Capítulo IV - Parte dois

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Por volta do meio dia, o capitão passou pelo jardim e não pôde evitar ir até o lago. Aquele lago fazia com que se lembrasse de Portland, e ele gostava de relembrar sua terra natal.

Como tinha alguns minutos de folga, sentou-se no gramado e deixou que sua mente divagasse... Sua estadia em Greenfield estava sendo bastante produtiva no quesito de coletar informações para ganhar a guerra, porém, seu propósito principal estava distante de ser atingido. Samuel não conseguiu descobrir nada que fizesse com que a batalha fosse cancelada de vez e a paz se instaurasse entre os reinos. Isso estava lhe tirando o sono...

Ainda mais que, aos poucos, ele estava aprendendo a gostar daquele lugar e das pessoas que ali moravam. Tinha amizade com os guardas e o próprio rei sempre se mostrou muito gentil e amistoso com ele. Não gostava de pensar em guerrear com nenhuma daquelas pessoas...

Havia também a jovem princesa, que a cada dia fazia com que ele se interessasse mais em conhecê-la. Era uma garota doce e temperamental ao mesmo tempo, porém Samuel começava a se perguntar se aquele temperamento por vezes difícil não seria algum tipo de máscara que ela usava...

O jovem capitão foi tirado de seus devaneios pelo som de passos se aproximando. Ele virou o rosto e viu a jovem dama da princesa, Rebeca, se aproximar dele e dizer:

- Finalmente, aí está.

Samuel, erguendo as sobrancelhas em resposta, comentou:

- Pois eu estava sendo buscado?

Ela assentiu. Com graciosidade estendeu um lenço no chão e sentou-se ao lado do príncipe.

- Sim. Eu o procurava.

- E para que? - ele sorriu, mas na verdade não queria saber o que a fizera procurá-lo.

Rebeca jogou o cabelo para trás. Estavam soltos e levemente desalinhados em decorrência do esforço que ela fizera para chegar ao lago a tempo de falar com o capitão. Tinha visto da janela do quarto da princesa que ele estava ali e saíra rapidamente na direção do jardim.

Ela sorriu e ficou um período de tempo mirando-lhe o rosto antes de responder com charme e um toque de malícia:

- Não foi ter comigo como eu lhe disse, outro dia. Aconteceu alguma coisa?

Ele abaixou os olhos. Lembrava-se de como aquela moça se oferecera a ele, sem se importar em disfarçar nem sentir pudor por convidar um homem a encontrá-la em um lugar particular. E ainda por cima vinha tirar satisfações com ele.

- Bem, na verdade eu não tive como ir. Espero que não a tenha ofendido.

- Oh, não. Mas eu espero que vá hoje ao meu quarto, pois tenho coisas importantes para lhe falar...

A moça ainda estava pronunciando a frase quando foram interrompidos pela princesa Emili, que chegara e parara logo atrás dos dois.

Emili percebera a empolgação de Rebeca, que saíra do quarto sem avisar aonde ia. Então foi até a janela que a dama de companhia estava e compreendeu imediatamente do que se tratava ao ver que o capitão estava sentado defronte ao lago. Dessa forma ela também saiu, seguindo Rebeca até o jardim.

Samuel se levantou rapidamente ao ver a princesa. Ela estava com o rosto fechado e os braços cruzados. Como uma criança pega em flagrante, ele começou a dizer, as palavras interrompidas:

- Alteza... A senhorita Rebeca e eu estávamos apenas...

Ela fez um gesto para silenciá-lo, os olhos demonstrando a frieza. Em seguida olhou para a moça, ainda sentada na grama e disse:

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