Sento-me com o corpo de Camila no colo, apoio minha cabeça em seu peito e começo a chorar. Se passa mais ou menos um minuto e eu ouço o seu coração pulsar, seguido de um longo suspiro. Quando eu levanto meu rosto, não pude conter um sorriso, parecia surreal, mas ela estava ali me encarando, com aquela mesma expressão fofa de "não entendi" que ela quase sempre fazia. Eu a abracei forte e disse:
- Estou muito feliz por você não ter me abandonado!
- Onde eu estou? E quem é você? – Pergunta ela saindo dos meus braços. Sinto como se tivessem soltado um peso em cima do meu corpo.
- Camila, sou eu a Lauren... Você está na sua casa. Não se lembra do que você me contou há alguns minutos no hospital? – Pergunto
- Sinto muito, mas não... A única coisa em que me lembro foi de ter visto olhos grandes e negros dentro da casa na floresta e depois tudo ficou escuro... – Diz ela – Cadê a minha mãe?
- No hospital, eu te levo até lá, pois tenho que voltar também. – Digo ignorando o peso que parece cada vez mais esmagar meu corpo.
Durante o caminho recebo várias ligações da minha mãe que estava desesperada atrás de mim e também furiosa. Quando chegamos eu pedi informações de onde estava a mãe da Camila e imediatamente médicos vieram me colocar numa cadeira de rodas e me levarem até o meu quarto, eu relutava, pois queria ver a reação da mãe dela ao ver sua filha viva. Apenas deu tempo d'eu fitar o seu rosto e notar que ela disse "obrigada" bem baixinho.
Quando enfim cheguei ao meu quarto, a minha mãe e a Dra. Cameron estavam me esperando, a expressão de ambas era claramente de desaprovação ao que eu fiz. Trocaram minha roupa e me prenderam na cama do hospital, como se eu fosse uma detenta ou coisa parecida.
- O que pensa que estava fazendo mocinha? – Começa minha mãe claramente nervosa
- Mãe, eu provavelmente não vou te convencer se eu der qualquer explicação, porém estou feliz por ter sido determinada. – Digo respirando fundo
- Seja lá o que você foi fazer, pôs sua saúde em risco, não acho que em tão pouco tempo possa ter feito algo que valha a sua vida – Diz minha mãe, ela não fazia ideia de que valeria qualquer risco, não importava se valeria ou não a minha vida, eu tinha que fazer alguma coisa. Então sim, vali a minha vida.
- Eu concordo com a sua mãe. Só porque a doença está controlada, não quer dizer que ela tenha sumido do seu organismo. Ainda mais quando se está com a imunidade tão baixa. – Diz a Dra. Cameron retirando mais uns tubos de sangue – Esses exames irão determinar se recebe mesmo alta amanhã...
- Desculpem – Digo apenas para evitar mais tumulto. Eu não me importava se ficaria ali por mais um mês, eu estava aliviada por eu ter conseguido ajudar uma pessoa que eu amava, mesmo ela não se lembrando de mim.
Mais dois dias se passam naquele lugar e finalmente pude ir para casa. Passei no mercado com a minha mãe, cumprimentei Irene e Paul no caminho. Por incrível que pareça minha mãe me deixou levar uma torta de maçã de sobremesa e seguimos para casa. Chegamos quase junto com a família Horizon, eles estavam entrando no portão. Pude ver que a senhora estava bem elegante e sorria de forma doce para a Camila, enquanto o pai estava segurando, com certa dificuldade, uma caixa.
- É a primeira vez que vejo essas pessoas, será que se mudaram recentemente? – Pergunta minha mãe
- Não, eles sempre estiveram ai... – Digo sorrindo de forma leve ao notar que Camila estava balançando bobamente a saia de seu vestido branco.
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Os segredos do além do Horizonte (Camren)
FanfictionVou lhes contar uma historia de como eu Lauren Michelle Jauregui Morgado, 15 anos, amante da arte e uma exímia pintora, conheci os segredos do além do horizonte. Falando assim nem parece interessante ou algo que valha a pena ser lido, mas confiem no...