XIV - Fugir, sempre! Morrer? Jamais!

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Visão Henry

Ele ria para mim de um jeito amedrontador enquanto procurava as chaves da cela. Olhei para Aqua e mentalmente disse "Você já sabe o que fazer". Ela assentiu e ficou escorada na parede à esquerda, em frente ao portão. Quando o caçador abrira o portão, Aqua andou até ele um pouco hesitante.

- Você não - O caçador a empurrou e apontou para mim - Ele...

Foi então que que eu aproveitei sua guarda baixa. Peguei seu braço e o puxei para dentro, fazendo-o cair no meio da cela. Ele tentou se levantar para me golpear, porém o troll foi mais rápido e, com um de seus punhos, esmagou sua cabeça sem piedade alguma. Sangue voou para todo o lado, fazendo Aqua dar um gemido de nojo quando respingara nela. Peguei o molho de chaves e pedi que ninguém fizesse barulho... Ainda.

- Vamos abrir todas as celas e tirar todos daqui o mais rápido possível - Falei enquanto distribuía as chaves nas mãos de cada um.

Ligeiros, todos correram para abrir os portões. Havia um pequeno alçapão ao final do corredor, e foi a opção mais válida. Não conhecia bem aquela prisão, mas sabia que qualquer túnel dava direto para fora do castelo.

Peguei a espada do caçador que estava jogada ao lado dele, e corri em direção às escadas. Com desconfiança - como o lugar estava pouco iluminado -, virei-me rapidamente e empunhei a espada. O local tocado com a ponta da espada tornou-se água, e então pude ver a bela silhueta daquela mulher.

— Calma, sou eu — Falou Aqua pondo seu dedo na ponta da espada. Seu corpo mimetizava completamente e seu cabelo parecia uma chama bem forte, só que em vez de fogo, era água.

— Você me assustou — Pus a mão no peito e dei um suspiro.

— Vamos sair logo daqui — Disse Aqua, que parecia bem angustiada. Por fim, continuamos a subir a grande escada espiral.

Visão Titânia

— BELLA? — Gritei assustada. A mesma olhava para mim bem surpresa. — Você está viva!? — Aproximei-me dela devagar e logo me ajoelhei.

— Fale baixo! — Ele pediu e abriu sua pequena portinha — Não deixem que as abelhas vejam vocês.

Olhei para Meredy confusa. Ela apenas deu de ombros e e me ajudou a levantar. Van e Feu correram para dentro, e quando todos já haviam entrado, Bella fechou a porta. A casa era um pouco pequena, tanto que Meredy e eu tínhamos que andar agachadas. Sentamos próximo a uma pequena mesinha de chá, e os dois elfos bem longe de onde Bella passava. Não entendia o porquê de terem tanto medo de Bella, ela era uma fadinha adorável.

Bella deu a Meredy um chá caseiro de algas marinhas, fazendo a sereia se sentir bem melhor. Sua pele voltava a ser macia e seu cansaço parecia ter desaparecido completamente. Meredy estava revigorada, e agora todos nós estávamos sentados ao redor da pequena mesa de chá. Algo parecia bem diferente em Bella, ela parecia bem mais velha, e muito diferente. Como as meninas haviam falado, a pequena fada agora era desprovida de suas belas asas.

— Agora, digam — Ela começou — O que fazem por aqui?

— Bem, é uma longa história — Falou Meredy.

— Resumindo: Eu estava na superfície, pronta para invocar um grifo e ir para Griffo, porém, em um passo em falso, acabei caindo aqui. Encontrei Meredy, e logo depois Van e Feu, que parecem ser os únicos elfo — Fiz o sinal de aspas com as mãos — por aqui.

— Bem, aqui é uma ilha de condenados — Falou Bella enchendo a xícara de chá de laranja — Você sabia que o tempo aqui passa mais rápido? Só agora, já se passaram 5 dias.

— COMO É QUE É? — Meredy perguntou espantada — Eu não posso envelhecer assim tão rápido!

— Bella, há quanto tempo você está aqui? — Perguntei a ela, que apenas riu.

— Uns cinco anos — Respondeu. Aquilo era inacreditável. — Eu descobri que não poderia voltar para um mundo onde fadas sem asas não são úteis. Aqui eu posso ser útil. Vou morrer cedo, eu sei, mas eu ajudo no controle dos condenados. Existe uma outra passagem, mas é apenas para entrada.

— E o círculo de cogumelos? — Perguntei.

— Bem, há alguns anos, criaram uma lei em que o condenado poderia ser solto de acordo com seus anos de prisão na ilha. Não é legal termos corpos mortos por aqui, mas quase sempre — Ela me olhou séria — Sempre alguém acaba sendo comido pelas abelhas. Quem dá sorte, pode passar pelo círculo.

— Isso é doentio e bizarro — Meredy estremeceu.

— Bella, você irá nos deixar passar, certo? — Meu coração palpitava cada vez mais forte.

— É uma boa pergunta — Respondeu despreocupada bebericando seu chá.

— Olhe Bella, tem uma guerra acontecendo em Griffo. Pessoas morrem o tempo todo, e temos que tirar as fadas daquele território. Sua mãe...

— Cris? Ela não é minha mãe — Interrompeu. — Ela me deixou morrer, assim como Berry. Ela viu tudo, ela poderia ter me ajudado, mas preferiu rir de minha situação. Sabia que eu tive que cortar minha própria asa? Sabia que eu tive que usá-la como distração para não ter que morrer para um simples goblim??? — Ela alterava a voz a cada pergunta. Parecia querer chorar — Claro que não, você é um dragão, nunca vai saber o que é isso.

— Eu quase morri nessa guerra! Todos acham que estou morta, mas estou aqui! — Olhei profundamente para Bella — Você sabe o quanto Cris sofre por achar que você está morta? Que nós duas estamos? Ela tem certeza que nós estamos. Cris apenas acredita no que lhe foi contado. Precisamos sair daqui! — Segurei em seus ombros.

Bella estava de cabeça abaixada, escondendo o choro. Ela apenas se soltou de mim e se afastou naquele momento. o silêncio pairou na pequena sala. Bella foi em direção a uma pequena gaveta, e nela pegou um frasco. Um líquido amarelo foi misturado com pétalas de rosa e dado a cada uma de nós. Meredy e eu nos olhamos e depois olhamos Bella.

— Para que isso? — Perguntou Meredy.

— Bebam isto e passem pelo círculo de cogumelos. O círculo vai levá-las à superfície desta terra. Provavelmente próximo ao buraco que Titânia caiu. Não percam tempo, já se passou uma semana.

Segurei na mão de Meredy e a puxei para fora. Comemos rápido as pétalas e corremos para próximo do círculo. Bella apareceu logo depois e escorou-se na parede de sua pequena casinha. Dei-lhe um sorriso, agradecida, e a mesma me retribuira com um fraco e forçado. Estava eternamente agradecida àquela fada que me dera a chance de poder consertar as coisas na superfície. Eu ainda tinha que encontrar Max e Henry bem rápido, ou talvez fosse tarde.

Finalmente entramos no círculo e, em um piscar de olhos, estávamos de volta na superfície. Olhei ao redor e pude ver o campo a alguns centímetros daqui. Gritei por Zelena, lembrando que a mesma me ajudaria a invocar o Griffo. Mas tinha algo de errado. Não sentia a presença da bruxa em lugar algum, e isso que aflingia.

— Tânia, tudo bem? — Meredy olhou para mim preocupada.

— Preciso voltar para a casinha na floresta, volte para a água o mais rápido! — Pedi a ela. Talvez ela tenha achado confuso, mas assim o fez. Meredy correu para fora da floresta, enquanto eu adentrava cada vez mais a mata fechada.

Tinha algo de errado, com certeza. Zelena, onde estava aquela mulher? Meu coração palpitou mais forte assim que me encontrei de frente à casa. A porta estava escancarada, as janelas pareciam ter sido bombardeadas e tudo por dentro estava destruído.

***

Notas finais:

Yooo pequenos leitores, o que acharam dessa emocionante descoberta? Muahahaha, não esqueçam de dar aquele votinho e até o próximo capitulo! 🐰💞

O dragão Indomável: A lenda de TitâniaOnde histórias criam vida. Descubra agora