II - A fada e seu lobo

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Estava amanhecendo. Levantamos das encostas de uma árvore e fomos em direção das ruas da vila, olhando cada casa queimada e a vida que se esvaia dos corpos cremados. Aquela cena de horror me deixava com calafrios. Não aguentava mais olhar para os rostos queimados com expressões desesperadas estampadas.

Ouvimos um barulho vindo do lado oposto da saída da vila. Uma carroça. Parecia ser conduzida por um homem. Seus olhos eram bem verdes, mas era tudo o que dava para ver, pois uma capa cobria seu corpo. O que parecia ser uma moça, estava sentada logo atrás na carroça. Também estava de capuz, mas seu rosto era bem visível. Seus olhos eram claros como mel, sua boca era pequena e tão vermelha quanto uma rosa, seu rosto era fino e suas maçãs bem coradas. Com um movimento da mão da moça, o condutor parou a carroça.

— Com licença — sua voz era tão doce que saia como melodia — poderia nos informar se estas são terras de Griffo, em Carmélia?

— Sim senhorita — Henry confirmou — a propósito, sou o príncipe — ainda não conseguia acreditar nisso — e esta é Tânia - apontou para mim.

— Majestade — o rapaz que estava na frente fez uma pequena referência.

— O que aconteceu com você, querida? — A moça perguntou, apontando para minha perna. Seu semblante parecia um pouco preocupado.

— Um lobo da montanha, nada grave — falei calmamente.

— Você sabia que uma mordida nossa, mata? — o rapaz parecia dizer isso com um sorriso de lado. Nossa?

— Quieto— a moça ordenou — subam, vamos cuidar desse ferimento— falou com um pequeno sorriso no rosto.

Henry e eu nos entreolhamos e decidimos subir na carroça. Com um estalar de dedos da bela moça, a carroça se transformou em uma carruagem. Parecia ser envolvida por pétalas e cheirava a rosas.

— É um prazer conhecê-los — a moça apertou nossas mãos — Sou atendida por Cris, ou melhor, Crisântemo.

— Isso por acaso é nome de fada? — Henry perguntou franzindo a testa.

— Sim— ela respondeu, fazendo um broto na carruagem dar a forma de uma xícara de chá— e a propósito, você está se dirigindo a rainha, tenha modos, pequeno príncipe— lançou um olhar ameaçador enquanto bebericava um pouco do chá.

— Rainha? — Perguntei surpresa— desculpe-me pela arrogância do meu amigo, majestade— segurei em seu ombro com uma mão e dei um forte tapa em suas costas com o outro, o que o fez estremecer um pouco.

— Acalme-se, criança... — pausou sua fala e fez uma prevê reclamação — Alguém pode por favor mudar o sabor desse chá? — Ela pediu irritada. Uma pequena luz saiu de uma abertura no teto da carruagem em direção ao chá de Cris, parecendo mudar o sabor. Logo algumas outras luzes saíram e revoaram sobre nossas cabeças, parecendo jogar um tipo de pó brilhante sobre elas.

Sem se incomodar mais com nossa presença, Cris tirou sua capa, revelando um longo traje de pétalas alaranjadas. Seu vestido tinha a gola alta, assim como suas mangas eram compridas e com algumas rendas floridas. Seu cabelo era alaranjado, mais puxado para um vermelho bem leve, parecia a cor do fogo. Sua pele era aveludada e eu pude ter certeza que pequenos brilhos de cor laranja emanavam de seu corpo. Era absolutamente linda.

— Ah, propósito, aquele ali é Max, meu protetor - falou apontando para o rapaz que conduzia as rédeas.

—Onde então suas asas? — Henry perguntou. Foi indelicado da sua parte, idiota, pensei um pouco incomodada com o que ele havia perguntado

O dragão Indomável: A lenda de TitâniaOnde histórias criam vida. Descubra agora