O Magnata. Part 4

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Não foi como um balde de água fria como muitos dizem, foi como se jogassem todo gelo do mundo na jovem. No mesmo instante em que ele ouviu aquela voz fina e sedutora Kal-El quase que derrubou Lois no chão.

—você? –titubeou.

—Não, a Mulher Maravilha. Claro que sou eu Clark! –Disse a jovem de traços excêntricos e orientais.

—Ótimo, se me der licença eu vou ao Toalete jogar minha bile fora. –Argumentou Lois e saiu depressa. Não sabia o que estava acontecendo, sentia um sabor amargo na boca e de repente uma vontade louca de sumir brotou.

Ela vestiu uma roupa azul de funcionários do Hospital e não voltou ao quarto. Um porre. Uns cigarros eram tudo o que precisava. Ela já nem sabia por que reagia daquela forma. Saiu sorrateira daquele lugar cheirando a medicamentos e desinfetante barato. Não saiu pela frente por causa de Chloe, Martha e Jonathan Kent, conseguiu acesso à saída de emergência. Estava com coração calejado de ser achacado e isso não a impedia de ainda sentir aquela dor impreterível, inigualável e aparentemente interminável.

FORA DO HOSPITAL

—Perspicaz e corajosa como a aspirante a jornalista.

—Quem é você? Graf Orlock? Mestre Kame? –Retorquiu ferina. Não estava com humor para tolerar esses caipiras de Pequenópolis.

—Como diz Sun tzu, "a vitória está reservada para aqueles que estão dispostos a pagar o preço", senhorita Lane.

A universitária entendeu e queria tanto socar àquele homem de terno e gravata quanto a si mesma por ter ido parar naquela maldita cidade.

—O General?! –Pensou, mas falou alto sem querer. Era óbvio que até no fim do mundo ele tinha seus contatos.

—Podemos chegar a um consenso, você volta por conta própria ou Sam Lane terá que fazer uma viagem. –Articulou. Estava cercando sua presa, porém deixando uma saída para ela, por fim aqueles dias lendo "A Arte Da Guerra" estavam lhe servindo de algo.

—O que faz você pensar que vou ceder as suas chantagens? É melhor sair da minha frente já que o meu soco de esquerda ainda está bom. –Ameaçou.

—Sou um homem e não um dos moleques com quem você costumava brigar na universidade, Lois. É intrigante e arisco esse seu jeito, mas fascinante. –Nesse instante ela arregalou os olhos e boquiaberta ficou pensando no quão informado aquele homem estava a seu respeito.

—Espera, foi você. Você é o... –É interrompida.

—Lex Luthor, o magnata impetuoso de uma sociedade certinha e honesta. –Ironiza com as mãos nos bolsos e um sorriso fechado esboçado no rosto.

—Os aguerridos se acham no direito de se sentirem melhores que os outros e maiores que o infinito. –Retorquiu Lane rolando os olhos e bufando de ódio daquele intruso metido à besta.

—Não há mal algum em ser ambicioso quando se tem caráter o suficiente para saber o que se quer, Lois Lane. –Contestou com sapiência.

—Não sei como o travesseiro te aguenta, aliás, se a cama tivesse vida própria certamente sairia correndo da sua humilde residência, Luthor.

—Assim como a do seu benquisto pai. –Afirma ardiloso.

—O bom caráter do meu pai será carregado até o túmulo, quanto ao seu já não tenho tanta certeza. –Protestou encolerizada.

Alguns passavam e olhavam confundindo Lois com uma enfermeira, outros prestavam atenção naquele casal conversando no corredor, seria o novo affair do bilionário? Por que a moça era tão invasiva com ele? Mas alguém estava analisando aquela cena, bem mais do que queria, bem mais do que precisava.

—Cuidado com os santos de barro, eles costumam quebrar antes mesmo que você perceba Lois. Já esqueceu o que me fez vir aqui?

Não há mais o que ouvir ou esperar, como todo Lane, ela age por impulso e explodindo de ira acaba esbofeteando Alexander diante de uma notória plateia que fica embasbacada com a cena. Ele recebe a bofetada passivo, mas é nesse momento em que inesperadamente alguém entra em ação.

—O que fez a ela? Lois você está bem? –Pronunciou Clark trazendo-a para perto de si.

—O que está fazendo aqui, smallville? –Contrapôs.

—Não se preocupe amigo, a senhorita Lane precisa voltar para casa e eu irei ajudá-la. –Respondeu retirando a mão da face avermelhada.

—Lois era para você estar no quarto! –Brigou uma moça loira, baixinha e de cabelos curtos.

—Ah, qual é, Chloe? Você sabe que detesto hospital e isso aqui não passou de um arranhão. –Se defendeu saindo do clima tenso. Além disso, o General já me encontrou. Tenho que voltar! –Falou essa última informação denotando certo desagrado.

—Mas você mal chegou?! –Articulou Sullivan triste.

—Como assim "voltar"? –Indagou C.K confuso.

—Do verbo transitivo indireto e intransitivo

vir ou ir (de um ponto ou local) para (o ponto ou local de onde partira ou no qual antes estivera); regressar, retornar, Clark Kent. –Explanou com certo divertimento.

—Não seja tão dura com ele, Lois. –Exorou Chloe.

—Estarei esperando em minha casa, senhorita Lane. –Avisou Luthor, antes de sair dali.

—Eu mesmo me certificarei de que ela não comparecerá Lex. O meu tio terá de reconsiderar a estadia da minha prima em Pequenópolis. –Afirmou Chloe para felicidade de Lane.

—Se for acender o fósforo, deve se preparar para lidar com as chamas, Sullivan. –Saiu depois de dirigir um olhar estranho para a filha do General.

Os jovens acabaram cedendo e retornaram com Lois para a Fazenda Kent. Lá ela foi bem recebida por Martha e Jonathan, ficou insistindo em ficar no celeiro por certo tempo, mas o casal Kent não permitiu e a acomodou no quarto de Clark que apesar de não curtir a ideia preferiu isso a se afastar daquela jovem que o fazia rir espontaneamente.

Já passava das duas da tarde quando Lois levantou da cama com um barulho estranho na parte de baixo da casa. Ela desceu as escadas na pontinha do pé, cautelosa reconheceu aquelas vozes: Lana Lang e Clark Kent. Eles estavam discutindo a relação.

Sem pensar duas vezes ela desce e aparece bocejando, fazendo com que a mestiça se acanhe e saia com um sorriso fingido no rosto. Lá no fundo a sua vontade era morrer de rir, mas não podia dar essa ousadia ao "diabinho" no seu ombro esquerdo.

O kryptoniano estava com um péssimo humor e para completar seus pais haviam saído para fazer compras. Começou a lavar a louça e sem dizer sequer uma palavra foi mexer em um trator no celeiro.
Lois passou a provocá-lo para ver se ele desabafava, mas não adiantou. Vestida naquela blusa de flanela, com o cabelo naturalmente bagunçado e solto ela foi até o celeiro...

A Fuga De Lois LaneOnde histórias criam vida. Descubra agora