Lia estava muito animada! Fariam o primeiro musical e os papéis que interpretariam seria definido naquele mesmo dia. Já havia tanta gente em volta, que a garota não conseguiu ver seu papel, até que Billy alegremente veio lhe dizer...
- Parabéns, Lia! Você fará o papel principal da peça! Será a Emília de Monteiro Lobato.
- Está falando sério?
Ele estava! Lia faria sua primeira apresentação no colégio! Por certo já havia feito outras pela antiga escola. Mas agora, muito mais pessoas estariam presentes. O sonho estava cada vez mais próximo de alcançar.
KKK
"Vamos construir uma ponte em nós... Vamos construir, pra ligar seu coração ao meu com o amor que existe em nós..."
O musical havia sido um sucesso! Todos aplaudiram em pé o final da mesma com a canção antiga dos sertanejos "Chitãozinho e Xororó", adaptada para o estilo do ballet clássico. Todos admiravam pasmados a belíssima atuação da jovem que interpretara Emília. A desenvoltura da mesma rapidamente fora notada e espalhada pelo meio. Com isso, mais objeto de inveja a garota se tornava.
- Algumas pessoas acham que são o que não são... – falou, uma menina pequena, alto o suficiente para que Lia pudesse ouvi-la.
A garota porém não se importava. Estava contente pelos elogios.
Um professor de uma turma mais adiantada já a estava escalando para outra peça. Dali por diante teria muito trabalho para fazer e amava cada momento.
KKK
- Mas, por que você gosta de ficar tanto tempo por aqui? Só o ambiente já me deixa assustado. Já reparou que aqui o vento é bem mais denso do que em outros lugares? Tenho certeza que...
Era difícil alguém mais falar quando Billy estava presente. No entanto, ela notara que ele estava diferente... No início das aulas ele parecia sonolento. E por que ele sempre usava camisetas de mangas compridas?
Embora os poucos afetos, Lia estava cada vez mais a vontade no colégio. Sentia que havia achado o seu lugar. Mas, ainda lhe faltava mais! Queria ser algo mais! Precisava assim ser... Só assim para os pais trabalharem menos e admitirem que os estudos da mesma valeram a pena. Tinha muito mais para fazer...
KKK
- Desculpe-me, Lia. Você tem se saído muito bem, mas ainda é muito cedo para você estrear profissionalmente – assim dizia o professor de atuação Noah.
Obviamente Lia não se deixava vencer por tais argumentos. Eram os mesmos que lhe dizia a professora antiga de Ballet. Tinha que fazer com que a vissem! Queria estar no mundo da atuação, mesmo ainda sendo menor de idade e estando a tão pouco tempo no colégio. Foi quando se decidira! Precisava chamar a atenção dos diretores teatrais.
Como já era de costume, acordara antes do sol nascer. Mas naquele dia, despertou muito mais cedo. O horário já era o de muito movimento, mas isso não a impedia!
Após uma hora e meia chegou na agência teatral que pretendera. Trajava uma capa lilás e uma calça branca de náilon. As cores chamaram a atenção da recepcionista, mas o que mais lhe impressionava eram os olhos claros em uma garota de olhos puxados!
Lia não esperava ser atendida tão facilmente. Perguntara para a recepcionista a respeito do agente que estava presente e a sala. Ela lhe informara, porém avisou que ele só atendia se tivesse hora marcada.
- Eu vim de muito longe... Posso espera-lo desocupar a fim de vê-lo, ao sair? – disse Lia.
- Não vai muito adiantar, mas se quiser...
Lia se sentou no sofá de frente para a recepcionista do prédio. Um lugar como aquele não podia ficar, nem por um instante, sem alguém na recepção e nem deixariam que entrassem nas dependências do prédio sem aviso prévio. Ela perceberia se subisse sem autorização e avisaria para que a retirassem do lugar, muito provavelmente.
Pegou uma revista e se pôs a folheá-la, enquanto que com o canto superior dos olhos fitava a recepcionista. Embora acreditasse que, mesmo que não fitasse diretamente a moça, a veria, afinal, estava usando uma blusa vermelha comprida e uma saia longa bege. Ela teria que sair de lá a qualquer momento.
O porteiro apareceu após 10 minutos de espera. Ele informou algo a recepcionista que a fez apressar-se em sair. Era a deixa... Até perceberem que os cones que havia deixado próximos ao carro da recepcionista não pertenciam a nenhum obreiro e a polícia se certificar da história, ela já teria executado tudo o que pretendera fazer.
Por certo, a garota havia estudado o lugar e reparado na chegada da recepcionista naquele Gol prata 2005. Encontrara os cones em um terreno baldio ali próximo e os reformara a ponto de parecer com os usados nas estradas a fim de limitar a região a se circular com os carros. Embora tanto feito, não pretendia falar diretamente com o diretor. Ao alcançar o andar pretendido, deparou-se com uma secretária que estranhou a presença dela ali. A secretária também usava uma blusa de manga comprida, mas de cor cinza. Naquele horário matinal, a brisa poderia ser turbulenta ao ponto de leve frio, mas a tarde, naquela estação, ela fritaria...
A secretária sabia que o chefe não receberia ninguém naquela manhã! Antes que ela pudesse dizer algo, Lia falou:
- Vim apenas entregar um convite para o seu chefe. Estarei na peça de uma das principais escolas teatrais do país nessa semana e gostaria da presença dele.
- Ele é um homem muito ocupado e não acho...
- Por favor, apenas se certifique de que ele receba o convite. O musical será Otelo e interpretarei Desdêmona...
Lia se retirou e a secretária apenas ficou aobservá-la de modo sério até que desaparecesse pelo elevador e olhou o convite. Pelo tempo em que ela trabalhava com o chefe sabia que ele pouco se importaria,porém algo naquela jovem era peculiar. Uma oriental de olhos claros faria opapel de Desdêmona em uma das peçasde que mais gostava seu chefe. Talvez devesse passar a informação. Era curioso o fato dela nem ao menos ter sido anunciada.
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OS KARAS EM: A DROGA DO ORIENTE [COMPLETO]
FanfictionEm um clima de grande mistério e terror, Lia e um grupo secreto de jovens de idade aproximada se unirão para combater um grupo organizado, de um antigo e clássico vilão tão conhecido por eles. "Tudo foi muito difícil, mas nada se comparou ao moment...