Capítulo I - Parte II

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Aquela era a última semana de outono, mas o frio já alcançara a região de Portland fazia quase um mês.

Sentado diante do lago, o príncipe Samuel observava o pôr do sol, pensativo. O vento gélido balançava as últimas folhas que ainda resistiam nas árvores.

Naquele momento, tudo o que Samuel pensava era na guerra que estava programada para depois do inverno. O conselho havia se reunido logo após o ataque ao vilarejo e determinou em enviar um comunicado de repúdio ao rei Anthony diante da covardia do ataque e uma proposta de batalha.

A proposta foi lida para todo o povo de Portland no dia em que foi recebida a resposta de Greenfield. Samuel soube juntamente com todos os plebeus e soldados que seu reino travaria um combate armado contra o reino de Greenfield em campo neutro logo após o inverno passar. O rei Anthony aceitou as condições de Portland e se comprometeu em não realizar novo ataque surpresa até o dia do combate.

O vencedor da guerra tomaria posse do reino perdedor. Ao ouvir seu pai pronunciar aquelas palavras, um calafrio percorreu a espinha de Samuel em imaginar seu precioso povo nas mãos do terrível Anthony.

Naquele fim de tarde, diante do lago, o jovem desejava encontrar uma alternativa para evitar o combate entre os reinos. Todas as ideias que pensara não lhe pareceram aceitáveis, ainda mais se tratando de seu pai, que era um homem de palavra firme.

Ainda assim, levantou-se decidido e caminhou de volta para o castelo, disposto a encontrar, junto com o pai, uma alternativa para cancelar aquela guerra. Com passadas largas, o jovem príncipe se dirigiu até o escritório do rei.

O rei estivera quase todos os dias, desde que fora definido o combate, sentado diante de sua escrivaninha no escritório. Ele não percebeu a aproximação de Samuel, tão concentrado estava no que fazia.

- Meu pai? – chamou o príncipe na porta.

O rei ergueu a cabeça e fitou-o com olhos vagos.

- Sim filho, algum problema?

- Posso entrar?

O rei assentiu, deixando de lado o que fazia para ouvir o que Samuel tinha a dizer, enquanto este se sentava diante dele.

- Eu quero falar sobre a guerra.

Gianluca respirou profundamente e tornou a analisar os documentos.

- Não há mais volta, Samuel.

- Eu não acredito que não haja! – exclamou o jovem com vivacidade - Talvez se o senhor tentasse um novo acordo...

- O rei Anthony está determinado em invadir nosso reino, Samuel. Nossa única chance de detê-lo é vencendo essa guerra. - o rei tinha um tom de voz cansado ao dizer isso.

Samuel se levantou e apoiou as mãos na mesa. Com os olhos brilhando de excitação pela ideia que teve, falou:

- E se o senhor fosse até lá, meu pai?

Gianluca enrugou a testa, parecendo chateado.

- Ir até Greenfield? Mas por quê?

- Para tentar um acordo pessoalmente. Para fazer um acordo assinado, o qual o rei não poderia romper... Afinal, tudo o que foi negociado até hoje foi feito através de cartas enviadas por mensageiros...

Gianluca ficou pensativo por um momento. Recostando-se na cadeira, ele alisou sua barba, concentrado no que fora dito.

- As condições da estrada são terríveis nessa época do ano. - comentou como se falasse sozinho.

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