Capítulo IV - Parte final

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* * *

Finalmente chegara a noite da festa de aniversário da princesa. Ainda era de tarde quando alguns convidados começaram a chegar.

Samuel teve por função ficar na entrada e garantir que apenas convidados entrassem. Assim, ele parava todas as carruagens e checava os convites das pessoas.

Ainda não eram quatro horas quando o príncipe voltou para o castelo para atender a um suposto chamado importante. Foi com um suspiro que ele constatou que quem lhe chamara fora a jovem Rebeca, que o esperava no salão de entrada.

Ela sorriu e disse, assim que Samuel se aproximou:

- Que bom que veio, senhor capitão. Eu o esperava para conversarmos.

Samuel nem esperou a moça terminar de falar para dizer:

- Espero que a senhorita compreenda que saí de minhas responsabilidades para atender seu chamado. Seja breve, pois devo retornar.

- Serei. - ela tinha algo maldoso no olhar que Samuel não pôde entender. - Soube que virá hoje um príncipe do reino vizinho de Greenfield?

- Sim, está na lista de convidados. Por que quer saber? – o príncipe estava impaciente e isso podia ser percebido em seu tom de voz.

Rebeca sorriu com os olhos brilhando muito:

- Parece-me que vem para conhecer a princesa e, quem sabe, firmar compromisso ou algo assim, entende?

Samuel permaneceu parado, olhando o olhar malicioso de Rebeca. A seguir, deixou os olhos correrem pelo salão e encontrou a figura que buscava; cercada por suas damas e sorrindo tranquilamente.

Depois disso, ele perdeu o olhar em algum lugar distante até que foi chamado de volta à realidade pela voz de Rebeca, que não desviara os olhos verdes dele:

- Mas creio que nossa princesa merece um príncipe bondoso, que a ame e lhe dê muitos filhos, o senhor não concorda?

Samuel moveu a cabeça, lentamente. Em seguida disse:

- Creio que devo voltar a meus afazeres. Com sua licença... – ele deu meia volta para se retirar, mas estacou novamente ao ouvir a jovem dizer:

- Não há como vocês dois ficarem juntos, capitão.

Ele se voltou e se aproximou dela dizendo:

- Do que está falando?

Rebeca estava contente por ter o controle da situação. Era possível perceber o quanto Samuel estava transtornado, e ela gostava daquela brincadeira.

- O senhor sabe muito bem do que falo. Seu encantamento com a princesa não dará em nada. Ela é a herdeira de um reino inteiro; já o senhor é um viajante que recebeu um cargo elevado por sorte. O rei simpatiza com sua pessoa, mas até o limite de saber de seu interesse por sua filha. Então tudo mudará de figura e o senhor poderá até mesmo ser expulso de Greenfield.

O príncipe ficou em silêncio, sua mente tumultuada com pensamentos. Afinal, Rebeca tinha toda a razão. E ela ainda não fazia ideia do agravante maior que separava ele da princesa...

A voz doce e tranqüila da jovem tirou o capitão de seu devaneio:

- Agora... Meu pai também simpatiza com o senhor e até mencionou-me isso algumas vezes. Acredito que se o senhor fosse ter com ele a respeito de casamento, o pedido não lhe seria negado.

Samuel ficou sem palavras diante do atrevimento de Rebeca. Ficou olhando para o rosto dela demoradamente. Ela sustentou seu olhar com paciência, até que ele formulasse uma resposta.

O príncipe fez uma reverência, beijou a mão dela e sorriu gentilmente, dizendo em seguida:

- Cara senhorita, é uma honra saber de seu interesse. Talvez se eu tivesse a intenção de permanecer no reino essa sugestão não seria inviável; mas como meu período aqui é curto, e, assim que eu terminar o que tenho para resolver partirei, não acho que seria uma boa ideia pedir-lhe em casamento. Espero que compreenda.

Ao terminar, ele fez mais uma reverência e se retirou, deixando-a lívida de raiva.

* * *

Rebeca se virou de costas para ele e, nesse ato, percebeu que a conversa havia sido observada de longe por Emili. Uma ideia ocorreu à jovem naquele momento. Ela se aproximou do grupo em que se encontrava a princesa, forçando um sorriso jovial.

Emili tentou disfarçar o incômodo que a presença dela lhe causava, ainda mais quando esta falou:

- Queridas, não imaginam o que acabou de acontecer.

As damas, que eram moças lindas e amáveis, mas muito pouco inteligentes, ficaram curiosas para saber; e a princesa, além de curiosa estava extremamente ansiosa.

Rebeca continuou:

- Como devem ter percebido, o capitão Samuel acabou de me procurar para conversarmos. E foi com grande alegria que eu soube que ele está disposto a ir falar com meu pai sobre casamento.

As garotas soltaram gritinhos e abraçaram Rebeca. Emili se sentiu enjoada. Sem falar nenhuma palavra, deu as costas àquela cena e saiu do salão.

* * *

Estava no horário de os últimos convidados chegarem e Samuel teve que deixar o seu posto novamente, dessa vez para atender a um chamado do rei.

Anthony, perfeitamente vestido e arrumado, parecia preocupado, andando de um lado para o outro na sala do trono. Quando viu que Samuel chegara, ele caminhou até o jovem falando:

- Graças a Deus que chegou, Samuel. Surgiu um problema.

- O que houve, meu senhor?

O rei pediu aos guardas que se retirassem e se aproximou ainda mais do príncipe para dizer:

- Você vigiou a entrada e saída de todos no castelo; por acaso não viu alguém que lembrava a princesa?

Samuel se espantou com aquela pergunta e falou:

- Nossa princesa fugiu?

- Eu não sei! - disse o rei - Mas não sabemos onde ela está; e a festa começará em menos de duas horas. Como será uma festa de aniversário sem a aniversariante?

O rei estava muito nervoso e Samuel o acalmou dizendo que encontraria a princesa a tempo da festa começar.

Ao sair da sala do trono, o príncipe iniciou sua busca pelo castelo inteiro atrás da jovem princesa. Ele foi a todos os lugares possíveis e até aos impossíveis, mas não a encontrou.

Começou a ficar preocupado. E se alguém a tivesse seqüestrado? Afinal, com tantas carruagens adentrando desde o início da tarde e tantas pessoas diferentes, era possível que alguém tivesse passado despercebido, ou disfarçado... Decidiu que sairia numa busca pelos arredores do castelo.

Para isso, foi até seu quarto, na ala dos oficiais, em busca de sua capa. Sairia disfarçado, para chamar o mínimo de atenção. No entanto, ao abrir a porta do quarto, estacou imediatamente, soltando um suspiro de alívio diante da silhueta de costas que viu, recostada à sua janela.


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Olá! O quarto capítulo terminou, mas a emoção está só começando. Obrigada pela visita. Agradeço aos votos e comentários.

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