Capítulo III - Parte dois

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Havia-se passado uma semana desde então. Samuel recomeçara a trabalhar naquele mesmo dia e dali em diante ele parava só para dormir.

Ele trabalhou nas horas de folga, para assim ter mais tempo para quando começasse a ensinar a princesa. E por causa desse propósito, Samuel quase não viu a jovem Emili e tampouco ela o procurou.

Chegou o primeiro dia de folga do príncipe em semanas que estava no reino. Ainda era cedo quando ele acordou, pois era esse o seu hábito. Entretanto, como estava cansado, voltou a dormir. Mas ali aproximadamente pelas oito horas, o jovem foi despertado por leves batidas na porta.

Ele se levantou e abriu um pequeno espaço na porta. Ao ver diante de si a figura feminina que imaginava ser, soltou um suspiro e falou:

- Posso perguntar o que faz em meu quarto assim tão cedo, cara princesa?

Ela usava um vestido esverdeado extremamente elegante e tinha os cabelos ruivos soltos emoldurados no rosto, como no dia que se conheceram. Com toda a sua graciosidade, respondeu:

- Eu fiquei sabendo que hoje seria a sua folga, capitão. Então pensei que, como o senhor trabalhou todas as suas horas de descanso, poderíamos começar nossas aulas agora de manhã.

Samuel abriu completamente a porta e encostou-se ao batente. Estava sem camisa e com os cabelos ainda desalinhados.

Emili abaixou imediatamente os olhos, ficando extremamente corada. O príncipe olhava para ela com atenção, mas não se deu conta do que passara. Cruzando os braços junto ao peito, respondeu.

- Na verdade, alteza, não eram esses os meus planos. Eu pretendia apenas descansar e aproveitar as horas que economizei para lhe lecionar durante a semana.

Ela não se preocupou em esconder seu descontentamento. Seus olhos chegaram a brilhar de tristeza e deu um suspiro que parecia um soluço.

Samuel não teve como ficar indiferente ao ver tanto desapontamento. Passou a mão pelos cabelos desanimadamente e disse, olhando-a com tranqüilidade:

- Está bem. Primeiramente vou fazer o desjejum e em seguida iniciaremos, se tanto o quer. Espere-me na área de treinamento dos soldados em meia hora.

Ela abriu um sorriso demonstrando verdadeira animação. Samuel ainda falou antes de fechar a porta na frente dela:

- E outra coisa, se não quiser estragar esse lindo vestido, aconselho que o troque.

Emili não tivera tempo de responder, pois a porta já estava fechada diante de si.

* * *

Em trinta minutos Samuel a encontrou no local combinado. Ele parou na casa de armas, antes de ter com ela, e pegou dois bastões de luta, que era com o que todo o iniciante em armas começava.

Emili tinha trocado o vestido, como ele lhe havia sugerido. Estava usando um vestido azul menos elegante, com o corte reto e tinha os cabelos presos perfeitamente em um coque.

Samuel parou à sua frente, entregando-lhe um dos bastões. A princesa pegou o objeto e examinou com visível estranhamento. Enfim, sem se conter, perguntou:

- O que vou fazer com esse pedaço de pau?

Samuel respirou profundamente. Ela imaginou que tivesse feito alguma pergunta tola, diante do brilho que passou por seu olhar. Porém, ele não demonstrou nada além disso, e, com tranqüilidade, respondeu:

- Isto é um bastão de luta. É um importante acessório de batalha, para que aprenda as técnicas da espada.

- E por que não começamos direto com a espada? – perguntou ela intrigada.

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