Já eram 21:00h, Luiza terminava de contar mais uma história para Laura, que já cochilava.
Luiza encobriu a filha e levantou para sair do quartinho que era seu mundo cor de rosa. Ia apagar a luz quando Laura chama.
-Mamãe?
-Sim meu amor.
-Quando vou conhecer o meu papai? -Luiza tentara por horas manter a cabeça dela bem ocupada, distraindo-a para que esquecesse de seu pai.
-Eu ainda não sei, minha filha. - sua voz era doce, mas preocupada.
-Mamãe, eu sempre quis ter um papai. Olha, a senhola tem um papai, o Bruninho tem o tio Jean. E eu não tinha ninguém. Agola tenho papai também. - Laura demonstrou tanta felicidade falando assim, que Luiza sentiu-se culpada - Meu papai está muito doente?
-Não querida, ele logo terá alta. Talvez essa semana ainda.
-E eu posso visitar ele? Já sei, já sei! - Laura coloca o dedinho indicador em seu minusculo queixo.
-O que meu amor? -Luiza diz achando graça de sua filha que a cada dia a surpreendia com novos gestos e maneiras de falar.
-Vou levar fores para o meu papai. Igual na tevisão! - Laura era muito esperta - Como ele é?
-Como ele é? Vamos ver... - Luiza pensa um pouco no que dizer -Ele se parece muito com você, meu amor. Seus olhos, cabelos e bocas são iguaizinhos!
-Eu queria que meus olhinhos fossem iguais aos seus... - fica deprimida -E como é nome dele?
Luiza pensa um pouco olhando para Laura. Ela era tão pequena, mas entendia muitas coisas. Não teria como esconder muito mais tempo sobre seu pai. Mas ela não queria, não queria mesmo que Cadu tivesse o gosto de conhecer a filha que ele um dia desprezou. Sua cabeça cada dia ficava mais confusa, e já começava a doer de preocupação.
Luiza foi tudo para Laurinha, e sozinha. Desde a gestação, aguentou os enjôos, o mal estar, aguentou a azia, aguentou o peso da barriga, a dor nas costas, aguentou a dor nas juntas e articulações. Aguentou a dor do parto. E tudo isso sozinha. A única coisa que Cadu fez com relação a gravidez, foi supor que Laura não era sua filha e pedir para aborta-la. Não era justo.
-Mamãe? O que foi? Você ficou tiste... Sabe que eu não gosto quando você fica assim, pensando. Você nem me falou o nome do meu papai!
-Estou bem meu amor. Mamãe só está um pouco cansada. Só isso, princesinha.
-E qual o nome dele? - Laura era muito persistente, o que também herdara do pai. Sempre que queria saber de algo, ela lutava até conseguir. E Luiza sabia que dessa vez não seria diferente, que Laura não sossegaria até conhecer seu pai.
Luiza suspirou forte - Carlos. Carlos Eduardo, o nome dele. Agora vamos dormir que já é tarde. Tá bom? Nada de mais perguntas por hoje! - diz sorrindo, mas por dentro estava em prantos. Só queria ir para o seu quarto e chorar um pouco.
Fez novamente o processo de encobrir Laura, dessa vez dando um longo beijo em sua testa -Eu amo muito você minha pequenina! -diz, e sai do quarto. Segue meio tonta, devido o turbilhão de pensamentos que invadem sua cabeça. Foi um choque muito grande saber que Silvia contara a sua filha sobre Carlos Eduardo. Mas as palavras dela ainda latejavam em sua mente, e batiam doloridas no coração.
Laura ficou tão feliz com a novidade que doía no peito de sua mãe. Mas qual mãe não faria de tudo para ver o sorriso de um filho. Ainda mais Laurinha, que era tão doce e amorosa. Luiza começou a achar que era mesmo um direito de sua filha conhecer o pai, que realmente estava sendo egoísta. Mas Cadu a fizera chorar tanto. Não parecia nada justo. Nada mais parecia justo ou certo naquele momento.
Ele parecia mesmo arrependido. E estava, isso era notável.
Enquanto Luiza sofria com a indecisão e o medo de tomar a escolha errada, Cadu se encontrava também em prantos, se amargurava a todo o momento, se sensurando com relação a seu passado. Ele simplesmente descartara a mulher de sua vida, e pior, com sua filha no ventre.
-Você é um inútil mesmo! -dizia a si mesmo com muito ódio e dor. Ele já via o que perdera antes do acidente. Logo que Luiza foi embora, ele percebeu o quão infeliz fora nas suas escolhas. Procurou por ela em todos os cantos, em Curitiba e em seus arredores. Mas nada. Nenhuma pista.
Essas lembranças o atormentavam dia e noite. E agora que a encontrou novamente, o que poderia oferecer a ela? Um imprestável em uma cadeira de rodas? Nada. Absolutamente nada tinha a oferecer.
Queria ao menos conhecer sua filha. Mas certamente ela nem sabia de sua existência, e isso doía. Doía mais ainda saber, que se fosse por sua hipocrisia, na época, Laura nem teria nascido. Laura Sophie. Que nome lindo!
Cadu ficava horas pensando em com quem ela se parecia, se era com ele ou com sua mãe.
Já eram 3:45h da manhã, quando conseguiu adormecer.
***
Luiza chega cabisbaixa no hospital. Seu coração ainda apertado, batia forte, acelerado.-Bom dia Cadu!
-Eu em, você chegando aqui toda pra baixo?
-É que aconteceu umas coisas ontem e minha cabeça está doendo, só isso.
-Com Laura? O que aconteceu com ela? -surgiu um repentino desespero em suas palavras.
-Sim, com ela, mas são apenas confusões e questionamentos que toda criança faz.
-Então está tudo bem com ela?
-Perfeitamente bem. - sorriu, pois Laura tinha uma saúde de ferro.
-Posso lhe fazer um pergunta? -Luiza já imaginou que o mesmo interrogatório que Laura fez a ela, ele faria também, respirou profunda e demoradamente e assentiu.
-Diga.
-Como ela é? -Cadu fica apreensivo -Quer dizer, só responda se quiser. Sei que não mereço nenhuma de vocês duas. - disse com voz grave, de pura tristeza.
-OK. Vamos lá - Luiza estava cansada -Ela é uma ótima menina. Doce, amorosa e muito gentil. Esperta. E muito sapeca - sorri - Fisicamente, se parece muito com você. Tem os seus olhos, -fita intensamente aqueles olhos negros - quer dizer, seus antigos olhos, aqueles alegres e brilhosos. Hoje seu olhar não é o mesmo. Está apagado, e eu não gosto deles assim.
-Ficaram assim, quando você foi embora. É algo que não dá para mudar... Mas não vamos falar sobre isso, conte mais sobre ela.
-Sua boca, e seu cabelo. Ela incrivelmente, é a sua cara!
Carlos Eduardo fica com os olhos marejados.
- Se eu pudesse mudar o meu passado, eu com certeza a conheceria.
- Existem coisas que não dá pra mudar Cadu.
Ele apenas abaixou os olhos e uma lágrima pingou em seu colo.
Luiza percebeu o quão infeliz e arrependido ele estava. Sentiu sua dor. Chorou com ele. E decidiu mudar sua historia.
Grupo no Face: Tatii S. Domingos autora
Instagram: @tatiis.domingos-Hey guys!
Como vocês estão? Estou bem, obrigada!
Gente do céu, pobre Cadu, bem que Luiza poderia ceder né. O tal do orgulho é terrível.
Pelo menos por Sophie né?
Então é isso, gente!
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Beijos!
Tatii S. Domingos
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Para Sempre, Amor (revisando)
Roman d'amour"Quando a vida se multiplica..." A vida é uma tragetória cheia de altos e baixos, cheia de curvas as quais não se vê o que vem em nossa direção. E é exatamente isso que acontece com Luiza, uma jovem médica, com uma filha de apenas quatro anos de ida...