Capítulo III

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Já era tarde... Samuel se demorara demais em Greenfield.

Portland estava arrasada. O príncipe do reino mal podia andar em meio de tantos destroços pelo chão. Era o pior espetáculo que o jovem contemplara em toda a sua vida.

Não havia mais nenhum imóvel inteiro, todos estavam destruídos. E aquilo que deveria ser o castelo não passava de uma pilha de escombros. Samuel não pôde encontrar nenhum sobrevivente, por mais que procurasse.

No entanto, em meio aos destroços do castelo havia uma mulher chorando sobre o corpo de alguém no chão. Samuel se aproximou, mas estacou, petrificado. O homem no chão era o seu pai.

O príncipe caiu de joelhos, chorando amargamente. Depois de alguns minutos em pranto, ele levantou a cabeça e olhou para a mulher, que notara sua presença e olhava para ele. Samuel ficou assustado ao constatar que aquela mulher era a mesma do retrato na parede de seu quarto: sua mãe.

Ela se aproximou dele e falou:

- Por que você está chorando por aquilo que você fez?

E ao dizer isso, a mãe de Samuel lhe deu as costas e voltou para o lado de Gianluca. Tudo ao redor do jovem ficou escuro, como se a noite sem luar tivesse caído de repente.

* * *

Samuel acordou num sobressalto, ao ouvir o som da porta de sua cela ser aberta. Um vulto indefinível entrou e a porta voltou a ser fechada.

O príncipe ainda estava abalado pelo sonho que tivera, suava frio e respirava com dificuldade, embora tentasse se acalmar.

O vulto veio para a claridade e falou, abaixando o capuz da capa escura:

- Espero que tenha dormido bem. Dizem que não há nada melhor do que uma boa noite de sono para uma pessoa pensar melhor em suas decisões.

Ele olhou para a princesa, sem acreditar em sua ousadia. Estava furioso com aquela garota que se postava arrogantemente à sua frente. Apesar de sua vontade ser de esganá-la, tudo o que o príncipe fez foi falar com voz mais controlada possível:

- O que quer aqui, princesa?

Ela sorriu, mostrando os lindos dentes, antes de dizer:

- Ainda duvida de minha capacidade, capitão?

Ele olhou o rosto dela com atenção. Então era essa a razão daquela brincadeira de péssimo gosto. A princesa se sentiu insultada e quis lhe dar uma lição. Ainda sem palavras diante daquela constatação, Samuel ouviu-a dizer:

- E então? Eu o coloquei aqui, posso tirá-lo. Se aceitar a minha proposta.

Samuel se levantou e caminhou até onde ela estava, parando a poucos centímetros de distância. Seus olhos estavam anuviados e sérios e sua postura deve tê-la assustado, pois deu um passo para trás e arregalou os olhos. Ele falou, com a voz enrouquecida:

- Em toda a minha vida eu nunca conheci uma pessoa como você, princesa Emili. Eu pensava que aquela sua vontade de fugir era uma prova de personalidade, mas na verdade é apenas uma tentativa de chamar atenção. Você é voluntariosa e mimada. Se pensa que sou o tipo de pessoa que pode manipular, está completamente enganada.

Ela enrubesceu visivelmente, apesar da semi-escuridão em que se encontravam e abaixou os olhos. Samuel aproveitou o silêncio dela para concluir seu pensamento:

- Agora você pode sair.

A princesa, de cabeça baixa e ainda corada, deu as costas a Samuel e caminhou até a porta. Mas, ao invés de chamar o guarda para sair, ela se voltou para o príncipe e disse:

Guerra de EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora