Capítulo III - Parte final

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                                                                                                     * * *

Samuel caminhou em direção ao castelo e se dirigiu a sala do trono. Lá dentro, Anthony e Tadeu conversavam fervorosamente. Este dizia:

- Ainda acho que deveríamos ser mais rápidos, majestade. E se eles atacarem antes?

- Ora, o que é isso, Tadeu? Aquele rei bobão nunca iniciaria um ataque. E também eu não quero mais jogar sujo. Esperemos o inverno acabar e marcaremos a data.

Samuel pigarreou para ser notado. Os presentes se voltaram e o rei falou:

- Que bom que veio meu jovem. Eu conversava com Tadeu sobre a data que deveríamos marcar a guerra, foi quando ele sugeriu um ataque. - ele deu uma risada - Como se precisássemos temer a derrota.

Samuel baixou os olhos para que não fosse percebido o brilho de raiva que passou por eles. Tornou a olhar o rei de maneira totalmente impassível.

- Então, Samuel. O que acha de noventa dias após o solstício de inverno?

O jovem ficou em silêncio. Na verdade queria que aquela guerra fosse cancelada, e não que a data fosse marcada. Como viu que o rei esperava impacientemente por sua resposta, ele disse:

- É uma boa data, senhor. O inverno terá ido embora totalmente e a primavera estará despontando. É, inclusive, uma espécie de violação contra a natureza guerrear numa época tão bonita.

O rei deu risada.

- A guerra haveria de violar a natureza de qualquer maneira, indiferente da época, meu rapaz. Mas me alegra saber que sua linha de pensamento segue a minha. – com um sinal ele dispensou Tadeu, que saiu de cabeça baixa. - Samuel, diga-me: como tem se saído Emili no treinamento que lhe tem dado? Ela me disse durante o almoço que haviam praticado toda a manhã.

Samuel sorriu. Apesar de aquele homem estar ameaçando a paz em Portland, ele ainda era um pai preocupado com o desempenho de sua filha, como qualquer outro. Talvez até mais que os outros. Pelo menos mais que o seu, de certeza.

- A jovem princesa tem me surpreendido com sua destreza. Ela é muito dedicada.

O rosto do rei se iluminou com um grande sorriso.

- Ah sim, minha Emili é uma menina diferente das outras. Em alguns dias ela completará dezoito anos. Eu pretendo fazer uma grande festa, aliás, como sempre fiz. Ela não queria a festa dessa vez, disse que não era o momento para isso. Imagine! Eu sempre tenho que lembrá-la que é uma garota, não deve se preocupar com coisas de homens. Mas ela não me ouve. Tem um espírito muito aventureiro e curioso. Se fosse um homem, seria um governante perfeito!

Samuel permaneceu calado, ouvindo o soberano contar todas as coisas que sua filha já fizera ou que gostaria de ter feito. Quando saiu da sala do trono, o príncipe pensava em tudo o que ouvira sobre o passado da princesa.

Percebeu que ficara ainda mais impressionado com ela, pois certamente era muito diferente de todas as jovens nobres que conhecera.

O príncipe se lembrou de Catharina, com sua conversa detalhada sobre o formato das cortinas do castelo de Portland. Emili certamente não ficaria observando as cortinas. Ela tinha uma personalidade que não condizia com a vida pacata que levava.

A noite já caíra completamente. Porém, o castelo de Greenfield estava totalmente iluminado por requintados candelabros suspensos ou presos às paredes.

Guerra de EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora