Chapter One.

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Aquelas mesmas pessoas. Praticamente todos os dias apareciam ali, talvez para afogar as mágoas ou porque simplesmente precisavam daquilo. Como eu, não precisava da bebida e sim do dinheiro que esse trabalho me dava. As condições ali não eram a das melhores. Esse bar é realmente uma merda, as pessoas que frequentam eles são uma merda. Principalmente George, meu chefe. Odeio trabalhar aqui, mas é minha única escolha. Odeio por vários motivos, um deles ser o uniforme, se é que isso pode ser chamado de uniforme, uma saia justa que fica na metade da coxa e uma blusa tão pequena que mais parece um sutiã. Com certeza ele escolheu para chamar atenção dos homens, e funciona, pois, a cada dia o bar fica mais cheio e eles só sabem mexer comigo e com a Mackenzie. Somos as únicas funcionárias, mulheres, daqui. Mesmo sendo ridículo...eles dão uma gorjeta das boas para nós duas. Mas o que mais eu posso fazer?

Preciso ficar nesse lugar por completas seis horas seguidas, com uma de intervalo. São 10 horas da noite e já está completamente cheio. Acabei de chegar, coloquei aquela roupa e comecei meu trabalho. Não sou uma prostituta, aliás nunca faria isso. Sou garçonete de um bar. Depois de mais ou menos meia hora já tinha atendido a maioria dos clientes junto com Mack. A música que tocava era uma brega, aquele lugar era brega, nada combinava ali, todos falando, bebendo e gritando com o jogo de futebol que passava na TV. Insuportável mesmo eram os homens que mexiam com nós duas, mas tínhamos que ser simpáticas, sorrir pelo menos, ou éramos demitidas.

Me sentei no banco e George apareceu apontando para um canto do bar. Um cliente. Revirei os olhos disfarçadamente e me levantei. Arrumei a saia, tentando deixa-la um pouco mais longa, o que foi impossivel e andei até lá. Ele vestia um moletom preto e escrevia algo em um papel ou caderno, não dava para ver, estava de costas. Quando finalmente cheguei lá ele levantou a cabeça. Seus cabelos tinham vários cachos e seus olhos tinham um tom de verde maravilhoso. Acho que deveria ter uns 19 ou 20 anos.

- Deseja alguma coisa? - Perguntei.

- Um café por favor.

Quem viria a um bar pedir café? Por favor. Esse garoto só pode ser louco.

- Aqui é um bar, senhor.

-Senhor? - Ele sorriu, revelando dentes brancos e covinhas perfeitas. - Acha que eu tenho quantos anos?

- Não sei e, não quero saber. O que você deseja?

- Um café.

- Não temos café aqui. Talvez em uma padaria tenha. - Disse irônica.

- Vou achar uma padaria aberta ás 10 horas da noite?

- Não sei.

- Você é muito bravinha sabia? - Ele ainda esboçava o sorriso.

- E você é muito insistente. Não temos café.

- Um copo de vodka então, por favor. - Ele sorriu.

Assenti e forcei um sorriso. Só queria ir embora.

- Você vai levar? - Mack perguntou colocando o copo em cima do balcão.

- Pode levar você.

- Por que? Não quer a gorjeta?

- Já ganhei o bastante até agora, não estou interessada no dinheiro dos olhos verdes. - Disse olhando de relance para ele, que continuava escrevendo no pequeno caderno.

- Vou lá então. - Ela pegou a bandeja com o copo e andou rebolando até lá. Ela não era metida. Não mesmo, mas se queria ganhar mais dinheiro, teria que ser assim. Como não tinha chegado mais nenhum cliente fiquei observando os dois. Eles conversaram e riram de alguma coisa, Mack olhou para mim e sorriu, logo depois disse alguma coisa e veio andando até mim.

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