Capítulo 11

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Acompanhei os passos de Ryan e de Sr.Bieber até onde o meu ângulo de visão permitia. Respirei fundo de alívio e recompus-me. Tinha inventado a dor de barriga para me escapar à ida para a Fábrica. Eu sabia que tinha feito merda, mas não sabia lidar diretamente com isso. Uma angústia apoderava-se do meu ventre por o puro e simples facto de ter a noção de que alguém iria pagar pelas culpas, por algo que não fez. Queria poder chegar-me à frente e admitir, mas isso provavelmente faria com que o Sr. Bieber mostrasse o seu desagrado e me mandasse de volta à Instituição, sem dinheiro nenhum em mãos.

E por falar em dinheiro...

Os meus olhos bateram nos 200$ deixados em cima da mesa. Um pequeno sorriso involuntário surgiu, então levantei-me e guardei as notas no bolso frontal do hábito. O elástico do véu apertava-me cada vez mais a testa, obrigando-me a remexe-lo constantemente. Adorava o meu cabelo e ter de o esconder assim, todos os dias, era um sacrifício.

— O Sr. Bieber teve problemas na Fábrica e teve de ir resolvê-los, mas deixou o dinheiro do pagamento comigo. — Expliquei ao empregado que nos servia, após dirigi-me ao balcão e ver o seu olhar confuso em mim.

— São então 47,30$, por favor. — Pediu com um sorriso simpático, após ter tocado em vários botões no ecrã do computador. Tirei uma das notas de 100 dólares deixada por o meu chefe e entreguei-lhe, recebendo o troco momentos depois.

— Posso pedir-lhe uma coisa? — Perguntei.

— Não me vai pedir o meu número de telemóvel, pois não? — Brincou. Era dos atrevidos perante a freira que eu gostava.

— Estarei à sua disposição caso o queira dar.

— Sou casado.

— Não sou ciumenta. — Pisquei o olho, recebendo um pequeno riso, igual ao recebera quando fiz exactamente a mesma coisa quando ele foi servir o meu almoço.

— Mas diga-me então o que quer.

— Deve estar a chegar um táxi para mim dentro de momentos, mas eu tenho uns pequenos assuntos para ir resolver, então queria pedir-lhe que dissesse ao taxista que esperasse por mim.

— E que tipo de assuntos teria uma freira para resolver na avenida de Miami? — Senti o seu tom provocador e o volume da voz a baixar.

— Já reparei que não é muito usual encontrarem freiras por aqui.

— Existe um espaço religioso no fundo da avenida, e apesar de ser de freiras elas recusam-se a vir até esta zona da cidade. Então sim, não é usual encontrar freiras por aqui.

— Isso seria um ponto bom ou mau?

— Tendo em conta que você ainda é jovem e não é nada feia, é um ponto muito bom.

— Cuidado com as palavras, rapaz. Falar dessa maneira para uma freira é pecado. — Puxei o meu lábio inferior com pujança, deixando a minha língua deslizar em seguida por o meio dos meus lábios.

— E o que é que eu teria de fazer para pagar por esse pecado? — Aproximei-me ainda mais do balcão, colocando um cotovelo sobre o mesmo, levando o dedo indicador à boca vagarosamente, chupando-o. Ele estava-se a esquecer de que era casado.

— Outro pecado. — Rodei a ponta da língua na ponta do dedo. A sua garganta mexia várias vezes, deixando bem claro que ele engolia em seco e estava tenso.

— Tem a certeza que assumiu os seus compromissos de castidade?

— A única coisa que tenho certeza é que você está louquinho para pendurar dois chifres na testa da sua mulher. — Arranhei levemente o meu pescoço com as minhas pequenas unhas. Os seus olhos estavam colados em todos os meus movimentos, parecia que ia voar para cima de mim a qualquer momento. Sorri. — E o pior... — Sussurrei, curvando-me sobre o vidro do balcão, encostando a boca ao seu ouvido. — Com uma freira.

Irmã TeresaOnde histórias criam vida. Descubra agora