Capítulo 6 - Rosa Vermelha

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    Os homens logo esqueceram o evento passado naquela tarde e a comitiva prosseguiu em sua viagem até as bordas do país. Por quatro dias Lucy sentiu a dor remanescente do soco que levara. Nem mesmo seu pai havia lhe tocado com violência na vida. Mas lorde Knox era inocente, não sabia que havia batido numa mulher.

 E por falar em Jacob, todas as manhãs e tardes em que não estavam cavalgando o comandante procurava por ela. Lições de aparada, defesa, ataque e esquiva eram repetidos exaustivamente até que ela não tivesse mais força pra continuar.

 Por um lado era bom. Lucy sentia que deveria aperfeiçoar suas habilidades como espadachim, mas por outro...estava sempre dolorida e cansada!

 Havia sido prometido que acampariam aos arredores de uma vila média mais a frente. A perspetiva era muito boa, já que as duas últimas noites haviam sido gastas debaixo de um intenso sereno que tornara as barracas úmidas e frias.

 Lucy cavalgava na retaguarda, junto a Gilbert e outros recrutas de menor importância, quando perceberam que a comitiva parara.

- O que está acontecendo, Christopher? - o amigo perguntou, a montaria já inquieta.

- Não sei. O atoleiro deve estar profundo e dificultando a passagem. - ela respondeu.

- Porque você não pergunta ao sargento, Galahad? - um dos outros homens perguntou, com deboche - Vocês parecem ter ficado bem íntimos ultimamente...

 Lucy olhou para o homem de soslaio.

- O que foi, Hebert? Está com ciúmes? Queria estar no meu lugar? - ela devolveu, no mesmo tom - Quem sabe se uma forma ainda mais "íntima"?

 O homem grunhiu como um animal furioso e preparou-se para voar sobre ela, quando barulhos de cascos foram ouvidos vindo da frente.

 Knox vinha da dianteira, parando ao lado do pequeno juntamento.

- Com as chuvas que assolaram esta área nos últimos dias o rio acabou ficando muito caudaloso e arrastou a ponte. Existe um caminho pela ribanceira, mas é muito estreito e irregular para que toda a comitiva atravesse. Os homens darão a volta pelo rio. Galahad, você vem comigo pelo caminho. Entraremos primeiro na vila e asseguraremos que todos estarão preparados para a brigar e suprir a todos.

 Lucy assentiu, surpresa. Hebert, o homem que fizera pouco de sua intimidade com o líder agora pouco mandava beijinhos debochados a ela, que fingiu ignorar. Assentiu para a direção de Gilbert, que devolveu o cumprimento e partiu no encalço de Jacob.

 Mais a frente uma ravina se abria, com um rio exaltado quase transbordando no meio e restos de cordas e madeira nas duas bordas.

- Desceremos pela esquerda, Galahad. Há uma pequena ponte usada para que mulas de carga e vendedores de remédio atravessem mesmo quando há uma enchente, para levar suprimentos aos ilhados. Passaremos por lá e se cavalgarmos intensamente conseguiremos chegar na vila antes que escureça. Os homens só conseguirão chegar lá amanhã na hora do almoço, com sorte.

 Lucy fez sinal de positivo e seguiu seu comandante, descendo um caminho íngreme e estreito, ladeado por pedras soltas até a borda do rio bem mais abaixo, onde uma estreita ponte de corda balançava perigosamente. Ambos desceram de seus animais e conduziram-nos pelas rédeas. Passado o momento de pressão, quando ambos já estavam seguindo o caminho Lucy finalmente abriu a boca.

- Senhor, me responda uma coisa: Porque me escolheu?

- Está é uma pergunta que tem uma resposta complexa, Galahad. Você é ou já foi casado alguma vez?

 Ela balançou a cabeça negativamente.

- Foi o que eu pensei, ainda é tão jovem...Pois eu já fui e a amei demais...Um surto de tifo a levou de mim, de nós...Ficamos eu e nosso filho aqui, sentindo saudades. Um filho que sente minha falta e cresce a cada instante sem que eu veja suas conquistas.

A Donzela de Ferro(Concluído - SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora