Capítulo 6

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Dormi praticamente a tarde toda. Minha mãe achou até que eu estava doente. Acordei praticamente no final da tarde, tomei banho e desci para comer. Achei que levar batatas fritas com milkshake para minha nova amiga podia ser uma ótima ideia para me socializar mais com ela, fora que todo mundo gosta de ganhar presentes ainda mais se for comida.

Fui até o restaurante próximo a uma pequena livraria que também é um sebo, pedi a maior porção de batatas fritas com queijo e bacon e peguei dois milkshakes grandes de Nutella e umas bolinhas de chicletes para fechar o lanche com chave de ouro. Passei na livraria por curiosidade, mas acabei saindo de lá com um livro chamado O Alquimista, lá se foi minha mesada...

- Nossa moça está mesmo com fome hein!? - Aparece Paul segurando uma caixa de ferramentas e todo sujo de graxa.

- Por mais que eu aguente a comer tudo isso tranquilamente, não é tudo pra mim, vou encontrar uma amiga agora. - Digo sorrindo

- Aw... Então já tem amigas por aqui? Por que não fala com essa "amiga" que batata frita engorda e faz ter um ataque do coração? - Diz ele num tom de brincadeira e rindo

- Morrer de tanto comer fritas, me parece muito melhor do que morrer esmagado por um carro cujo estepe foi mal colocado - Debocho rindo

- Você tem um ponto ahahah - Diz ele com a mão no queixo - Mas falando sério, porque não chama ela para a festa na sexta para você não ir sozinha?

- Eu vou ver... - Respondo. Eu não queria ser chata nem nada com o garoto que estava sendo muito gentil em me convidar para sair, mas eu sei que provavelmente eu não irei, eu não gosto muito dessas coisas. Nos despedimos e eu voltei correndo para casa porque os milk-shakes estavam derretendo e as batatas esfriando. Corri até o meu quarto para poder espiar a presença da Camila e como eu já havia esperado, lá está ela admirando a lua que hoje era inexistente.

- Eu não gosto de dias de lua nova... - Diz ela ainda olhando para o céu. eu tentei fazer o mínimo de barulho possível para ela não me notar, mas parece que estraguei minha surpresa - Estava esperando você...

- Sou tão barulhenta assim? – Pergunto me sentando ao seu lado

- Você é meio desastrada, deu para ouvir você escorregando no telhado anterior – Diz ela me encarando e sorrindo. Meu estômago ronca. – E agora da para ouvir que você está com fome haha

- Trouxe a combinação perfeita para a gente! Milk-shake com batata frita com queijo e bacon! – Digo colocando uma toalha pequena no telhado

- Vamos para a floresta, se não meus pais vão nos ouvir – Diz ela me ajudando a me levantar. Sua pele era fria, então pensei que ela estaria com frio.

- Está com frio? – Pergunto procurando outra toalha na mochila

- Sim... – Responde. Pego a toalha que encontrei, era uma vermelha escura grande. E fomos andando para a floresta.

- Segure a cesta rapidinho... – Digo

- Pra quê? – Pergunta ela sem entender.

- Bem, se der certo e ficar legal, vira uma próxima pintura minha – Digo entregando a sexta para ela, ajeito a toalha para que ela ficasse parecendo um capuz. Paro em sua frente, estendo a palma das mãos para focar apenas na Camila – Agora sim, você está parecendo a chapeuzinho vermelho ehehehe

- Já lhe disse que você é uma boba? – Diz ela rindo

- Boba não... Criativa! – Digo rindo e a seguindo para o local.

Nos ajeitamos numa parte da floresta que era perto de um pequeno riacho. Arrumei todas as coisas na toalha e nos sentamos para comer.

- As batatas estão um pouco frias e o milk-shake derreteu... – Digo arrumando os molhos

- Não esquenta com isso... Você é muito atenciosa – Diz ela e eu sorrio, provavelmente vermelha.

Finalmente eu matei quem me matava. Camila não aguentou tomar o milk-shake todo dela, então eu tomei o resto sem maiores dificuldades. Ela iniciou uma conversa sobre ter ido à praia uma vez quando era pequena e que tomou um belo caldo do mar. Eu falei que aconteceu o mesmo comigo quando eu também era mais nova e que havia perdido o sutiã. Ficamos rindo e jogando o resto das batatas frias uma na outra e depois tornamos a conversar sobra apelidos constrangedores. E eu falei do meu.

- Eu acho Lolo muito fofo... – Diz ela se limpando e se deitando na toalha.

- Eu acho ridículo – Digo me juntando

- Vou te chamar de Lolo – Diz Camila olhando as mãos e depois me olhando com uma cara de danada

- Então vou te chamar de Pudinzinha – Retruco e ela ri e ela também ri – Então Pudinzinha... Qual sua idade?

- Tenho quatorze anos – Responde

- Sou mais velha, tenho quinze – Falo – Você mora naquela casa há muito tempo?

- Mais tempo do que eu gostaria... – Responde ela apática

- Por que seus pais são daquele jeito? – Pergunto

- Não gosto de falar sobre isso... – Claro que ela responderia isso. Sou muito curiosa e as vezes inconveniente.

- Desculpe, não é da minha conta.

- Está tudo bem. Acho super legal esse interesse todo pelas pessoas. Mas toma cuidado, pois um dia isso vai te machucar. – Diz ela

- Obrigada. – Digo. Tinha algo tão fascinante naquela garota, que todas as vezes que ela falava ou eu chegava perto, meu corpo inteirinho ficava dormente e parecia que não existia mais nada além da gente. – Amanhã um conhecido meu vai dar uma festa numa casa aqui na cidade a noite, ele falou que se tu topasse, podia ir comigo...

- Eu não posso... – Diz ela. Imaginei que essa seria a resposta.

- São seus pais? Porque se for, eles nem vão ficar sabendo, eu juro.

- Não é isso, é mais complicado do que você imagina... Eu tenho medo. – Diz ela me encarando seria.

- Não precisa ter medo Pudinzinha, você vai estar comigo. Se você não se arriscar, não vai ser livre nunca e nem vai viver direito. Minha mãe também nem pode saber que eu vou à essa festa, se não ela surta. – Digo. Ela ficou um tempo em silencio.

- Você tem razão... Eu irei à festa amanhã – Diz ela. Confesso que fiquei surpresa.

- Yaay! – Comemoro abraçando ela.

Os segredos do além do Horizonte (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora