8 - OUSADIA

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O grande e conhecido diretor teatral Ramón Soares a estava aguardando. Ele ainda não podia acreditar na ousadia que uma menina teve para chegar até o andar de sua sala, bloqueando a recepcionista, somente para entregar um convite de teatro. Essa ousadia acabara despertando-lhe a atenção e decidira acompanhar cerca de 20 minutos da peça teatral que a menina lhe indicara... Por certo pedira para não identificarem seu nome na recepção! Não queria alarde! Como poucos o conheciam pessoalmente, não foi difícil passar desapercebido.

Mas o grande momento fora no dia do concurso teatral. Queria comprovar se haviam mais alunos ousados naquela escola...

- Ela chegou, senhor! – a secretária de modo sério, pareceu observar o chefe por mais tempo do que a frase da mesma havia durado e se retirou sem esperar qualquer resposta.

Lia adentrou, o cumprimentou se curvando e se sentou no lugar indicado, logo a frente do diretor. Sabia que deveria se sentir privilegiada, afinal, poucos eram convidados para falar de frente com ele! Sua tia mesmo, teve que esperar na recepção juntamente com o professor Noah.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, o diretor logo se pronunciou de tal forma que Lia se impressionara.

- Você tem algo a me dizer, certo mocinha?

Lia a princípio fez uma expressão confusa, mas logo curvou uma das sobrancelhas e com os olhos cintilantes e sorriso triunfante falou:

- Foi o senhor quem me roubou a ficha de inscrição, certo? ... Monge Zumbi?!

O diretor Soares se pôs a rir. Ela estava certa! Ele havia pego as fichas de inscrições de vários estudantes naquele dia enquanto fantasiado e não apenas isso... Assessórios das fantasias, papéis com os textos, tudo o que pudesse fazer para analisar em até que ponto chegariam as ambições de cada estudante! Será que eles superariam uma tão fraca barreira para seguir em frente? Seria o mínimo...

Enquanto fantasiado muito pôde observar. De cerca de 100 inscritos, apenas 18 participaram. Quanto aos avaliadores se tratavam de pessoas que cuidavam de pequenos reparos do prédio... A verdadeira apresentação estava naquela primeira barreira e nas que ainda viriam...

- E foi o senhor o responsável por desligar as luzes e fazer o som falhar, certo?

Ainda rindo, o diretor respondeu:

- E também por escolher o local fantasmagórico do colégio. Muitos ainda têm medo de pisar naquele lugar. Você não tem medo, certo?

Lia gesticulou negativamente com a cabeça. A chance havia chegado! Faria o primeiro papel de sua vida. Embora o êxtase, algo não lhe escapara... O diretor parecia conhecer bem o colégio Belas Artes.

- Mas não será bailando... – disse o diretor teatral.

Lia aliviou um pouco a expressão. Porém, não se deixou abater! A sua grande estreia viria com uma história que bem conhecia. Fora contemplada com o papel de Julieta, na peça Shakesperiana "Romeu & Julieta" no campo profissional-adulto!


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OS KARAS EM: A DROGA DO ORIENTE [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora