Capítulo 8

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Cheguei ao andar de cima e devo salientar que aquela casa, quer dizer, Mansão, parecia um Museu. Cada canto desconhecido por mim surpreendia-me ainda mais com a beleza dos adornos distribuídos por ali. O corredor era extenso, com alguns vasos e flores encostados às paredes que separavam as portas dos quartos. "Última porta à direita". Ouvi o eco da voz do Sr. Bieber na minha cabeça e foquei-me no fim do corredor. Quando girei a maçaneta e abri a última porta do lado direito do corredor, tive de levantar o meu queixo com a ajuda dos pés.

O quarto era enorme! Era maior que o quarto da Instituição que era partilhado com quase dez pessoas, mas o melhor era que aquele era somente para uma pessoa. Para mim! A cama tinha uma dimensão que nunca vi. Era grande e larga, tinha uma cabeceira também grande para compensar o tamanho do colchão. Vários quadros decoravam as paredes de cor castanha, que faziam um contraste lindíssimo com as colchas douradas e cabeceira bege de cetim brilhante. Um tapete cobria 1/3 do chão em frente à cama, ao lado de uma pequena poltrona também dourada. Havia também um enorme armário perto de uma secretária que carregava um espelho.

Aquela estava a ser a minha vida real?

O quarto parecia ter sido tirado de uma das princesas da Disney. Era tão bem decorado, tão brilhante, tão dourado, tão lindo.

Vi as minhas malas na poltrona dourada ao mesmo tempo em que vi uma porta. Franzi a testa e na maior curiosidade apressei-me em abri-la, soltando o ar extasiado da minha boca, deixando-a totalmente aberta ao ver uma casa-de-banho privativa. Toda ela era branca, mas tal como o quarto, era brilhante e havia alguns detalhes poucos salientes em dourados. Dei por mim a pensar em como Mirella se passaria se entrasse ali.

— Mirella! — Sussurrei para mim mesma, tapando a boca com a ponta de três dedos e saí do quarto.

Paralisei à porta tentando ouvir as vozes do Sr. Bieber no andar de baixo. A conversa parecia já ter mudado e o tom de voz do casal já tinha acalmado. Olhei para todas aquelas portas, na tentativa de ganhar visão raio-x para saber qual deles é que pertencia ao meu chefe. Jaxon e Jazmyn estavam nos seus respectivos quartos, e caso eu entrasse num desses os dois, sei as coisas não iriam correr bem.

Abanei uma das minhas mãos, mexendo os dedos freneticamente e a minha intuição disse para eu ir para o quarto que ficava ao lado do meu. Com extrema confiança de ter acertado, abri a porta e puta que me pariu mal parida!

Tinha entrado no quarto de Jazmyn.

— Mas o que é que você está aqui a fazer? — Girou a cadeira na minha direcção. Ela estava sentada em frente à secretária, a mexer no computador.

— Isto é o teu quarto? — Perguntei sem conseguir conter a minha pergunta. Os móveis eram quase invisíveis devido a quantidade de roupa espalhada pelo quarto. O chão então nem se fala. Era impossível ver o tapete por entre aquelas blusas, sapatos e papéis de revista. — Mais parece uma possilga.

— Veio ao meu quarto chamar-me de porca?

— Eu não te chamei de porca, mas se a carapuça te serviu... — Encolhi os ombros, tento o cuidado de lhe lançar um olhar vitorioso.

— Oiça lá... Só porque é Virgem e Santa pensa que agora pode fazer tudo nesta casa? É uma convidada, não a governanta para andar a bisbilhotar os quartos. — Eu juro que a gargalhada me saiu sem que eu me apercebesse que ela ia sair.

— Quem te disse a ti que eu sou Virgem e Santa? — Eu não queria jogar por aquele lado, mas eu sabia a peça malévola que ela era. Foi ela quem provocou no primeiro momento em que eu meti os pés naquela casa. Foi ela que assinou o pacto de levar sempre comigo.

Irmã TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora