Capítulo 13

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Tirei a última peça de roupa pertencente ao meu pijama e entrei na banheira, onde a água quente já vertia. Fechei os olhos no momento em que a água tórrida embateu com a minha epiderme morna das costas. O banho matinal era tão relaxante, era o meu momento favorito do dia para o fazer. Depois do acontecimento da noite de ontem, parecia que todos os meus músculos tinham virado ferro e não havia melhor do aquele meu momento de higiene calmo e tranquilo para desvigorar todos os meus tecidos musculares.

"O silêncio era a banda sonora principal. Todos os olhares estavam pregados em mim, que estava com o telemóvel em mãos, erguido no ar. Em pequenos e curtos movimentos os olhares passavam para Jazmyn. Dona Natallie tinha os olhos tão abertos, assim como a sua boca. Ela não podia crer que a sua sobrinha tivera acabado de ser considerada uma ladra. Judith tinha as mãos em frente à boca, enquanto Jaxon olhava fixamente para a irmã tentando descobrir pelo seu olhar se aquilo era mesmo verdade. Já o Sr. Bieber, se começou o dia mal, iria terminá-lo péssissamente. Bufava fortemente enquanto despenteava os seus claros cabelos, a sua respiração parecia travar em alguns momentos, como se obrigasse os pulmões a não receberem oxigénio por alguns minutos.

— Eu não acredito nisto. — Sr. Bieber reclamava num sussurro, de olhos pregados no chão, como se no momento tivesse vergonha de encarar a sua irmã. — Irmã Teresa, dê o telemóvel à Jazmyn, por favor. É ela que o deve entregar à Polícia e desculpar-se por o que fez.

Numa provocação discreta, olhei por cima do meu ombro e estiquei o telemóvel na sua direcção. Ela estava dois degraus a cima de mim. Os olhos de Jazmyn não descolavam dos meus. Eles estavam imensamente brilhantes e vermelhos de tanta raiva que continham. Se ela pudesse, ela já me tinha posto a rebolar escadas abaixo e arrancado os cabelos, um por um, por a estar a incriminar por algo que ambas sabemos que ela não fez

Para minha grande surpresa, a criaturinha irritante que reclamava de tudo, não abriu a boca uma única vez. Nem mesmo para desmentir. Agarrou no telemóvel com certa brutidade e desceu a escadas que faltavam, não sem antes me dar um encontrão propositado que eu ignorei ajeitando o meu véu.

— Desculpe. — Falou ao mesmo tempo em que entregou o telemóvel. O polícia que o aceitou, girou-o em mãos e carregou no ecrã, certificando-se que estava tudo em bom estado.

— Ao que parece está bom e a funcionar perfeitamente, mas isso só será confirmado após o queixoso receber o telemóvel. No entanto, não há qualquer motivos para preocupações devido à queixa. — Encarou Jazmyn. — Foi bom da tua parte teres admitido e entregue aquilo que não te pertence. Foste uma mulherzinha, mas espero que saibas que não o deves voltar a repetir.

— Não se preocupe. — Queria aplaudir-lhe a liderança perante aquela farsa.

— Da nossa parte está tudo. — Esticou a mão em direcção ao Sr. Bieber que foi apertada lentamente.  — Tenham uma boa noite.

— Se houver mais algum problema, já sabe onde me encontrar. — O polícia acenou antes da porta ser aberta por Judith e os dois profissionais terem saido.

Jazmyn preparou-se para voltar a subir as escadas, mas foi travada por uma puxão no braço pelo seu irmão mais velho. Judith esquivou-se para a cozinha, pela sua cara era notório que ela não gostava de ver todo este mau ambiente na casa.

— Não penses que te safas assim, sem mais nem menos. — O seu tom de voz era agressivo. — Estou profundamente envergonhado por o que passei agora, mas nada ultrapassa a desilusão que tu me deste. Nem eu, nem os pais te educamos assim. Para além de não teres necessidade alguma de andar roubar os pertences dos outros, a disciplina que tu recebeste nunca te incitou para que fizesses tais coisas!

Irmã TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora