Visão Henry
Dei um suspiro.
Lá estava eu enjaulado junto a algumas outras criaturas. Todas tristes e caladas. O ar naquele lugar era pesado. Dei uma olhada ao redor das celas, todas cheias de rostos sem esperanças. O líder dos Caçadores não era um ser muito piedoso. Nada piedoso. Alguns ali não eram alimentados há semanas, e isso me deixa angustiado. Titânia havia morrido, e todos ali não tinham mais esperanças de vida.
Todo dia alguém sumia, e eu sempre rezava para não ser o próximo. Muitos não voltavam quando eram levados. A maioria nunca voltava. O chão das celas estava coberto de sangue pela batalha há meses, e quase não havia espaço para a locomoção. Alguns ali chegaram a surtar de tanto pavor e medo. Eu tentava controlar os que convivam na cela comigo.
Um troll de quase 3 metros que ficava sentado no canto da sela, uma ninfa que se chamava Aqua, cinco humanos guerreiros das tropas de Griffo e eu, o príncipe inútil de Griffo. Eu realmente comecei a questionar minha existência ali mesmo. Esses eram meus novos companheiros a partir de agora. Já trocara algumas palavras com eles, perguntando de onde vieram ou apenas um papo furado.
Um barulho pôde ser ouvido do outro lado do corredor. Era a hora de alguém ser levado. Todos se afastaram da frente de suas celas, tentando fazer o máximo de silêncio possível. O Caçador arrastava sua espada nas barras das celas, fazendo um barulho amedrontador. Seu riso era de um completo maníaco. Foi quando parou em frente à minha cela, e olhou para mim, que eu percebi que aquele seria meu fim.
***
Visão Titânia
Meredy havia transformado sua cauda em duas pernas, para assim poder me seguir pela caverna. Talvez aquilo não fosse bem uma caverna, pois estava mais para uma ilha submersa em uma... Caverna... Okay.
— Por que não podemos passar por baixo d'água mesmo? — Perguntei com um sorriso forçado.
—Bem, a abertura fica muito abaixo do que você pode aguentar, e a pressão é muito grande —Explicou enquanto se equilibrava cuidadosamente em cima de algumas pedras.
— Então temos que andar até o final para ver onde isso dá —Dei um grande suspiro enquanto dava passos largos.
O local em si tinha um formato em "V" ou "U", onde a parte circular era o local do lago e os dois canais da passagem se uniam no final para uma abertura um pouco peculiar. Havia uma espécie de cipós que faziam movimentos como algas no fundo do mar, era um tanto estranho. Meredy e eu nos entreolhamos com cara de nojo, mas encaramos o fato e apenas entramos.
A vegetação logo começou a mudar depois que demos algumas caminhadas para o oeste da abertura. As paredes da "caverna" começaram a ficar cada vez mais apertadas e escorregadias por causa do limo que se formava. Passar por aquilo era de verdade bem nojento, pois aquela coisa verde grudava em nossos cabelos. Meredy estava farta daquilo. Seus cabelos eram tão grandes que toda vez que ela se mexia, ficava mais melecado.
— O que fazem aqui? — Ouvimos uma voz, mas não sabíamos de onde vinha. — Seu cabelo está bem sujo, moça!
— É mesmo, é? — Meredy olhava para todos os lados tendo de encontrar o dono daquela voz.
— Maredy, fique parada — cochichei para ela, e assim o fez.
Pedi a ela que se virasse lentamente, e então pude perceber uma pequena silhueta que fazia sombra no chão. Contei até três e...
— PEGUEI! — Gritei enquanto segurava seu corpo minúsculo. Meredy virou-se para mim sem entender, e foi aí que a pequena criatura se mostrou para nós.
— Solte-me! — Pediu.
— Não até nos responder algumas coisas! — Meredy exclamou bem irritada.
— Vocês que deveriam explicar o porquê de terem entrado pelas genitálias da rainha! — Ele se contorcia para sair de minhas mãos, o que não foi necessário pois eu o soltara rapidamente.
Olhei para Meredy que arregalava seus olhos, em choque. Ela começou a gritar desesperada, e a pequena criatura perto de nós apenas ria constantemente. Tirei a espada da bainha e apontei diretamente para ele, imprensando-o no tronco de uma árvore, fazendo com que parasse de rir.
— Explique isso agora! – Ordenei.
— Bem, isso aqui é uma grande rainha gigante de alguma coisa que ninguém descobriu até agora. — Explicou.
— Errado! – Outra voz parecia discordar — Isso é apenas uma casca que protege o habitat das abelhas gigantes, aquele pequeno vão ali — Apontou para a entrada — foi um pequeno erro nos cálculos.
— Mande sua amiga calar a boca agora, antes que nós sejamos confundidos com alimento! — Pediu o outro furioso.
— Meredy! — Chamei sua atenção. Ela se virou lentamente e olhou com uma careta bem feia, fazendo-me rir também.
— TEMOS QUE SAIR DAQUI! — Ela gritou.
— Não tem como sair aqui.
— Até agora quero saber o que são vocês — Falei confusa.
— Nós somos um tipo de elfo, mas não somos bem elfos. Eu sou o Feu, aquele atrapalhado ali é o meu amigo Van — Apontou para ele.
— Vocês são estranhos — Meredy sentou em uma pedra e apoiou sua cabeça em seus braços.
— Lembrei! — Van deu um grande salto — Deve ter alguns círculos de cogumelos por perto!
— PERTO DE ONDE? — Meredy e eu perguntamos ao mesmo tempo.
— é meio que suicídio — Feu tocou no ombro do amigo e fez uma expressão preocupada.
— Como assim? — Perguntei confusa.
— Tem uma fada... E ela quem toma conta daquela passagem — Falou Van.
— VAMOS LÁ! — Falei confiante.
— Olha, Titânia, eu não sei se você percebeu, mas eu estou bem ressecada e preciso de água — Meredy parecia falar um pouco rouca.
Olhei ao redor, mas nenhum sinal de água. Sugeri a ela que voltasse e me encontrasse lá em cima, e que procurasse uma mulher chamada Zelena, talvez ela nos ajudasse a sair dali. Porém ela não quis. Teimosa, pensei. Carreguei-a nas costas e, para minha sorte, Meredy não era nada pesada. Van e Feu nos acompanharam e falaram bastante sobre aquele lugar.
Coisas que nunca tinha visto: abelhas gigantes. Realmente podíamos ouvir zunidos bem fortes, assim como algumas delas sobrevoando nossas cabeças. "Contanto que não confundissem nosso cheiro com o de flores, estaria tudo na mais santa Paz", Van parecia fazer aquilo soar bem simples. Mas nenhum de nós gostaria de ser espetado por um grande ferrão.
O mais interessante era pensar em como que a luz entrava naquele lugar, pois parecia um campo aberto, porém com paredes de favo de mel. Feu dissera que apenas a Abelha-rainha tinha acesso à saída, pois além de aqui ser uma grande colmeia, havia flores gigantes em todo o canto. O lugar era como um imenso campo aberto, porém para abelhas gigantes.
Após muita caminhada e conversa, chegamos em frente a um pequeno morro com uma portinha na frente. A porta era de madeira e tinha um formato circular, decorada de flores e uma pequena placa estava bem-posta ao lado, com algo escrito em língua élfica. Aproximei-me e dei três batidinhas na porta. Esperei por algum sinal e, quando ia bater mais uma vez, a porta se abriu e uma fada se revelou.
***
Notas finais:
Beeeem, pessoas... Só não esqueçam de votar porque é importante :) Até o próximo capítulo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O dragão Indomável: A lenda de Titânia
FantasyVocê acredita em dragões? E em criaturas mágicas? Já pensou que um mundo repleto desses seres mágicos pode estar bem perto de nós? E que um grande conflito de dragões e Caçadores de Asas pode agravar em uma grande guerra de reinos? Em Margiscarpya...