Silêncio

22 2 0
                                    


Abri os olhos e os fechei novamente, havia muita luz ali; virei a cabeça e vi a penteadeira com uma jarra cheia de água. Água...

Levantei cambaleando e sedenta, peguei a jarra tremendo e bebi como uma perdida. A água escorreu por meu queixo até que eu parei e respirei fundo, bebi de novo até que ouvi uma risada baixa.

Tiago.

Ele estava sentado no canto do quarto com uma folha e um lápis na mão, me encarava com um sorriso que me derreteu.

Abaixei a jarra e fui até ele, rapidamente ele se levantou e me firmou.

_ Tudo bem?

Olhei em seus olhos, ele havia me salvado.

_ Tiago... _ sussurrei e me joguei contra ele o abraçando. Parecia que aquele tempo que passei sem vê-lo foram anos... e então me lembrei delas, Chiquititas! _ Onde as meninas estão?

_ Eu já vou atrás delas, espera só um pouquinho.

Segurei seus ombros.

_ Espera Tiago. Como conseguiram me tirar do quarto?

Não queria me lembrar daquilo mas precisava saber.

_ A gente já vai explicar...

_ Tá legal. Muito obrigada.

Beijei tiago nas bochechas e ele ficou vermelho na hora.

_ Não demora.

_ Tudo bem. _ Tiago sorriu, me deu um beijo na boca e foi embora.

Fiquei parada ali, como se minha alma tivesse partido... Tiago havia me beijado? Meu Deus! Tiago havia me beijado! Isso era demais!

Não era tão nojento como eu pensava porque na verdade, foi só um selinho, mas bastou pra eu ficar no mundo da lua até eles chegarem.

Sentei na cama toda pateta e meu estômago roncou. Fui até a porta pra ir a cozinha procurar alguma coisa mas então paralisei. Provavelmente Tiago havia me tirado escondida do quarto então não seria uma boa ideia alguém me ver andando pela casa.

Voltei pra cama e depois troquei de roupa, aquele pijama estava podre. E esperei.

CH

Ouvi vozes no corredor e fiquei prestando atenção até que a porta se abriu e Tiago surgiu; junto com ele vieram Adriana e Renata. Me levantei num impulso e as abracei.

_ Ai Laurinha! Quase me mata de susto! _ falou Adriana.

_ Ainda bem que a gente conseguiu. _ disse Renata.

_ Conseguiu? _ Me afastei e analisei seus rostos. _ Como conseguiram?

_ Bom... _ suspirou Renata. _ É uma longa história...

_ Mas acho que temos tempo de sobra pra contar... _ disse Adriana estalando os dedos.

_ Então comecem. _ retruquei eu cruzando os braços e sentando na cama.

_ Tudo bem... _ Renata começou a falar. _ Depois que você entrou naquele quarto Soraya nos trancou também em nossos próprios quartos e só mandava Maize nos dar comida uma vez por dia.

Meu estômago roncou.

_ Ao contrário de você né... _ completou ela com pena.

Dei de ombros.

_ Mas por que a casa estava tão silenciosa?

Tiago começou a explicar.

_ Quando Soraya não estava dando comida pra gente ou resolvendo algum problema no escritório ela simplesmente saía com Maíze, e deixava Rangel com a gente. Na verdade ele ia brincar no quintal porque eu vi pela janela do meu quarto ele ir pegar uma bola no lado da casa uma vez. Depois disso tentei manter contato com as meninas.

CHIQUITITAS - InnocenceOnde histórias criam vida. Descubra agora