?

Kátia: Vai. Ela precisa fazer alguns exames, ela ainda tá fraquinha devido as condições do parto e pelo fato da mãe não ter tomado nenhuma vitamina enquanto estava grávida — Menor me lançou um olhar , como se tivesse me culpando, embora eu seja realmente o culpado disso tudo o que está acontecendo a ela, ou melhor: a elas — ,isto poderia ter afetado muito a criança, então vamos fazer alguns  exames pra saber em que tanto ela foi prejudicada. Vocês vão vê-la?

Menor: Vamos.

Nós levantamos e antes que eu saísse da sala, selei nossos lábios, mesmo que ela não pudesse corresponder, mas sentir seus lábios nos meus já era um alívio.

Caminhamos nos corredores, até me deparar com uma parede de vidro e do outro lado dele vários berços com crianças dentro. Eu já estava tentando imaginar como que eu achar ela ali naquele meio , quando a enfermeira me chama, olho na direção deles e os vejo em volta de um berço.

Me aproximo e vejo que no centro dele se encontra uma menina. Suas vestes são brancas, seus cabelos acastanhados e sua pele clara. Ela estava se mexendo , jogava os pés como se estivesse tentando chutar algo, então me lembrei da vez que eu entrei em casa e ela estava se mechendo na barriga da mãe.

Coloquei minhas mãos sobre o berço, e a enfermeira disse que poderíamos toca-la. Menor colocou a mão e encostou em seu rosto, com seu toque ela se mexeu mais ainda, com receio, coloquei minha mão perto da dela e com sua minúscula mão, ela apertou o meu dedo, Menor me olhou com uma cara de um certo triunfo, ele vio que ela não se importou com o toque dele, mas que agiu como se me reconhecesse, quando eu voltei a olhar pra ela, nossos olhos se cruzaram, e aqueles olhos azuis me hipnotizaram. Os olhos da mãe dela.

Ela apertava a minha mão e me encarava, ela era tão pequena, tão frágil, vulnerável e estava ali, sozinha naquele berço agarrada a minha mão, como se estivesse pedindo pra mim não deixa-la, um turbilhão de emoções passou por minha cabeça, olhei pra Menor que sorria pra mim e eu com certeza estava com um sorriso bobo no rosto.

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