Prisão

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Agora eu estava ali, numa posição de ataque, preparada pra revidar ou correr a qualquer momento. Mas então encarei Soraya e seus olhos fúnebres e de repente ela abriu um sorriso espetacular mas ao mesmo tempo assustador.

_ E então minha querida, _ ela começou a andar de um lado para o outro_ agora você vai me contar tudo, ouviu? Tudo que passou por essa sua cabecinha...

Soraya parou e me encarou.

_ Por que mexeu nas minhas coisas?

Recuei mais um pouco até encostar na parede e Soraya firmou as duas mãos no colchão da cama.

_ Não vai responder?

Olhei para ela e depois para o colchão que estava entre mim e Soraya, me impedindo de chegar até a porta, mas se eu fosse mais rápida conseguiria escapar.

Pus o pé direito no colchão e senti as mãos de Soraya em meus braços.

_ Sua peste! _ gritou ela.

Me desvencilhei e voltei para o chão.

_ Você acha que eu sou idiota?! Você é tão burrinha... coitadinha, não tem culpa de ser loirinha..._ Ela mudou de expressão novamente como de costume, parecia ter duas personalidades. _ Eu vi as pastas bagunçadas! Vi que as folhas haviam sumido! Você achou que esse seu papo de tristeza e chateação iam dar certo?! Duvido que você abriria mão de uma festa, assim como todas as crianças desse orfanato!

A voz de Soraya ecoava no quarto.

_ Fui eu quem mandou Maíze ir pegar as folhas; mas mesmo assim, você, uma garota insignificante como você, ainda teve coragem de machucar minha Maíze?

Soraya inclinou a cabeça para o lado e me olhou, era agora ou nunca, ou correria até a porta ou deixaria ela me massacrar. Pus o pé novamente no colchão e dei um salto, mas Soraya me pegou no ar e me pôs sentada na cama.

_ A mocinha não vai fugir não..._ disse ela e comecei a chutar suas pernas. _ Quieta menina! _ Mas não parei, então ela me esbofeteou o rosto e senti minha bochecha arder.

_ Você não pode fazer isso! _ gritei.

Soraya soltou uma gargalhada diabólica.

_ Eu posso fazer o que eu quiser, quando eu quiser e como quiser. E você, imbecil, enquanto não aprender a me respeitar como diretora desse orfanato vai ter que aguentar as consequências das suas escolhas!

_ Você não é diretora nadinha! _ gritei na cara dela_ A Tia Carlota que...

Antes que eu terminasse ela me interrompeu.

_ Essa mulher já morreu! Ela não existe mais!

_ Você nunca vai conseguir tirar a Tia Carlota daqui Soraya, não percebe? Ela criou o orfanato e sempre foi tão boa... _ sinto vontade de chorar.

Soraya se agachou e olhou em meus olhos.

_ Ela vai sumir sim, nem que eu tenha que matar mais alguém pra isso.

Entrei em êxtase e Soraya me pegou pelos ombros rapidamente e me lançou no colchão; bati com a cabeça no espelho da cama e me encolhi por conta do choque gerado no meu corpo.

_ Agora trate de ficar quieta. Se você colaborar, não passa de uma semana aqui. _ Ela foi até a porta e me olhou. _ Eu acredito que você é capaz de me obedecer loirinha, é só se esforçar... _ Soraya dá uma piscadela e lágrimas nasceram em meus olhos.

A porta foi fechada e eu ouvi ela passar a chave.

Sentei na cama e chorei, só não gritei pra que ela não ouvisse. Cravei as unhas no cabelo e me culpei por tudo que estava acontecendo.

Se eu não tivesse feito o que fiz talvez não estaria aqui agora, e até meus amigos seriam poupados; estremeci só de imaginar o que Soraya poderia fazer com eles...

Talvez eu devesse desistir, talvez essa deveria ser a hora de parar.

CHIQUITITAS - InnocenceOnde histórias criam vida. Descubra agora