Night Changes - Agência de Encontros | ZM

· Quarenta e Nove ·

Aponto meu crachá na direção da câmera e logo depois o portão é aberto, entro e empurro o mesmo para que ele feche, ando até a pequena cabine para cumprimentar Sean, o porteiro, ele sorri de forma acolhedora, como sempre faz.

Passo pela recepção, seguindo para o corredor dos quartos, Sr. Thomas já deve estar pronto para o café da manhã.

Bato na porta umas três vezes e posso escutar sua voz dizendo "já vou" bem baixinho, ele sai de lá vestindo o seu típico casaco de lã, o que faz ele ficar incrivelmente adorável.

- Bom dia!

- Bom dia. - respondo.

Abro espaço para que ele passe pela porta e começamos a andar, quando ele vira a esquerda em direção do refeitório, seguro seu braço, fazendo ele parar.

- O que foi?

- Nós vamos parar o jardim. - informo.

- Por que? - não respondo, levo o dedo indicador aos lábios, fazendo ele ficar quieto.

Quando saímos para o jardim, alguns enfermeiros me encaram com as sobrancelhas erguidas, apenas informo que ele não está com fome, recebendo um olhar assustado do Thomas.

- Aqui está bom. - paro de andar quando percebo que estamos afastados, me sento e ele faz o mesmo.

- Chega de mistério. - ele pede.

Tiro um pote com tampa da bolsa e talheres, entrego na sua mão, ele abre desconfiado, mas parece estar feliz logo que vê.

- Você fez panquecas para mim? - afirmo.

- Eu não aguentava mais te ver comer essas coisas estranhas no café da manhã. - ele come o primeiro pedaço, sorrindo satisfeito.

- Estão gostosas. - ele comenta. - Como foi a viagem?

- Não tenho uma palavra para definir, no começo eu tive esperança, mas no final voltamos a estaca zero.

- É uma pena. - ele responde ainda concentrado na comida.

- O que acha de passar um dia com as minhas amigas?

- Acho que não tenho tanta energia para passar o dia com adolescentes.

- Eu não tenho amigas adolescentes. - reviro os olhos. - Mas garanto que elas tem energia de sobra.

- Tipo a Mia?

- Totalmente o tipo da Mia. - respondo rindo.

Ele ri um pouco sem jeito, com a boca cheia de comida, o que me deixa feliz, porque imagino que não é legal passar o resto da vida comendo coisas saudáveis por pura falta de opção, no caso dele por pura falta de abandono.

- Você trouxe o almoço também? - ele pergunta, já fuçando na minha bolsa.

- Não. - seu olhar decepcionado, indica que ele odiou a informação. - Fala sério, não tem mingau de aveia no almoço, o que já é uma bênção.

Olho para o relógio no pulso afim de saber se já me encontro atrasada, as dez e meia preciso levar o velhinho para a ginástica, é importante aquecer os músculos nessa idade.

- Vamos? - guardo tudo dentro da bolsa tendo a certeza de que não deixei nada para trás.

Com uma certa dificuldade levanto do chão, andamos até a quadra esportiva e me despeço dele, eu tenho esse tempo livre, depois da ginástica ele volta para o quarto e com a supervisão de um enfermeiro ele toma banho e se arruma, eu só preciso passar para levá-lo para o almoço.