2. Giugno

1.6K 161 21
                                    

Pisar em solo italiano não era novidade. Matteo já havia feito esse percurso diversas vezes. Mas algo lhe dizia que aquela vez seria diferente. Um pressentimento lhe dizia que naquele mês de Junho, ele não voltaria para a Inglaterra da mesma forma que tinha saído.

Sorriu eu escutar todos conversando no mesmo idioma que ele. É claro que já havia se habituado ao inglês, mas nada melhor do que a língua materna para ouvidos viciados. Era uma paz que apenas quem já passara muito tempo fora do seu país e retornava saberia reconhecer.

Passar pela polícia, pegar a mala, passar na alfândega.

Já esperava que seus pais não estivessem ali para lhe buscar, mas seu motorista estava. Um senhor de altura mediana, olhos fundos e expressivos, um quepe na cabeça que Matteo sabia que escondia uma careca segurava uma folha de papel com uma escrita cursiva que dizia "Darmian". O jogador estava de boné e óculos de sol, mas ainda assim olhou ao redor para ter certeza que ninguém o havia reconhecido.

- Como foi de viagem?

- Tutto bene

Ele entrou no carro observando a paisagem. As curvas da estrada já eram velhas conhecidas. O aeroporto de Malpensa ficava longe do centro de Milão e era sempre uma hora para ir e outra para voltar.

Mas no final estar em casa valia a pena. O difícil era a despedida. Ele sempre preferiu quando as coisas eram rápidas. Tchau. Arrivedete. Adeus.

Nos vemos algum dia.

Essa coisa de prolongar não era com ele. Matteo já prolongava coisa demais nessa vida. E essa coisa tinha um nome, sobrenome e morava em Milão.

- Tem algum caminho especial Sr. Darmian?

- É dar muita volta passar na porta da Galleria d'Arte Moderna?

- Claro que não.

Seu motorista estava com a família há alguns anos. Ele conhecia a história de Matteo e Serena. Passar na porta da Galleria d'Arte Moderna a essa hora da manhã era pedir para atrasar bons minutos para chegar a casa da famiglia Darmian. Fora a volta que ele teria que dar ao ir até o centro da cidade.

Mas pela chance de passar por Serena, valia a pena.

...

Ele não tinha certeza se conseguiria encontrar com ela. Ou melhor, não sabia sequer se ela estava trabalhando naquele dia, muito menos se ele teria coragem de descer do carro e trocar algumas palavras com aquela mulher que tinha sido tão importante em sua vida.

Mas às vezes, o destino tinha suas formas de ajudar.

Pararam o carro em uma vaga apertada a alguns metros da porta da Galeria. Ao seu lado esquerdo estava o Parque Cívico onde ficava o Museu de Ciências Naturais que também lhe trazia diversas memórias. O lugar agora estava lotado, várias pessoas aproveitando o sol para se bronzear. Matteo duvidou que conseguiria reconhecer Serena a essa distância.

Porém, mesmo longe, ele identificou aqueles cabelos castanhos. Se lembrava de como era sua textura, e sempre estavam com cheiro de morango apesar de Serena insistir que nunca usara shampoo com esse cheiro.

Ao lado de Serena ia um rapaz um pouco mais alto do que ela. Ele carregava uma enorme pasta enquanto ela gesticulava o tempo inteiro.

Serena Moretti combinava com o ar histórico da cidade. Ela respirava história, arte, ciência, modernidade. Era uma mistura de elementos que faziam com que fosse única. Faziam com que pertencessem completamente a Milão.

By your side | Matteo DarmianOnde histórias criam vida. Descubra agora