Cadu vê Luiza indo embora e tenta correr atrás dela, mas está muito dolorido, e ainda, por mais que fizesse força, não conseguia ir muito longe com a cadeira, lhe faltava prática. Maldita cadeira.
Luiza sabe que mesmo vagarosamente, Cadu está atrás dela. Ela não vai ser tola, não vai cair na dele. Seu coração está estilhaçado em seu peito e ela só consegue sentir raiva... ravia por ter sido idiota, raiva por ter feito sua filha passar por aquilo, raiva por a ter magoado.
Cadu vê Luiza com Laura no colo entrando no elevador, a pequena chora agarrada a mãe, e isso lhe parte o coração, ele está desesperado. Luiza olha para ele, mas sua expressão não é a mesma de anos atrás, mas sim de alguém que sente muito ódio.
As portas se fecham e esta será a última expressão que ele viu em suas mulheres, dor na pequena e ódio na grande. Mais remorso em seu peito.
- Não Luiza... Não... - diz sem mais forças para lutar.
- O que foi bebê? Não consegue ir muito longe? Quer que eu te empurre? - Débrah chega sorrateira atrás dele e fala bem pertinho dos seus ouvidos.
- Saia já de perto de mim, sua maluca! -Cadu diz de dentes serrados. Ainda não conseguia raciocinar direito, como em um momento as coisas pareciam que iriam se resolver, e em um minutos que se passou, tudo ficou ainda pior que antes!
Agora, além da dor de ficar longe de Luiza, ficaria com a cena do olhar de tristeza que ela lhe lançou quando Débrah disse que era sua noiva, do brilho daqueles olhos se apagando e do olhar frio que ela o lançara da porta do quarto antes de sair. E o pior, o abraço de Laura se tornaria apenas uma lembrança, o que ele pensou que se tornaria algo comum em sua vida.
Depois disso, estava certo que jamais Luiza o permitiria chegar ao menos perto de sua filha, e isso foi mais um peso em suas costas.
- Calma querido, agora você tem a mim. -Débrah diz, piscando seus longos cílios postiços e sorrindo irônica.
- Prefiro morrer, do que ficar perto de você, vadia! Olha o que você fez, você merece morrer. Isso não vai ficar assim. Não vai! - Cadu estava histérico, à beira da loucura.
Débrah solta uma alta risada debochando dele - E o que você vai fazer? Me bater? Sentado aí? - aponta para a cadeira ainda rindo - Eu acho que não, mon amour! Você já não era muita coisa com as pernas, agora que é um aleijado... oh, excuse. Paraplégico. Agora você não é de nada!
"Maldita viagem para a França" pensava Cadu. Débrah era francesa, e foi em uma das viagens caríssimas que ele fazia que a conheceu, depois de meses namorando, ficaram noivos e Débrah viera para o Brasil, e mesmo depois do término ela continuava a morar aqui.
Com a alta mesada que recebia, nem precisava trabalhar, apenas aproveitava seu tempo indo à praia, à festas e fazendo compras.
No começo Cadu gostava muito do sotaque dela, mas com o tempo foi ficando chato e a partir desse dia, insuportável.
O término do relacionamento foi difícil, ela parecia ser obsessiva por Cadu e não aceitava de forma alguma ficar longe dele, que por sua vez, notava dia após dia o que perdera, se agonizando de remorso e arrependimento por ter deixado Luiza.
Cadu passou muito tempo procurando em Débrah a mulher que perdera, mas acabou percebendo que ela não era nada disso, ela era apenas uma garota mimada e arrogante, que pensava apenas em si. Exatamente como ele fora um dia.
***
Luiza foi direto para casa com a pequena Laura a enchendo de perguntas as quais ela não estava nem um pouco afim de responder, a pequena estava com medo e confusa. Em sua garganta existia um nó, um emaranhado de maus sentimentos, um misto de dor e raiva. Não entendia como pode se deixar levar, e as lágrima cada vez acumulando mais e mais.
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Para Sempre, Amor (revisando)
Roman d'amour"Quando a vida se multiplica..." A vida é uma tragetória cheia de altos e baixos, cheia de curvas as quais não se vê o que vem em nossa direção. E é exatamente isso que acontece com Luiza, uma jovem médica, com uma filha de apenas quatro anos de ida...