Capítulo IV

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No dia seguinte, Samuel se encaminhou à área de treinamento de soldados na hora marcada. Estava fardado, pois naquele dia tinha apenas uma hora de folga para ensinar a princesa.

Visualizou Emili esperando por ele de pé. Estava movimentando as mãos e olhando ao redor, com aparente ansiedade. Quando o viu, sua postura relaxou. Ele abaixou a cabeça para disfarçar o sorriso que brincou em seus lábios. Ao parar defronte a ela, cumprimentou-a com um gesto leve de cabeça e desembainhou sua espada, colocando-a entre suas delicadas mãos.

- O que é isso? – exclamou a jovem.

- É uma espada, não conhece?

Ela enrubesceu e fechou a fisionomia, visivelmente zangada com aquela pergunta.

- Claro que eu sei o que é, apenas quero saber por que a entregou para mim.

- Está na hora de aprender a usá-la.

Samuel sorriu. Nas duas últimas aulas que tiveram, ficara verdadeiramente surpreso com a tenacidade da garota em aprender aquelas técnicas. Apesar de estar lhe ensinando apenas o rudimentar, ele tinha consciência de que ela se esforçava verdadeiramente em aprender com excelência. Ele gostava disso.

Antes que eles continuassem com a aula, ouviram som de vozes se aproximando. Eram as damas da princesa que se sentavam na arquibancada usada em dias de festivais de luta.

Os olhos de Emili brilharam enfurecidos, mirando o local onde elas se sentaram. Samuel observou a aproximação das jovens, indiferente. Retomou o que falava sem se perturbar.

- Quero saber se lembra dos movimentos com a vara. – ela concordou com a cabeça, os olhos fixos no chão - Pois bem, terá que praticá-los agora.

Ela parecia realmente perturbada com a presença das jovens, tanto que quase não ouvia o que Samuel dizia. Ele percebeu seu desconforto e se inclinou perto dela, perguntando em voz baixa:

- Por que se incomoda tanto?

Emili ergueu os olhos azuis, que continham um brilho intenso de raiva.

- Não sei como Rebeca pôde. Ela soube que estaríamos treinando e veio assistir. Ela faz questão de me aborrecer.

Samuel ficou um instante parado, fitando o rosto da princesa. Então, de repente se afastou e caminhou em direção às damas.

Ao chegar, o príncipe sorriu e disse, encostando os braços na arquibancada com ar tranqüilo:

- Boa tarde, caras damas.

As duas damas loiras, que o príncipe sequer sabia o nome, não responderam ao cumprimento e abaixaram as cabeças envergonhadas. Rebeca, ao contrário, sorriu com charme e se levantou para ficar mais perto do capitão.

- Boa tarde, capitão. Ficamos muito curiosas em descobrir que tipo de aula nossa amada princesa tem recebido de sua pessoa.

O príncipe percebeu que havia um tom malicioso na voz dela e não gostou nada daquilo. Com os olhos negros fixos em seu rosto, respondeu:

- Nossa princesa está tendo aulas de técnicas de batalha, senhorita. Ao pedido do próprio rei.

Rebeca não conseguiu disfarçar o espanto. Permaneceu um período em silêncio, parecendo digerir aquela informação. Em seguida, com o olhar ainda bastante malicioso, ela disse:

- Nesse caso, eu gostaria de participar também. Sempre sonhei em aprender a lutar.

Samuel estava calmo, embora começasse a ficar impaciente com a atitude da jovem. Era possível perceber que aquele pedido não era sincero, pois tinha uma segunda intenção por trás que era palpável.

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