A festa aconteceria sábado à noite, Maíze saiu avisando em todos os quartos, ela estava adorando aquilo, gostava de festas e gostava de mandar, e as duas coisas aconteceriam no sábado à noite.
Ainda faltavam dois dias para a festa e foi como se o tempo se arrastasse, por um lado queria que o dia chegasse logo pra que eu pudesse agir, mas também seria chato eu ter que deixar Tiago na festa pra distrair Maíze, ainda bem que eu nem estaria lá pra ver.
CH
A casa estava escura aquela noite, as luzes foram todas apagadas deixando apenas as luzes coloridas na piscina.
Soraya estava arrumada como uma adulta, com um vestido justo preto (por que será que ela gostava tanto dessa cor?) e um batom bem vermelho nos lábios, o que ela sempre usava.
Meus outros amigos foram pra festa e até ficaram junto com Rangel que, segundo me falaram depois, estava muito triste pois sua melhor amiga não dava nem bola pra ele; essa amiga era Maíze que estava enchendo o saco de Tiago aquela noite, ele inventou a desculpa de que eu estava encolhida num canto por ali pois estava muito emburrada porque não queria festa, e Maíze nem quis chegar perto para se certificar, ela com certeza não queria me ver chateada.
Eu sorria comigo mesma enquanto vagava pelo corredor cautelosamente junto com Adriana; ela havia dito à Soraya que estava com dor de barriga, por isso iria ao banheiro e demoraria; então fomos juntas com uma lanterninha que Antônio havia nos emprestado, ele sempre tinha essas coisas.
Estar ali era perigoso pois lá pertinho ocorria a festa mas Adriana ficaria na porta espiando qualquer movimento no escuro e eu vasculharia o guarda-roupa de Soraya.
Procurava por todo o canto até que, na porta esquerda do guarda-roupa encontrei vários vestidos, bem diferentes dos que ela usava, esses eram de festa, pareciam mais chiques. Quando passei a mão nos vestido percebi que embaixo deles havia um conjunto de pastas, se estavam ali e não no escritório era porque ela queria esconder alguma coisa...
Corri os dedos por todas, de cima a baixo, até que os meus dedos encontraram uma pasta fina no meio das outras, parei e a puxei com cuidado, dentro dela havia apenas um papel, velho, com algumas coisas escritas numa letra muito bonita mas ao mesmo tempo estranha.
_ Laurinha, _ sussurrou Adriana para mim_ não demora.
_ Espera, _ retruquei _ vem olhar aqui.
Ela veio na pontinha dos pés e se ajoelhou ao meu lado, foquei com a lanterna para a folha que tinha encontrado.
Querida Carlota
_ Querida Carlota... _ murmurou Adriana.
_ Hã?
_ Acho que... acho que isso é uma carta Laurinha.
_ Carta?
_Sim, uma carta.
_ Ela é para Tia Carlota não é?
Adriana balançou a cabeça.
Eu peguei a carta e uns outros papéis que pareciam importantes, abandonei a pasta e subi para meu quarto. Adriana voltou para a festa e depois de eu ter guardado tudo na minha gaveta voltei também.
"Além de Soraya ser uma bruxa de tão chata é também muito enxerida", pensei enquanto voltava; ela tinha tido a cara de pau de pegar uma carta que não era pra ela!
Eu precisava pegar aqueles papéis e levar pra alguém que tirasse Soraya daqui, eu estava tão consciente de que ela havia matado Tia Carlota que aquela ideia, que provocava arrepios nas minhas amigas, havia se tornado algo banal para mim.
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CHIQUITITAS - Innocence
General FictionEssa não é uma história para crianças. É apenas a história de uma garotinha orfã que foi criada por uma mulher pobre mas logo depois foi deixada em um orfanato onde viveu com seus melhores amigos. Quando uma terrível tragédia a fez sair de lá e ir...