A Donzela de Ferro(Concluído - SEM REVISÃO)

Capítulo 11 - Brava Menina

Jacob abriu os olhos com dificuldade e olhou para cima. A ravina tinha metros de altura, as paredes limosas impossibilitavam a escalada. recapitulou o ocorrido.

Ele e Christopher desabaram junto com muita terra, caíram num rio violento que os jogava de um lado para o outro. O peso da armadura quase o matara afogado. Teve sorte de ser arremessado contra uma grande pedra porosa. Conseguiu agarrar por pouco o braço de Galahad, que vinha boiando atrás dele, inconsciente. Galahad!

O rapaz estava jogado na margem. A flecha ainda estava fincada em seu ombro esquerdo, o sangue minava do ferimento. Abriu a fivela do ombro da cota de couro e rasgou a manga da blusa, verificando se a ponta da flecha era em seta ou não. Isso determinaria como o objeto seria retirado. Respirou aliviado ao constatar que era uma flecha de ponta reta.

Removeu a cota com cuidado, atirando-a para o lado. Apanhou no cinto do garoto as provisões de primeiros socorros. Tudo estava encharcado, mas ainda serviria para o ferimento em questão. Amassou o conjunto de ervas que evitariam a infecção, preparou as bandagens e voltou-se para rasgar o resto da camisa, mas foi impedido por Christopher, que agarrou sua mão sofregamente.

- ...Não... - ele gemeu.

- Acalme-se rapaz! Preciso cuidar do seu ferimento. Não atingiu nenhum ponto vital, mas se não estancarmos este sangramento você pode morrer.

- Deixe-me...deixe-me aqui... - ela teimou mais uma vez, antes de perder os sentidos mais uma vez.

- Que moleque teimoso! - Jacob retrucou.

Puxou a gola com força, usando as duas mãos, revelando o ferimento e também o peito estreito, mas algo não estava certo.

Jacob tocou uma das pequenas protuberâncias cobertas por uma bandagem apertada. O mamilo intumesceu-se quase instantaneamente. Retirou a mão com pressa, como se tivesse sido queimado. POR DEUS! Agora podia reparar nos braços finos com pulsos delicados e a cintura que, apesar de levemente definida era delgada e curvilínea.

Fora enganado? Christopher...era UMA MULHER? Como era possível? PORQUE? PARA QUE? Estava a beira de um ataque de nervos, quando finalmente lembrou-se da flecha.

Retirou o objeto, limpando a ferida e empapando-a com unguento, antes de enfaixar o local com bandagens limpas. Em seguida retirou a própria armadura e vestiu em Galahad a camisa que usava por baixo. Ele...ela teria de explicar muitas coisas logo que acordasse!

Durante todo aquele dia a moça misteriosa dormiu. Jacob a levou nos braços para dentro de uma pequena gruta escavada no paredão pela ação do rio. Deu-lhe água na boca e também o sumo de amoras selvagens. A noite assou um pequeno coelho que caçou com a ajuda da faca que achara na bota dela, a única arma que possuíam agora. Jacob não sabe se foi por estar descansada ou pelo aroma da carne assada, mas ela acordou, gemendo de dor.

Lucy olhou para si mesma e depois para Jacob, apavorada. Esticou o braço com dificuldade e procurou a adaga que levava consigo, mas não a encontrou.

- Está procurando por isso? - ele ergueu o objeto - Não precisa ter medo, por enquanto. Não vou lhe fazer nada. Quem é você? Porque tomou a identidade de Christopher, faz ideia do risco em que colocou tanto você mesma quanto toda nossa operação? Sabe a gravidade do que fez e as consequências deste ato inconsequente?

- Chamo-me Lucy Galahad, milorde. Posso explicar perfeitamente por que fiz isso senhor, quero dizer, milorde - mordeu o lábio inferior - Foi tudo muito bem pensado, acredite!

- Vamos, sou todo ouvidos, Lucy. Fale logo!

Lucy foi sincera com Jacob. Contou tudo a ele, todos os motivos que levaram-na àquele lugar.