Capítulo 5

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No dia seguinte, me dediquei ao quadro o dia inteiro. Enquanto o fazia, pensei em conhecê-la mais a fundo para lhe contar sobre a pintura. Imaginei o motivo pelo qual ela só poder sair de casa à noite, fiquei pensando se a mãe dela era tão rígida ao ponto de confinar a garota dentro de casa. Notei no meio da tarde um caminhão de entregas do supermercado encostando ao portão da casa da família Horizon, um homem velho atendeu o homem com as caixas de comida, o entregador entregou as caixas ao homem e foi embora. E nada da Camila.

Apenas esperei ansiosamente até que ela aparecesse no telhado, mas isso não aconteceu. Fiquei desapontada, mas não sabia o porquê, vieram vários pensamentos na minha cabeça, sensações ruins. Será que eu espantei ela? Será que os pais não gostavam que ela se relacionasse com pessoas? Será que eu causei algum mal a ela?

Algumas horas se passaram e eu resolvi ir até o telhado da casa Horizon. A Camila estava sentada numa cadeira de sol no fundo do quintal. Ela me avista e sobe até onde eu estou.

- Lauren o que faz aqui? – Pergunta ela.

- Eu vim te visitar, você não apareceu no telhado eu fiquei preocupada que algo tivesse acontecido a você... – Digo sentindo meu estômago formigar

- Escuta Lauren, eu acho mais saudável que você não apareça mais por aqui... Não quero causar sofrimento para mais uma pessoa. Ainda mais uma jovem interessante que nem você... – Diz ela com um olhar triste. Aquilo foi como dar socos na boca do estômago.

- São os seus pais? Eles que não gostam que você saia ou fale com as pessoas? – Perguntei. Não sei até hoje o motivo de eu ter quisto chorar naquele momento. – Poxa vida, você deve ter uns quinze anos, vai... Eu sei quando as pessoas querem me evitar por não gostarem de mim, mas eu percebo que você apenas está com medo de conhecer pessoas novas. Me deixe ser sua amiga, seus pais não tem que saber...

- É mais complicado que isso, mas você tem razão, eu preciso me libertar... – Diz ela pensativa.

- Deixe-me te ajudar com isso... Por favor? – Digo

- Eu só lhe digo uma coisa... Eu te avisei... – Responde Camila. Eu não tinha ideia do que ela queria dizer com aquilo, mas fiquei focada em apenas ajudá-la.

Nós saímos do telhado e fomos andando em direção à floresta que fica do outro lado da mureta da minha casa. Sua pele branca reluzia a luz da lua, seu vestido e cabelos esvoaçavam ao vento de verão. Incrível que onde ela está a paisagem fica mais bonita, mais poética, melancólica.

- Aqui não é perigoso? – Pergunto a ela quando chegamos a uma clareira

- Não se não nos virem... – Diz ela sorrindo.

- O que mais gosta de fazer?

- Cantar e observar a lua... O brilho dela me fascina desde muito tempo... – Responde ela. – E você?

- Eu amo pintar, a arte é minha paixão – Digo me sentando num toco de madeira

- Eu adoraria ver um quadro seu, se não se importar... – Diz ela. Eu sorri timidamente.

- Estou finalizando uma obra, assim que eu termina-la, eu te mostro. O que acha?

- Ficarei lisonjeada. – Responde Camila. Incrível como eu tive facilidade em me dar bem com ela, é como se nos conhecêssemos desde sempre.

Ficamos conversando por horas a fio, várias coisas. Descobri que ela gostava de musica clássica, em especial Tchaikovsky e Bach e que tocava piano muito bem. Estava quase amanhecendo quando ela interrompe a conversa sobre batata frita com milk-shake ser uma combinação incrível com:

- Eu tenho que ir... – Diz ela indo na frente. Sigo o caminho de volta e não a vejo mais. Chego em casa já era de manhã. Apenas da tempo de eu tirar minhas roupas e cair na cama.

Os segredos do além do Horizonte (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora