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Cont. Maria...

— e sabe o que é pior Fátima? Que pra mim não foi passageiro, que pra mim não é passageiro e mesmo que eu quisesse não poderia esquecê-lo não por nossos filhos e sim por meus sentimentos e lembranças, ele mais que muitos sabe que me resgatou do poço, da lama que eu nadava com sorriso no rosto e olhos fechados, por ser cega, eu fui cega ou melhor eu sou cega! Sabe por quê me recusei a engravidar? Por quê perdi as esperanças de criar uma família? – ela balançou a cabeça negativamente — por quê sou suja, sou indecente

— não minha filha!

— sim! Eu sou indecente me vendi inúmeras vezes, pelo dinheiro por dor, rejeição, fraqueza, por idiotice, sei que isso não é justificativa e queria muitíssimo dar um jeito no meu passado e apagar tudo – já estava me desesperando em choro — eu fui objeto de tantos Fátima, eu fui brinquedo, deveria ter me dado valor enquanto tinha, passei a afundar a dor sentimental nos abusos do homem que eu mais amava até hoje eu penso e me pergunto como eu pude? como eu...olha o que eu me transformei, Alex tem razão se meu pai fosse vivo jamais teria orgulho de mim, por quê eu? Por quê comigo? – chorei desesperada e ela me abraçou sem abrir a boca — imagina como doía Fátima! Imagina o que eu sentia! Abuso não melhor né? Estrupos! Carinho? Era exatamente o que eu não tinha naqueles momentos! Eu gritava tanto! Pedia que por favor não fizesse! Pedia perdão! Eu gritava "não", " por favor " , mais ele parecia não ouvir, parecia um pesadelo no qual quando ele chegava ao clímax de seu desejo ou melhor loucura as minhas custas eu nem se quer podia gritar, minha voz mal saia em meio a lágrimas e gemidos de dor, ele falava no meu ouvido palavras horrivelmente sujas, palavras que jamais achei que seriam faladas por ele, o homem que absolutamente sempre esteve ao meu lado, que me jurou amor eterno iríamos construir uma família mais os estrupos mataram meu bebê, meu primeiro bebê o filho pelo qual eu tanto sonhei ele foi o culpado ele o matou! ele me matou! abusou de mim, eu odeio aquele infeliz desgraçado eu odeio – gritei desesperada ainda chorando muito, Alex entrou no quarto bem rápido e pegou o mesmo celular sem fio, digitou o número e ligou.

— alô.. Sim bom ela já se decidiu vai falar tudo..sim eu também acho – ele se sentou na cama e com o dedo indicador da mão esquerda enxugou delicadamente minha lágrima recentemente derramada, Fátima saiu sem eu perceber e ele sentou ao meu lado e prosseguiu conversando no telefone — sim se chama Daniel Arenas...ele mesmo...estrupos – olhei pra ele e ele me deu o telefone

— alô... Sim sou eu... Tem três anos... Ele me traia e essa foi sua justificativa – expliquei tudo pra o homem do outro lado da linha e depois de tomar umas três xícaras de chá fiquei acalma

— amor, perdão pelo espetáculo! – falei com a minha voz mais doce, com medo dele ter se incomodado com minhas atitudes ou palavras

— não se preocupe eu intendo deve doer muito isso tudo, mágoas, feridas abertas, traumas sei que tudo ainda é muito recente

— é que, é estranho pra mim falar disso com você, você sabe o que eu fazia e.....

— amor não vamos falar disso está bem, prometo que em outra ocasião conversare-mos

— ok

— em breve terei de fazer uma viagem

— pra onde?

— New York – soltei um sorriso enorme com a esperança dele me convidar pra ir com ele — perdão Maria eu vou a trabalho

— eu não me importo, não vou te incomodar

— não, não, não Maria!

— por quê ?

— por quê não! Não quero que vá, é muita correria você não vai gostar

— Alex... Por quê? Me dá uma justificativa aceitável!?

— por quê não quero que vá e pronto!

— quem vai cuidar da empresa?

— quem mais? o Carlos!

— está bem, eeeh eu vou ver o almoço

— vou pedir pra alguma empregada trazer, ah e os presentes estão lá embaixo vai descer pra entregar e aproveitar pra almoçar ou peço pra trazerem?

— vou descer – me desenrolo do lençol e logo Alex me pega no colo, descemos as escadas e ele me deixa numa poltrona da sala

— senhora aqui estão todos os empregados! – Fátima falou

— OK Fátima obrigado! – Falei procurando entre os empregados o José e não o achei

— Alexandre onde está o José? – perguntei ainda meio tristonha pelas palavras duras do Alex

— Fátima pode responder a sua pergunta, eu vou fazer uma ligação – Alex falou saindo em direção ao escritório

— senhora o José foi visitar um vó dele que está doente! – mais ele é órfão. Pensei

— depois consiga o número dele pra mim OK? – falei com um tom de dona da casa

— sim senhora – concordou

Eu entreguei todos os presentes e meu almoço acabou virando jantar o que me deixou meio preocupada, mal comi hoje! Alexandre depois de dizer que ia fazer uma ligação não deu mais sinal de vida, ficou no escritório um tempo absurdo, me atrevi a ir chama-lo pra jantar e por um momento o escutei conversar com alguém ao celular: não hoje eu não posso...amor eu já disse que não... eeh ela torceu o pé e está meio melancólica..entenda são meus filhos..não..você querendo ou não isso nunca vai acontecer eu...tenho um carinho enorme pela Maria não posso fazer isso com ela..não.. jamais! . Depois de ter escuta o que ouvi fui pra o meu quarto e comecei a chorar refugiada de tudo e todos.

Minhas suspeitas foram confirmadas, não posso acreditar que ele pôde fazer uma coisa assim, de hoje minhas perguntas não passam sem uma resposta e que seja a verdade e a mais concreta possível. Entrei no quarto de hóspedes e lá me refugiei sentada no chão com a costas num móvel e abraçada as pernas, minhas lágrimas molhavam meu joelho e me deixavam meio relaxada ao senti-las caírem como casada no meu rosto, dói, a decepção dói, e imagino que ninguém saiba o por quê! Mais eu sei! É por quê a decepção nunca vem de um inimigo!

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Fortes emoções nos próximos capítulos.. Atentos

Minha Prostituta - REVISÃO EM PAUSAOnde histórias criam vida. Descubra agora