Capítulo Quatro - Paranoia Real

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A maldita sensação de ser observada estava me deixando incomodada.
Praticamente todos no supermercado parecia me encarar.
Por um momento, pensei ser por causa das notícias que haviam saindo nos jornais. Se fosse esse o motivo, porque ter essa sensação agora?
Todos a minha volta pareciam não perceber a minha inquietação, o que foi bom. Passei as minhas compras no caixa, paguei, peguei as sacolas e voltei para casa.

— Aí está você. –Lucas disse assim que me viu entrando no apartamento. — Quase desisto de te esperar.

Ele veio até a mim e pegou as sacolas da minha mão, me dando um selinho e levou as compras para cozinha.

— Pensei que só te veria mais tarde. –digo.

— Estava sem nada pra fazer e minha mãe pediu para te convidar pra jantar.

— Ah, claro. Que horas é o jantar?

— Não sei. Acho que é às 20:00 horas.

— Você só não esquece a cabeça porque ela é grudada no seu pescoço. –ri.

— É por aí. –riu — Foi na delegacia?

— Fui sim.

— E o que disseram?

— Nada de importante, só que vão investigar e que foi de grande ajuda.

— Eu ainda não entendo como tantas pessoas desapareceram e não fico nada para trás.

— Eles devem ser muito bons. –falei guardando as compras.

— Mas nenhum crime é perfeito. Muito menos um dessa magnitude.

— Acha que a polícia deixou algo passar despercebido?

— Sem dúvida.

Terminei de guardar as compras com a ajuda do Lucas depois de alguns minutos. Ficamos o restante do tempo em silêncio. Eu estava pensando no que o Lucas tinha falado e pensei em possibilidades para que todos aquelas pessoas desaparecesse.
Lucas ficou comigo até que eu me arruma-se para o jantar em sua casa. O problema estava na falta de paciência dele. Mesmo faltando muito tempo pro jantar, eu precisava ouvir sua voz vindo da sala me apressando.

— Já estou pronta, seu chato. –falei amarrando um elástico na ponta da minha trança.

— Depois de anos.

— Não demorei tanto assim. Você que não tem paciência.

— Demorou sim.

— Além de impaciente, também é teimoso. –ri — Vamos logo que você ainda precisa se arrumar.

— Vamos.

Fazia tempo que eu não ia na casa do Lucas, acho que a última vez foi quando eu ainda estava com medo das pessoas com máscaras e a dona Cristina me fez dormir na casa deles. Provavelmente ela iria me matar por ter demorado tanto pra voltar.
Quando chegamos, Lucas subiu para o quarto dele e eu fui falar com os meus sogros que estavam na cozinha. O assunto foi mundano aos poucos até que chegou no e-mail que eu tinha recebido.

— Fui até a delegacia responsável. –falei — E disseram que iam investigar, mas não acho que teria algo de diferente agora.

— Talvez tenha. Se te mandaram a mensagem é por que querem alguma coisa. –disse seu António.

— Será?

— Provável que sim. –disse dona Cristina.

Parei para pensar na sensação de estar sendo seguida percebi que poderia ser mais do que uma simples paranoia minha. Eles podiam estar mesmo me observando por querem que eu os encontre.
Mas a questão era: Por quê?

Desaparecidos - Decifre Ou MorraOnde histórias criam vida. Descubra agora