Acordei no dia seguinte com o Lucas me enchendo de beijos.
— Para, Lu. –ri. — Eu quero dormir.
— Para você de ser chata. Hoje é último dia de folga e quero aproveitar com você.
— Mas eu ainda quero dormir.
— Não vou deixar você dormir. –falou beijando meu pescoço.
— Para. –falei rindo.
Ficamos namorado na cama por mais alguns minutos antes de saímos para tomar café, já que eu não tinha nada de comida em casa.
Estávamos quase saindo quando o seu Durval me chamou.— Deixaram isso pra você. –disse me entregando um envelope. — O rapaz disse que era pra te entregar em mãos.
— Que rapaz? –perguntou Lucas.
— Ele só disse isso, seu Lucas.
— Não tem remetente. –falei abrindo o envelope. Tinha apenas um pedaço de papel com letras impressas.
— O que está escrito?
— É só um bilhete de agradecimento. –falei guardando o envelope na minha bolsa. — Vamos?
— Vamos.
— Obrigada, seu Durval. –agradeci e ele assentiu com a cabeça.
Quando estávamos no café perto do prédio onde eu morava, o Lucas ficou me encarando.
— O que foi?
— Estou esperando você dizer o que tinha no bilhete.
— Foi um agradecimento, já disse.
— Nós somos um casal e não pode haver segredos entre a gente.
— Mas não estou mentindo, estou omitindo.
— Para com esse mistério, Victória.
— Aqui não é um ótimo lugar para falar sobre isso.
— Então me deixa ler o bilhete.
— Tudo bem. –falei abrindo minha bolsa e pegando o pedaço de papel.
— Achamos que você merecia uma recompensa. –leu o bilhete em voz alta. — O que isso quer dizer?
— Quer dizer que nós nunca mais veremos a Alice. –respondi mais baixo.
— Como assim?
— Depois conversamos.
Depois de tomarmos o nosso café, voltamos para o meu apartamento e o Lucas trouxe o bilhete de volta ao assunto.
— Por que não veremos mais a Alice.
— Enquanto estava com eles, um dos integrantes falou que eu poderia pedir a morte da Alice que eles fariam isso por mim, mas só se eu entrasse para o grupo.
— Só que você não entrou.
— Mas o chefe deles gosta muito de mim.
— Então a Alice morreu?
— Provavelmente.
Fiquei surpresa com o fato de tratar aquilo tão friamente, mas ela não teve receio em desejar a minha morte dias atrás e isso me fez deixar os sentimentos de lado. Só conseguia pensar em como minha vida ficaria sem ela.
— Você mudou mesmo. –comentou depois de um tempo em silêncio. — Se fosse há algumas semanas atrás, essa notícia te deixaria louca.
— Mas você ainda gosta de mim, não é? Mesmo que tenha surgido um lado sombrio em mim.
— Claro. –riu. — Isso te deixa mais sexy.
— Mas só nós dois podemos saber disso. Se alguém comentar a morte dela, estaremos surpresos.
— Como quiser.
Rasgue e coloquei fogo no bilhete, era a forma mais segura de que ninguém pudesse saber dele. Alguns minutos depois, minha mãe ligou para o Lucas avisando sobre a Alice.
— Preciso de um celular urgente. –fiz careta. — Eles não devolveram o meu.
— Você essa pelos testes, não pega o celular de volta. –riu. — Inacreditável.
— Seu chato. –bati levemente em seu ombro.
. . .
Aparentemente, a Alice morreu por estar no meio de confronto entre polícias e bandidos quando estava indo fazer uma entrevista de emprego. Eu tentei ao máximo fingir que me importava, mas era difícil depois da escolha dela.
— Pode me levar pra casa? –perguntei ao Lucas.
— Posso. –ele me abraçou de lado e seguimos para o seu carro.
Mais um tempo depois, a história dos desaparecidos foi caindo no esquecimento, os cartazes já não estavam com tanta frequência nas paredes de cada esquina e eu não precisei ir tanto a delegacia para comprovar que eu não me lembrava de nada. As investigações tinham voltado para a estaca zero.
Mas o que eles não sabiam era que estavam preste a saber o que os mascarados queriam, eles não sabiam que logo aconteceria uma revolução.
F I M
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Desaparecidos - Decifre Ou Morra
Misteri / Thriller"Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Dúvidas? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo." Uma festa, um pedido de ajuda e vários desaparecidos. Quem está por trás? Victória não faz ideia. A...