Assassinato

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No sábado fomos almoçar todos juntos, mas por algum motivo idiota Soraya não quis vir almoçar com a gente, Tia Carlota sorria mas eu sabia que ela estava triste.

Depois que comemos Tia Carlota nos mandou sossegar mas estávamos sem sono então fomos no quarto ao lado chamar Renata.

_ Você não gosta de brincar a tarde?

Era a voz de Renata do outro lado da porta.

_Ah... eu prefiro descansar...

_Poxa... bem que a gente podia fazer alguma coisa divertida...

_Nananinanão... Eu não fico brincando toda hora como vocês, eu preciso dormir um pouco pra não ficar com olheiras... vou dormir e por favor, faz silêncio.

E houve silêncio.

_Bate na porta. _ sussurrei para Adriana e ela bateu. Renata a abriu e deu um belo sorriso.

Fomos para o nosso quarto enquanto Renata nos dizia que Maíze era muito chata; enquanto as meninas brincavam de alguma coisa usando lápis de cor e folha de papel eu acabei cochilando na cama de cima do beliche...

CH

Acordei e percebi que estava com a cara inchada, fui ao banheiro e quando voltei vi que todos estavam no andar de baixo; desci às escadas e ouvi vozes vindas do quintal, fui até lá encontrei tia Carlota sentada numa cadeira de balanço com uma cesta de frutas no colo, fios brancos começavam a aparecer nos seus cabelos e rugas cercavam seus olhos enquanto ela sorria para os meninos, eles estavam correndo de um lado para o outro, brincando de pega-pega, as meninas estavam brincando de amarelinha e me chamaram. Comecei a brincar com elas até que Railsom passou perto de mim e me deu um escorão.

_ Railsom! _ gritei. _ Eu vou te pegar!

_Ei pessoal! _gritou ele. _ A Laurinha é a mãe!

Comecei a correr atrás de Railsom e no caminho encostei em Tiago.

_ O Tiago é a mãe! _ gritei.

_ Ah, não sou não... _ falou ele e me puxou, caímos no chão, ou melhor na lama, quem veio pra nos ajudar a levantar acabou caindo também e assim ficamos todos lambuzados.

_ Ei! Ei!

Era Tia Carlota tentando nos controlar.

_ Todo mundo pro banheiro!

_ Como tia? Não cabemos todos lá... _ disse Adriana e nós rimos, Tia Carlota fez uma cara pra nós e nos calamos.

_ Só vai pra pracinha hoje quem tomar banho.

Saímos nos acabando pra dentro da casa.

_ Façam fila! Façam fila! _ Tia Carlota ordenou.

CH

Estávamos todos arrumados na sala esperando Tia Carlota vir, eu estava com um vestido amarelo, cor de Sol, pensando no que Tiago havia me dito, "Você parece uma flor", ele havia sussurrado em meu ouvido quando me viu, e depois se juntou aos meninos me deixando lá, corada.

Depois que tia Carlota apareceu nós nos organizamos e fomos num carro bem espaçoso até a praça. O carro seguia lento e Renata tagarelava ao nosso lado:

_ Tenho uma novidade pra vocês!

_ Sério? _ perguntou Adriana _ O que é?

_ Vocês não imaginam o que eu encontrei...

Antes do carro dobrar a esquina eu olhei pra trás, não sei porquê mas olhei, através do vidro do carro eu vi uma moto parada na frente do orfanato, uma moto amarela com um homem vestido de amarelo também; a porta se abriu e uma figura apareceu, era Soraya. Devia ser alguma encomenda pra Tia Carlota, talvez para o orfanato, mas o problema foi que ela nunca foi entregue...

CH

Voltamos tarde da noite do parque, lanchamos lá mesmo e brincamos pra caramba. Quando chegamos eu estava morta de cansada e fui direto pra cama, nem vi Soraya mas quando comecei a cochilar ouvi vozes altas no andar de baixo, Soraya estava brigando com Tia Carlota, de novo...

Parece que Soraya saiu sem a permissão de Tia Carlota, ela dizia que tinha ido ao supermercado e Tia Carlota insistia que ela tinha saído com Nil; pra mim, ela tinha feito as duas coisas.

CH

Meu sono foi profundo mas no meio da noite me deu muita vontade de fazer xixi que eu tive que levantar pra não molhar o colchão.

Quando voltava do banheiro tive a impressão de ter ouvidos barulhos na cozinha, entrei no meu quarto escuro e esperei; um vulto passou rapidamente pela porta, esperei ele sumir e eu o segui, desceu às escadas e eu fiz o mesmo, parei antes de entrar no corredor e espiei com o rabo do olho.

Soraya entrava no quarto de Tia Carlota com uma xícara nas mãos, a fumaça subia e torneava seu rosto, quando a vi meu corpo se arrepiou e eu decidi voltar para o quarto; talvez Tia Carlota estivesse doente, talvez Soraya estivesse fazendo um remédio pra ela, talvez ela não fosse uma filha tão ruim assim, talvez...

CHIQUITITAS - InnocenceOnde histórias criam vida. Descubra agora