A queda fez com que meu corpo afundasse continuamente. Minha visão estava turva e bolhas se formavam ao meu redor. Senti um choque térmico em meu corpo assim que colidido contra as águas e minha mente parecia girar. Senti uma pontada de náuseas no estômago. Conseguia ver apenas os olhos de Aqua e o que deveriam ser seus braços aproximando-me para si. Um grande alivio veio à tona quando me encontrei na superfície. Estava ofegando tanto que sentia meus pulmões arderem. Olhei para cima da montanha já vendo tudo em chamas e depois voltei os olhos para Aqua, assustada.
— Vamos sair daqui – disse a mesma.
Sem dizer uma palavra, abracei-me ao corpo molhado de Aqua e rapidamente começamos a nos movimentar no mar. Um rugido pôde ser ouvido ao longe: um dragão negro em pleno voo para longe de Griffo. Senti-me de fato bem aliviado, mas sabia que nada estava acabado ainda. Logo me veio em mente Titânia, juntamente a uma enorme onda de desespero e preocupação. Ao mesmo tempo, não fazia ideia alguma do lugar que Aqua estava me levando.
Visão Titânia
A situação parecia cada vez pior a cada momentos. Gritei por Zelena várias vezes esperando por uma resposta, porém nada. Tentei passar pelos escombros dentro da casa, e encontrei a cesta destroçada juntamente com os materiais para a invocação. Infelizmente, o mapa havia sumido e tudo o que me restara era invocar a criatura sozinha. Com toda a coragem que tinha, resolvi enfrentar as dificuldades de invocar na marra aquele Grifo.
Antes de sair, notei algo diferente jogado perto do monte de moveis estilhaçados no chão, um livro cuja a capa estava escrito em élfico antigo. Procurei ao redor do cenário algo que pudesse guardar aquele livro e leva-lo comigo e, felizmente, havia um saco largado no canto do cômodo. Peguei tudo o que parecia útil e corri em direção à pradaria. O vento estava forte o suficiente para invoca-lo. Então comecei:
— Salvum me fac Custos enim iustitiae! – Por fim, o grito de várias ninfas e um trovão no céu surgiu juntamente a um urro de Grifo.
O que parecia um pontinho de nada no céu, virara uma enorme águia-leão majestosa e fantástica. Pela primeira vez estava vendo ao vivo e em cores um Grifo. Em respeito, fiz uma pequena reverência, e o mesmo assim o fez. Aproximei minha mão de sua enorme cabeça e o mesmo aproximou-se para mostrar compaixão, deixando-se acariciar.
— Eu preciso que me ajude a voltar para Griffo! – Exclamei – Dê-me suas forças!
Em resposta, o Grifo se sentou para que eu subisse em suas costas. Era magnífico o encontro de penas e pelo em seu pescoço e no final das asas. Com um impulso, alçamos voo em direção a Griffo. O vento era forte, fazendo com que meus cabelos esvoaçassem descontroladamente. Sem um mapa, ficava difícil saber por onde passávamos, mas por sorte aquele Grifo sabia exatamente o que fazer.
Sobrevoamos o Quattur equitum ad mare, que em latim significa Mar dos Quatro Cavaleiros. Era chamado assim porque no início dos primeiros reinos, quatro cavaleiros disputavam entre si pedaços de terra e, magicamente, na divisão do mar, bem no centro, pode-se ver quatro cores que nunca se misturam formando um losango. A água era tão clarinha que conseguia ver meu reflexo nela.
E finalmente depois de um tempo, estávamos sobrevoando Grifo. Destruída da batalha, algumas criaturas ajudavam os humanos a se reinstalarem e arrumarem seus pertences. Havia fadas curandeiras por todos os lados. Cris estava coordenando tudo e logo lembrei de Bella, a pequena fadinha que agora era uma renegada sem asas. Pousamos, e todos olhavam diretamente para mim e o incrível Grifo, que no mesmo instante já estava alçando voo e indo embora.
— Vejam! É Titânia! – Alguém gritou no meio da multidão e logo todos estavam olhando para mim, tanto felizes quanto decepcionados.
— Você está bem, querida!? – Cris correu até mim, recebendo-me com um forte abraço.
— Estou, mas não sabia das condições de Griffo. Sinto-me tão mal... – Lágrimas começaram a rolar em meu rosto.
Logo a atenção não estava mais voltada para mim e sim para Henry que chegava sendo carregado nos braços de Aqua. "Chamem ajuda para o príncipe!", alguém gritou, e meia dúzia de fadas, onde duas delas eram Berry e Kiary, carregaram-no até uma cabana para curar os feridos. Trocamos olhares, ambos felizes e surpresos pelo reencontro. Tentei correr até ele, mas uma mão familiar me segurou, puxando-me para um abraço.
— Titânia – senti o alívio em sua voz. Era o melhor abraço que já sentira naquele momento. Meu irmão, Gowlard.
Finalmente comecei a chorar, em prantos, por finalmente estar perto de alguém que fazia eu me sentir segura. Depois dos momentos de comoção, todos voltaram aos seus afazeres rapidamente, como se estivessem esperando por algo. Alguns seguidores de Gowlard como Estephan, Selênia, Glow e Draco ainda o acompanhavam. Mika finalmente encontrara seu filho, mas sumiu sem deixar rastros. Alguns dizem que ela migrara para Carmynnia na forma humana para despistar os Caçadores, outros dizem que foram capturados. Glow ainda não havia encontrado sua irmã, mas batalhava para isso. Estephan e Selênia eram grandes dragões curandeiros e juntos cuidavam das tendas com as fadas de Cris.
Depois de muito conversar, pedi para que me deixassem entrar no abrigo de Henry, para finalmente vê-lo. Assim que entrei, a cena lá dentro não era das melhores. Muitas pessoas estavam com sérios ferimentos e crianças choravam com a perda dos familiares na guerra. Andei rapidamente até o encontro de Henry e, para a minha surpresa, Aqua estava dormindo em uma cama ao lado em repouso. Assim que me viu, ele pediu que não fizesse barulho e me aproximasse mais. Fui puxada em outro abraço e um bem forte, diga-se de passagem.
— Estava tão preocupado – falou em um suspiro.
— Algumas semanas atrás nós estaríamos tentando nos matar – brinquei.
— Desculpe-me por Max – sua expressão havia mudado. Estava sério, e eu, de cabeça baixa.
— Eu não sei o que aconteceu... Meredy me contou que as matilhas apareceram, mas Max com estava com ninguém.
— De fato, ele sumiu assim que você foi derrotada – deu uma pausa. – Mudando de assunto, eu preciso contar a você algo que descobri, e isso com certeza é uma descoberta de ouro que não vamos perder.
***
I'm back. Desculpem os erros <3
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O dragão Indomável: A lenda de Titânia
FantasíaVocê acredita em dragões? E em criaturas mágicas? Já pensou que um mundo repleto desses seres mágicos pode estar bem perto de nós? E que um grande conflito de dragões e Caçadores de Asas pode agravar em uma grande guerra de reinos? Em Margiscarpya...