Interrompo o beijo e digo:
- Desculpa Paul, mas não dá!
- Avancei rápido demais? – Pergunta ele.
- Não é isso... Posso te fazer uma pergunta? Mas promete que não vai achar que eu estou louca?
- Tudo bem...
- Na festa, você viu a pessoa que eu disse que levaria? Seja franco comigo... – Falo séria para ele
- Sem querer te ofender, mas eu achei que você estava chapada, conversando e rindo sozinha... Mas tudo bem, a medica me explicou que é normal ter alucinações, faz parte dos sintomas dessa doença. – Diz ele segurando minhas mãos.
- Então você não a viu... – Digo sem entender nada
- Foi só uma alucinação, você vai melhorar agora... Vai ficar tudo bem – Diz ele de uma forma gentil e suave. Eu comecei a suar frio e meu coração acelerou e o meu corpo começou a tremer. Eu apenas sentia a necessidade de ficar sozinha para poder organizar meus pensamentos. Paul olha para o monitor que mede minha frequência cardíaca e minha oxigenação e pergunta: - Precisa que eu chame uma enfermeira?
- Sim, por favor... – Digo sabendo que ele iria chamar de qualquer jeito. Ele corre até o lado de fora e volta em segundos com a Dra. Cameron.
- O taquicardia começou agora? – Perguntou ela. Aceno que sim com a cabeça. – Eu vou buscar o Diazepam, mas irei ministrar uma quantidade menor que a do ultimo ataque...
- Tudo bem – Digo. Minha mãe entra no quarto para ver o que estava acontecendo.
- Eu acho melhor eu ir, a gente se ver quando sair do hospital Lauren... – Diz Paul. Ele me da um beijo na bochecha e sai.
- Ela teve outro ataque Dra? – Pergunta minha mãe preocupada assim que a dra aparece com uma ampola na mão. A doutora seca o meu suor com uma toalhinha e mede minha temperatura.
- Não, está sem febre, apenas uma reação ao antibiótico, deve ter causado uma crise de ansiedade. – Diz ela aplicando o calmante na minha veia. Quase que imediato eu sinto meu corpo relaxar os músculos e minha frequência cardíaca diminuir. – Agora você precisa descansar tudo bem?
- Okay... – Digo fechando meus olhos
- Eu vou para a sala de TV para que descanse melhor... – Diz minha mãe e ela e a Dra. Cameron saem me deixando sozinha com meus pensamentos.
Eu durmo e logo começo a sonhar com uma praia, onde eu e a Camila estávamos sentadas envolta de uma fogueira conversando e rindo de alguma coisa, assando marshmallows e cantando. Logo ela se levanta e pega minha mão e vai guiando até um caminho da praia que eu não conheço, passamos pela clareira da floresta perto do riacho, logo a frente tinha uma casa. Eu nunca havia visto aquela casa antes. Ela me guiou para dentro dessa casa e disse:
- Foi bem aqui...
- Foi bem aqui o que? Eu não estou entendendo... – Digo assustada.
Ela se afasta um pouco de mim e vai para um canto que não estava iluminado e de lá eu vejo cintilarem como rubis. Olhos vermelhos vivos e mãos negras puxando a Camila para dentro da escuridão, ela grita e eu acordo assustada. Olho para o pé da minha cama e lá estava a Camila em prantos. Olho para os lados e não vejo mais ninguém.
- O que está acontecendo? Por favor me explique! – Digo.
- Eu te disse que não era para que fôssemos amigas e que esse interesse pelas pessoas poderia te machucar... – Diz ela em meio a soluços.
- Eu não estou entendendo. Como posso te ajudar sem saber?
- Eu quando tinha quatorze anos, próximo a fazer quinze uma bruxa separou a alma de meu corpo. Meu corpo não sofre nada por conta do tempo e minha alma vaga pela eternidade sem encontrar paz. Meus pais desolados, disseram que eu havia morrido de tuberculose. Na época estava matando muita gente e o governo obrigava que construíssem grandes muros envolta das casas de quarentena. Eles não quiseram se desfazer do muro ao longo dos anos... Fiquei vinte e cinco anos assistindo os meus pais e amigos sofrerem sem poder fazer nada. Nenhum deles me via e até que chegou você, eu não sei o porquê você conseguir me ver... – Diz ela
- Mas eu sinto você... Quando dançamos, comemos... – Pergunto sem entender
- Eu posso moldar algumas realidades aparentemente, mas eu não sei por qual motivo você é a única a me ver... – Diz ela
- Porque a bruxa fez isso com você? – Pergunto
- Vingança pela minha mãe ter deixado vazar que havia uma construção irregular na floresta. O governo demoliu a casa da senhora e ela se vingou fazendo nossa família sofrer. – Diz ela enxugando as lágrimas.
- E tem um jeito de reverter? – Pergunto me sentando na maca
- Um beijo apaixonado livraria minha alma... Parece conto de fadas, mas é bem real. – Ela fala, faz uma pausa e fala: - Eu estou apaixonada por você Lauren e sei que está por mim, mas se me beijar eu posso não voltar nunca mais...
As palavras que saíram da boca dela doeram mais do que qualquer ferida que eu já sofri, porque não cortaram minha carne, mas sim minha alma. Eu respiro fundo e decidida, eu retiro todos os eletrodos e soros que estavam me deixando presa, desligo a maquina de monitoramento antes que ela apitasse, peguei o meu celular e saio pela janela do segundo andar.
- O que vai fazer? – Pergunta Camila.
Apenas sigo com todo o cuidado até a escada de emergência e desço. Todo cuidado para não ser vista por ninguém e vou andando em direção a casa dela. Entrei na casa que estava vazia e subi para o telhado para termos acesso ao telhado da casa dela. Fiz o mesmo processo de sempre, passei pelo sótão até chegar ao porão para onde o corpo estava. O caixão de vidro estava selado, então peguei uma chave inglesa e quando eu ia acertar ela no vidro para quebrar, Camila segura o meu braço e pergunta:
- Você sabe que se fizer o que está pensando, eu vou embora para sempre... Está disposta a isso?
- Eu nunca saberia o que seria liberdade se eu não tivesse ultrapassado, literalmente, a linha do horizonte. Eu não saberia o que seria amor se eu não tivesse sido curiosa e não tivesse conhecido você. Eu te eternizei no meu quadro, te eternizei no meu coração. Eu te amo o bastante para poder abrir mão de falar com você todos os dias, para ver você livre... – Quando digo isso percebo que meu rosto está molhado – Adeus Camila Horizon, foi um prazer amar você...
- Obrigada... Nunca me senti tão viva com você. O prazer foi todo meu em ter amado você, mesmo do além do horizonte. – Disse ela chorando.
Eu quebro o vidro e puxo o corpo para o meu colo e a beijo, noto que seu espírito encosta os dedos nos lábios e vai sumindo aos poucos até que eu não consiga ver mais nada. Por mais que eu saiba que havia feito a coisa certa, o peso que estava em meu peito, parecia que era uma tonelada de ferro em cima dele. Eu não estava conseguindo respirar e estava apenas com uma vontade imensa de chorar.
- Eu te amo... – Sussurro mais uma vez.
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Os segredos do além do Horizonte (Camren)
FanfictionVou lhes contar uma historia de como eu Lauren Michelle Jauregui Morgado, 15 anos, amante da arte e uma exímia pintora, conheci os segredos do além do horizonte. Falando assim nem parece interessante ou algo que valha a pena ser lido, mas confiem no...