Capítulo II - Parte dois

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* * *

Tadeu bateu na porta do quarto do rei, entrando apressadamente quando ouviu a permissão. A rainha caminhava de um lado para o outro do quarto, mas parou assim que o vice-real entrou.

Ela estava furiosa com a atitude de sua filha, além de preocupada com seu bem estar. Com ansiedade indisfarçável, a dama perguntou:

- Alguma notícia?

- Sim, majestade. - ao ouvir isso, o rei Anthony, que estava próximo à porta, disse ansioso:

- Encontraram minha filha?

Tadeu concordou, e o casal real respirou aliviado, trocando um sorriso entre si.

- A princesa Emili e o homem que a resgatou estão no salão de entrada.

O rei e a rainha saíram do quarto, caminhando na direção do salão. Tadeu os acompanhou, contando brevemente durante o trajeto os feitos surpreendentes de Samuel, que tinham sido relatados pelos guardas.

Os reis ficaram extremamente impressionados e ainda mais assustados por pensar nos perigos que sua preciosa filha correra. Apertaram ainda mais o passo em direção a escada.

* * *

De pé, no salão principal do castelo, ao lado da princesa, Samuel tornou a olhar para ela. Havia tirado novamente o capuz, de maneira que seus cabelos ficaram à mostra, levemente desarrumados, emoldurando lhe o rosto e seguindo até o meio das costas.

Ela também o olhou, parecendo levemente nervosa. Os olhos de Samuel, negros como o ébano, tentavam mergulhar na mente daquela jovem diante de si. Estava muito curioso. Queria entender o que fizera uma garota jovem como ela deixar o luxuoso castelo que morava e aventurar-se nas ruas perigosas do reino. Enfim, ele perguntou com cautela, pois temia deixá-la desconfortável, principalmente depois de tudo o que vivenciara.

- Permita-me perguntar, cara senhorita... Por que fugiu da segurança de seu lar?

A princesa pareceu desconcertada com a pergunta. Ela desviou o olhar dele, passando as mãos por seus cabelos nervosamente, parecendo perceber o quanto estavam revoltosos. Erguendo levemente a cabeça e aparentando a naturalidade que era possível perceber que era forçada, ela disse, olhando para longe:

- Pois se deseja mesmo saber, senhor andarilho, aborrece-me exaustivamente a vida monótona de princesa que levo. Procurava viver alguma aventura, algo mais intenso do que as conversas chatas das minhas damas de companhia e os passeios infindáveis pelo jardim.

O príncipe ficou silencioso, tentando absorver aquela resposta. A garota tampouco falou mais e assim eles estavam quando o rei e a rainha desceram as escadas.

Quando chegaram e viram sua filha a salvo, especialmente agora que sabiam todos os perigos que ela passara, os reis esqueceram a bronca que tinham preparado e só pensaram em abraçá-la.

Enquanto a família real se reunia, Samuel percebeu que estava extremamente nervoso por se encontrar com o rei inimigo. E se ele suspeitasse dele? E se realmente acontecesse aquilo que seu pai temia e ele fosse feito prisioneiro?

O príncipe olhava a figura do rei com um misto de medo e ansiedade. Embora, naquele momento, aquele homem não lhe aparentasse nenhum perigo, enquanto abraçava amorosamente sua filha e lhe acariciava os cabelos.

Poucos minutos se passaram para que o soberano fixasse o olhar na figura do príncipe e os olhares deles se encontrarem. Deixando o abraço da filha, que permaneceu onde estava, Anthony caminhou em direção a Samuel, estendendo a mão, dando-lhe um aperto caloroso e, para a surpresa e desconcerto do jovem, envolvendo-o num abraço apertado em seguida.

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