4. Pazienza

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A segunda-feira chegara como quem não quer nada. Giovanni, o pai de Matteo saiu para trabalhar e sua mãe implicou que ele não havia andado pela cidade. Matteo tinha passado os últimos dias trancado em casa apenas na companhia dos pais, jogando baralho e assistindo o canal de esportes da RAI TV.

Matteo ainda tinha amigos em Milão: alguns primos, colegas de escolas que ele não havia perdido contato e talvez um ou outro conhecido que ele poderia encontrar. Mas não estava afim de avisar que estava por ali, muito pelo contrário. Tinha ido apenas para visitar seus pais, passar alguns dias calmos aproveitando as férias. Ou pelos menos era o motivo que ele dizia a si mesmo.

Geralmente gostava de viajar nessa época do ano. Iria a alguma praia nas Bahamas, ou para a Grécia ou até mesmo Nova York. Os amigos de time sempre o convidava para passar um tempo juntos em algum lugar paradisíaco.

Na maioria das vezes ele iria, mas neste ano, Darmian sentiu que precisava voltar para casa.

- Filho, você vai mesmo ficar sentado nesse sofá as suas férias inteiras?

- Já não sou mais uma criança mãe. - Matteo olhou para sua mãe com uma expressão infantil que só fez com que ela desse de ombros comprovando que estava correta.

- Ainda é a minha criança. E você deveria tomar um sol. Sair, respirar. Sei que na Inglaterra não tem tanto sol. Você está branquelo demais. Até porque, quando seu pai chegar, vai querer te levar para algum lugar.

- Onde? - Matteo rapidamente levantou do sofá, franzindo a testa. Seu pai e suas diversas surpresas.

- Ele não me disse. Mas provavelmente é algo bom. Estava animado.

Sua mãe voltou para a cozinha, continuando sua arrumação constante da casa.

Matteo abriu o celular novamente. A página da galeria de arte em que Serena trabalhava estava aberta. A exibição de Van Gogh ainda não havia começado. Era tão óbvio que ela fosse organizar uma mostra de seu pintor favorito. Mas ele se perguntou se, fingindo que iria ver alguma das outras, havia chances de encontrar com Serena.

Estava sem coragem. O que faria quando a encontrasse? O que diria?

- Mãe, vou dar uma volta.

- Aleluia! - a matriarca gritou da cozinha, o fazendo rir.

Seus pais eram os melhores do mundo aos olhos de Matteo. Havia sido o apoio deles que o levara a tão longe. Sem eles, Matteo não seria Matteo Darmian, jogador do Manchester United e da Seleção Italiana. Sem o pai para leva-lo aos treinos todos os dias e a mãe para estar na torcida gritando seu nome mesmo quando era um menininho, Matteo provavelmente teria se tornado um engenheiro ou um médico. Era preciso um tipo de apoio diferenciado para ir atrás de sonhos também diferentes.

E ele havia chegado lá. Matteo havia conquistado o que aquele garotinho de 7 anos um dia sonhara. Ele poderia não ser o melhor jogador do mundo, mas jogava em um dos melhores times da Europa, em uma seleção que já fora campeã mundial e as perspectivas para a próxima temporada só aumentava agora que o Manchester United havia ganho a Europa League.

Enquanto entrava no carro e dirigia sem rumo pelas ruas de Milão, ele pensou em todas as conquistas em sua vida, e em como parecia que faltava algo. Ele sempre sentira que não importava quantas conquistas ele pudesse ter no futebol, sua vida ainda não estava completa.

Tinha um buraco que não fora preenchido desde que ela dera as costas para sua vida.

...

O dia de Serena já começara do avesso. Seu despertador não tocara e ela acordara com Ravi lhe ligando desesperado, falando em um inglês que era incompreensível. Serena era fluente em inglês, mas às vezes tentar entender o estagiário indiano não era fácil.

By your side | Matteo DarmianOnde histórias criam vida. Descubra agora